JOÃO PAULO II AOS JOVENS EM TORINO

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II

AOS JOVENS NA PRAÇA DE SANTA MARIA AUXILIADORA

Domingo, 13 de Abril de 1980

O segundo nome é o de Pier Giorgio Frassati, que é figura mais próxima do nosso tempo (morreu, de facto, em 1925) e que nos mostra ao vivo o que significa verdadeiramente para um jovem leigo dar uma resposta concreta ao “Vem e segue-me”. Basta passar os olhos, mesmo que rapidamente, pela sua vida gasta no espaço de apenas vinte e quatro, anos, para compreender qual foi a resposta que Pier Giorgio soube dar a Jesus Cristo: a resposta de um jovem “moderno”, aberto aos problemas da cultura, do desporto (um valente alpinista), às questões sociais, aos verdadeiros valores da vida e, ao mesmo tempo, de um homem profundamente crente, nutrido pela mensagem evangélica, de carácter solidíssimo, apaixonado em servir os irmãos e ardendo num fogo de caridade que o levava a aproximar, segundo uma ordem de precedência absoluta, os pobres e os doentes.

2. Porquê, falando-vos agora, quis tomar por exemplo estas duas figuras? Porque elas servem para demonstrar, num certo sentido sob dois lados diferentes, aquilo que é essencial para a visão cristã do homem. Um e outro — Don Bosco como verdadeiro educador cristão e Pier Giorgio como verdadeiro jovem cristão — nos indicam que o que mais conta nessa visão é a pessoa e a sua vocação tal como foi estabeleci da por Deus. Vós já sabeis bem que, da minha parte, é frequente esta chamada de atenção para a pessoa, porque se trata verdadeiramente de um dado fundamental de que nunca se poderá prescindir; e, ao dizer pessoa, não pretendo fazer um discurso de um humanismo autónomo e circunscrito à realidade desta terra. O homem — é bom recordá-lo — tem em si mesmo um valor imenso, mas não o tem por si mesmo porque o recebeu de Deus, por quem foi criado “à sua imagem e semelhança” (Gén 1, 26-27). E não existe, além desta, mais nenhuma adequada definição de homem! Este valor é como um “talento” e, segundo o ensino da conhecida parábola (Mt25, 14-30), deve ser bem administrado, isto é,  este valor de ser homem, de ser pessoa, deve ser administrado de modo que frutifique em abundância. É esta, ó jovens, a visão cristã do homem, a qual, partindo de Deus criador e pai, faz descobrir a pessoa naquilo que é e naquilo que deve ser.

 

[…]E Pier Giorgio: era um jovem de uma alegria comunicativa, uma alegria que superava também as muitas dificuldades da sua vida, porque o período juvenil é sempre um período de provação das forças.

trecho retirado: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/speeches/1980/april/documents/hf_jp-ii_spe_19800413_torino-giovani_po.html

*Diego Guilherme da Silva-nosso colaborador,amigo e grande entusiasta de Pier Giorgio Frassati.

25 anos da JMJ: mensagem do Papa

Relíquias de Pier Giorgio na Austrália

Vaticano,27 de março de 2010

Bom Mestre, que devo fazer
para alcançar a vida eterna?
» (Mc 10, 17)

Queridos amigos,

Celebra-se este ano o vigésimo quinto aniversário de instituição da Jornada Mundial da Juventude, desejada pelo Venerável João Paulo II como encontro anual dos jovens crentes do mundo inteiro. Foi uma iniciativa profética que deu frutos abundantes, permitindo às novas gerações cristãs encontrar-se, pôr-se à escuta da Palavra de Deus, descobrir a beleza da Igreja e viver experiências fortes de fé que levaram muitos à decisão de doar-se totalmente a Cristo.

Esta XXV Jornada representa uma etapa rumo ao próximo Encontro Mundial dos Jovens, que terá lugar no mês de agosto de 2011 em Madri, onde espero sejais numerosos a viver este evento de graça.

Para nos prepararmos para tal celebração, gostaria de vos propor algumas reflexões sobre o tema deste ano: «Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?» (Mc 10, 17), tirado do episódio evangélico do encontro de Jesus com o jovem rico; um tema abordado já em 1985 pelo Papa João Paulo II numa belíssima Carta, a primeira dirigida aos jovens.

1. Jesus encontra um jovem

«Quando saía [Jesus], para se pôr a caminho – narra o Evangelho de São Marcos – aproximou-se dele um homem a correr e, ajoelhando-se, perguntou: “Bom mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?”. Jesus disse-lhe: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão só Deus. Sabes os mandamentos: não matarás, não adulterarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho, não defraudarás, honrarás teu pai e tua mãe”. Ele respondeu-lhe: “Mestre, tenho guardado tudo isto desde a minha juventude”. Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele, e respondeu-lhe: “Falta-te apenas uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me!”. Mas, ao ouvir tais palavras, anuviou-se-lhe o semblante e retirou-se pesaroso, pois tinha grande fortuna» (Mc 10, 17-22).

Esta narração exprime de maneira eficaz a grande atenção de Jesus pelos jovens, por vós, pelas vossas expectativas, pelas vossas esperanças, e mostra como é grande o seu desejo de vos encontrar pessoalmente e entrar em diálogo com cada um de vós. De fato, Cristo interrompe o seu caminho para responder ao pedido do seu interlocutor, manifestando plena disponibilidade àquele jovem, que é impelido por um ardente desejo de falar com o «Bom Mestre», para aprender dele a percorrer o caminho da vida. Com este trecho evangélico, o meu Predecessor queria exortar cada um de vós a «desenvolver o próprio diálogo com Cristo – um diálogo que é de importância fundamental e essencial para um jovem» (Carta aos jovens, n. 2).

“O cristianismo não é primariamente uma moral, mas experiência de Jesus Cristo, que nos ama pessoalmente, jovens ou idosos, pobres ou ricos; ama-nos mesmo quando lhe voltamos as costas”.

2. Jesus fitou-o e sentiu afeição por ele

Na narração evangélica, São Marcos sublinha como «Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele» (Mc 10, 21). No olhar do Senhor, está o coração deste encontro muito especial e de toda a experiência cristã. De fato, o cristianismo não é primariamente uma moral, mas experiência de Jesus Cristo, que nos ama pessoalmente, jovens ou idosos, pobres ou ricos; ama-nos mesmo quando lhe voltamos às costas.

Comentando a cena, o Papa João Paulo II acrescentava, dirigindo-se a vós, jovens: «Faço votos por que experimenteis um olhar assim! Faço votos por que experimenteis a verdade de que Ele, Cristo, vos fixa com amor» (Carta aos jovens, n. 7). Um amor, que se manifestou na Cruz de maneira tão plena e total, que São Paulo escreve maravilhado: «Amou-me e entregou-se por mim» (Gl 2, 20). «A consciência de que o Pai nos amou desde sempre no seu Filho, de que Cristo ama cada um e sempre – escreve ainda o Papa João Paulo II – torna-se um ponto de apoio firme para toda a nossa existência humana» (Carta aos jovens, n. 7) e permite-nos superar todas as provas: a descoberta dos nossos pecados, o sofrimento, o desânimo.

Neste amor, encontra-se a fonte de toda a vida cristã e a razão fundamental da evangelização: se verdadeiramente encontramos Jesus, não podemos deixar de o testemunhar àqueles que ainda não se cruzaram com o seu olhar.

3. A descoberta do projeto de vida

No jovem do Evangelho, podemos vislumbrar uma condição muito semelhante à de cada um de vós. Também vós sois ricos de qualidades, energias, sonhos, esperanças: recursos que possuís em abundância! A vossa própria idade constitui uma grande riqueza não apenas para vós, mas também para os outros, para a Igreja e para o mundo.

O jovem rico pergunta a Jesus: «Que devo fazer?» A estação da vida em que vos encontrais é tempo de descoberta: dos dons que Deus vos concedeu e das vossas responsabilidades. É, igualmente, tempo de opções fundamentais para construir o vosso projeto de vida. Por outras palavras, é o momento de vos interrogardes sobre o sentido autêntico da existência, perguntando a vós mesmos: «Estou satisfeito com a minha vida? Ou falta-me ainda qualquer coisa»?

Como o jovem do Evangelho, talvez vós vivais também situações de instabilidade, de perturbação ou de sofrimento, que vos levam a aspirar a uma vida não medíocre e a perguntar-vos: em que consiste uma vida bem sucedida? Que devo fazer? Qual poderia ser o meu projeto de vida? «Que devo fazer a fim de que a minha vida tenha pleno valor e pleno sentido?» (Ibid., n. 3).

Não tenhais medo de enfrentar estas perguntas! Longe de vos acabrunhar, elas exprimem as grandes aspirações, que estão presentes no vosso coração. Portanto, devem ser ouvidas. Esperam respostas não superficiais, mas capazes de satisfazer as vossas autênticas expectativas de vida e felicidade.

Para descobrir o projeto de vida que vos pode tornar plenamente felizes, colocai-vos à escuta de Deus, que tem um desígnio de amor sobre cada um de vós. Com confiança, perguntai-lhe: «Senhor, qual é o teu desígnio de Criador e Pai sobre a minha vida? Qual é a tua vontade? Desejo cumpri-la». Estai certos de que vos responderá. Não tenhais medo da sua resposta! «Deus é maior que os nossos corações e conhece tudo» (1 Jo 3, 20)!

4. Vem e segue-me!

Jesus convida o jovem rico a ir mais além da satisfação das suas aspirações e dos seus projetos pessoais, dizendo-lhe: «Vem e segue-me!». A vocação cristã deriva de uma proposta de amor do Senhor.

Jesus convida o jovem rico a ir mais além da satisfação das suas aspirações e dos seus projetos pessoais, dizendo-lhe: «Vem e segue-me!». A vocação cristã deriva de uma proposta de amor do Senhor e só pode realizar-se graças a uma resposta de amor: «Jesus convida os seus discípulos ao dom total da sua vida, sem cálculos nem vantagens humanas, com uma confiança sem reservas em Deus. Os santos acolhem este convite exigente e, com docilidade humilde, põe-se a seguir Cristo crucificado e ressuscitado. A sua perfeição na lógica da fé, às vezes humanamente incompreensível, consiste em nunca se colocarem a si mesmos no centro, mas decidirem ir contra a corrente, vivendo segundo o Evangelho» (Bento XVI, «Homilia por ocasião das canonizações», in L’Osservatore Romano, 12-13/10/2009, pág. 6).

A exemplo de muitos discípulos de Cristo, acolhei também vós, queridos amigos, com alegria o convite a seguir Jesus, para viverdes intensa e fecundamente neste mundo. Com efeito, mediante o Batismo, Ele chama cada um a segui-lo com ações concretas, a amá-lo sobre todas as coisas e a servi-lo nos irmãos. Infelizmente, o jovem rico não acolheu o convite de Jesus e retirou-se pesaroso. Não encontrara coragem para se desapegar dos bens materiais a fim de possuir o bem maior proposto por Jesus.

A tristeza do jovem rico do Evangelho é aquela que nasce no coração de cada um, quando não tem a coragem de seguir Cristo, de fazer a escolha justa. Mas nunca é tarde demais para lhe responder!

Jesus nunca se cansa de estender o seu olhar de amor sobre nós, chamando-nos a ser seus discípulos; a alguns, porém, Ele propõe uma opção mais radical. Neste Ano Sacerdotal, gostaria de exortar os jovens e adolescentes a estarem atentos para ver se o Senhor os convida a um dom maior, no caminho do sacerdócio ministerial, e a tornarem-se disponíveis para acolher com generosidade e entusiasmo este sinal de predileção especial, empreendendo, com a ajuda de um sacerdote, do diretor espiritual, o necessário caminho de discernimento. Depois, não tenhais medo, queridos jovens e queridas jovens, se o Senhor vos chamar à vida religiosa, monástica, missionária ou de especial consagração: Ele sabe dar alegria profunda a quem responde com coragem.

E, a quantos sentem a vocação ao matrimônio, convido a acolhê-la com fé, comprometendo-se a lançar bases sólidas para viver um amor grande, fiel e aberto ao dom da vida, que é riqueza e graça para a sociedade e para a Igreja.

5. Orientados para a vida eterna

«Que devo fazer para alcançar a vida eterna?»: esta pergunta do jovem do Evangelho parece distante das preocupações de muitos jovens contemporâneos; porventura, como observava o meu Predecessor, «não somos nós a geração cujo horizonte da existência está completamente preenchido pelo mundo e pelo progresso temporal?» (Carta aos jovens, n. 5). Mas a questão acerca da «vida eterna» impõe-se em momentos particularmente dolorosos da existência, como quando sofremos a perda de uma pessoa querida ou experimentamos o insucesso.

Mas o que é a «vida eterna», de que fala o jovem rico? Jesus no-lo explica quando, dirigindo-se aos seus discípulos, afirma: «Hei-de ver-vos de novo; e o vosso coração alegrar-se-á e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria» (Jo 16, 22). São palavras que indicam uma proposta sublime de felicidade sem fim: a alegria de sermos cumulados pelo amor divino para sempre.

O interrogar-se sobre o futuro definitivo que nos espera dá sentido pleno à existência, porque orienta o projeto de vida não para horizontes limitados e passageiros mas amplos e profundos, que levam a amar o mundo, tão amado pelo próprio Deus, a dedicar-se ao seu desenvolvimento, mas sempre com a liberdade e a alegria que nascem da fé e da esperança. São horizontes que nos ajudam a não absolutizar as realidades terrenas, sentindo que Deus nos prepara um bem maior, e a repetir com Santo Agostinho: «Desejemos juntos a pátria celeste, suspiremos pela pátria celeste, sintamo-nos peregrinos aqui na terra» (Comentário ao Evangelho de São João, Homilia 35, 9). Com o olhar fixo na vida eterna, o Beato Pier Giorgio Frassati – falecido em 1925, com a idade de 24 anos – dizia: «Quero viver; não ir vivendo!» e, numa fotografia a escalar uma montanha que enviou a um amigo, escrevera: «Rumo ao alto!», aludindo à perfeição cristã mas também à vida eterna.

Queridos jovens, exorto-vos a não esquecer esta perspectiva no vosso projeto de vida: somos chamados à eternidade. Deus criou-nos para estar com Ele, para sempre. Aquela ajudar-vos-á a dar um sentido pleno às vossas decisões e a dar qualidade à vossa existência.

6. Os mandamentos, caminho do amor autêntico

Jesus recorda ao jovem rico os dez mandamentos como condições necessárias para «alcançar a vida eterna». Constituem pontos de referência essenciais para viver no amor, para distinguir claramente o bem do mal e construir um projeto de vida sólido e duradouro. Também a vós, Jesus pergunta se conheceis os mandamentos, preocupando-vos em formar a vossa consciência segundo a lei divina, e se os pondes em prática.

Sem dúvida, trata-se de perguntas contra a corrente em relação à mentalidade contemporânea, que propõe uma liberdade desligada de valores, de regras, de normas objetivas, e convida a não colocar limites aos desejos do momento. Mas este tipo de proposta, em vez de conduzir à verdadeira liberdade, leva o homem a tornar-se escravo de si mesmo, dos seus desejos imediatos, de ídolos como o poder, o dinheiro, o prazer desenfreado e as seduções do mundo, tornando-o incapaz de seguir a sua vocação natural ao amor.

Deus dá-nos os mandamentos, porque nos quer educar para a verdadeira liberdade, porque quer construir conosco um Reino de amor, de justiça e de paz. Ouvi-los e pô-los em prática não significa alienar-se, mas encontrar o caminho da liberdade e do amor autênticos, porque os mandamentos não limitam a felicidade, mas indicam o modo como encontrá-la. No início do diálogo com o jovem rico, Jesus recorda que a lei dada por Deus é boa, porque «Deus é bom».

7. Temos necessidade de vós

Quem vive hoje a condição juvenil encontra-se a enfrentar muitos problemas resultantes do desemprego, da falta de referências ideais certas e de perspectivas concretas para o futuro. Às vezes pode-se ficar com a impressão de impotência diante das crises e derivas actuais. Apesar das dificuldades, não vos deixeis desencorajar nem renuncieis aos vossos sonhos! Pelo contrário, cultivai no coração desejos grandes de fraternidade, de justiça e de paz. O futuro está nas mãos de quem souber procurar e encontrar razões fortes de vida e de esperança. Se quiserdes, o futuro está nas vossas mãos, porque os dons e as riquezas que o Senhor guardou no coração de cada um de vós, plasmados pelo encontro com Cristo, podem dar esperança autêntica ao mundo! É a fé no seu amor que, tornando-vos fortes e generosos, vos dará a coragem de enfrentar com serenidade o caminho da vida e assumir as responsabilidades familiares e profissionais. Comprometei-vos a construir o vosso futuro através de percursos sérios de formação pessoal e de estudo, para servir o bem comum de maneira competente e generosa.

Na recente Carta Encíclica sobre o desenvolvimento humano integral, Caritas in veritate, enumerei alguns dos grandes desafios atuais que são urgentes e essenciais para a vida deste mundo: a utilização dos recursos da terra e o respeito pela ecologia, a justa repartição dos bens e o controle dos mecanismos financeiros, a solidariedade com os países pobres no âmbito da família humana, a luta contra a fome no mundo, a promoção da dignidade do trabalho humano, o serviço à cultura da vida, a construção da paz entre os povos, o diálogo inter-religioso, o bom uso dos meios de comunicação social.

São desafios a que sois chamados a responder para construir um mundo mais justo e fraterno. São desafios que requerem um projeto de vida exigente e apaixonante, no qual investir toda a vossa riqueza, segundo o desígnio que Deus tem para cada um de vós. Não se trata de realizar gestos heróicos ou extraordinários, mas de agir fazendo frutificar os próprios talentos e possibilidades, comprometendo-se a progredir constantemente na fé e no amor.

Neste Ano Sacerdotal, convido-vos a conhecer a vida dos santos, em particular a dos santos sacerdotes. Vereis que Deus os guiou, tendo encontrado o seu caminho dia após dia precisamente na fé, na esperança e no amor. Cristo chama cada um de vós a comprometer-se com Ele e a assumir as próprias responsabilidades para construir a civilização do amor. Se seguirdes a sua Palavra, também o vosso caminho se iluminará e vos conduzirá rumo a metas elevadas, que dão alegria e sentido pleno à vida.

Que a Virgem Maria, Mãe da Igreja, vos acompanhe com a sua proteção. Asseguro-vos uma lembrança particular na minha oração e, com grande afeto, vos abençoo.

ENCONTRO COM OS JOVENS

Praça São Carlos
Domingo, 2 de Maio de 2010

Estimados jovens de Turim
Queridos jovens que vindes
do Piemonte e das Regiões vizinhas!

Sinto-me verdadeiramente feliz por me encontrar convosco, nesta minha visita a Turim, para venerar o santo Sudário. Saúdo todos vós com grande afecto e agradeço-vos o acolhimento e o entusiasmo da vossa fé. Através de vós, saúdo toda a juventude de Turim e das Dioceses do Piemonte, com uma oração especial pelos jovens que vivem situações de sofrimento, de dificuldade e de confusão. Dirijo um pensamento especial e um forte encorajamento a quantos, no meio de vós, estão a percorrer o caminho rumo ao sacerdócio, à vida consagrada, assim como rumo a generosas escolhas de serviço aos últimos. Estou grato ao vosso Pastor, Cardeal Severino Poletto, pelas cordiais expressões que me dirigiu e agradeço aos vossos representantes que me manifestaram os propósitos, as problemáticas e as expectativas da juventude desta cidade e região.

Há vinte e cinco anos, por ocasião do Ano Internacional da Juventude, o venerável e amado João Paulo II dirigiu uma Carta Apostólica aos jovens e às jovens do mundo, centrada no encontro de Jesus com o jovem rico de que nos fala o Evangelho (cf. Carta aos Jovens, 31 de Março de 1985). Precisamente a partir desta página (cf. Mc 10, 17-22; Mt 19, 16-22), que foi objecto também na minha Mensagem do corrente ano para a Jornada Mundial da Juventude, gostaria de vos transmitir alguns pensamentos que vos possam ajudar no vosso crescimento espiritual e na vossa missão no interior da Igreja e no mundo.

O jovem do Evangelho sabemo-lo pergunta a Jesus: “Que devo fazer para alcançar a vida eterna?”. Hoje, não é fácil falar de vida eterna e de realidades eternas, porque a mentalidade do nosso tempo nos diz que nada existe de definitivo: tudo muda e muito rapidamente. “Mudar” tornou-se, em muitos casos, a palavra de ordem, o exercício mais exaltante da liberdade, e deste modo também vós jovens sois levados muitas vezes a pensar que seja impossível realizar opções definitivas, que comprometam para a vida inteira. Mas este é o modo correcto de utilizar a liberdade? É realmente verdade que para sermos felizes temos que contentar-nos com alegrias momentâneas, pequenas e fugazes que, quando terminam, deixam a amargura no coração? Caros jovens, não é esta a verdadeira liberdade, a felicidade não se alcança assim. Cada um de nós é criado não para realizar certas opções provisórias e revogáveis, mas escolhas definitivas e irrevogáveis, que dão sentido pleno à existência. Vemos isto na nossa vida: cada experiência bonita, que nos enche de felicidade, gostaríamos que nunca mais terminasse. Deus criou-nos em vista do “para sempre”, colocou no coração de cada um de nós a semente para uma vida que realize algo de bonito e de grande. Tende a coragem das escolhas definitivas e vivei-as com fidelidade! O Senhor poderá chamar-vos ao matrimónio, ao sacerdócio, à vida consagrada, a um dom particular de vós mesmos: respondei-lhe com generosidade!

No diálogo com o jovem que possuía muitos bens, Jesus indica qual é a riqueza maior e mais importante da vida: o amor. Amar a Deus e amar aos outros com todo o nosso ser. A palavra amar sabemo-lo presta-se a várias interpretações e tem diversos significados: temos necessidade de um Mestre, Cristo, que nos indique o seu sentido mais autêntico e profundo, que nos oriente para a fonte do amor e da vida. Amor é o nome próprio de Deus. O Apóstolo João no-lo recorda: “Deus é amor”, e acrescenta que “não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele quem nos amou e nos mandou o seu Filho”. E “se Deus nos amou deste modo, também nós devemos amar-nos uns aos outros” (1 Jo 4, 8.10-11). No encontro com Cristo e no amor recíproco experimentamos em nós a própria vida de Deus, que permanece em nós com o seu amor perfeito, total e eterno (cf. 1 Jo 4, 12). Portanto, não existe nada maior para o homem, um ser mortal e limitado, do que participar na vida de amor de Deus. Hoje vivemos num contexto cultural que não favorece relacionamentos humanos profundos e abnegados mas, ao contrário, induz com frequência a fechar-se em si mesmo, ao individualismo, a deixar prevalecer o egoísmo que existe no homem. Mas o coração de um jovem é por natureza sensível ao amor verdadeiro. Por isso, dirijo-me com grande confiança a cada um de vós e digo-vos: não é fácil fazer da vossa vida algo de bonito e de grande, é algo exigente, mas com Cristo tudo é possível!

No olhar de Jesus como diz o Evangelho que olha com amor para o jovem, sentimos todo o desejo que Deus tem de permanecer connosco, de estar próximo de nós; existe um desejo de Deus, do nosso sim, do nosso amor. Sim, dilectos jovens, Jesus quer ser vosso amigo, vosso irmão na vida, o Mestre que vos indica o caminho a percorrer para alcançar a felicidade. Ele ama-vos por aquilo que sois, na vossa fragilidade e debilidade, para que, tocados pelo seu amor, possais ser transformados. Vivei este encontro com o amor de Cristo numa relação forte com Ele; vivei-o na Igreja, principalmente nos Sacramentos. Vivei-o na Eucaristia, em que se torna presente o seu Sacrifício: Ele realmente doa o seu Corpo e o seu Sangue por nós, para redimir os pecados da humanidade, para que nos tornemos um só com Ele, para que aprendamos também nós a lógica do doar-se. Vivei-o na Confissão onde, oferecendo-nos o seu perdão, Jesus acolhe-nos com todos os nossos limites para nos dar um coração novo, capaz de amar como Ele. Aprendei a ter familiaridade com a palavra de Deus, a meditá-la, de maneira especial na lectio divina, a leitura espiritual da Bíblia. Finalmente, sabei encontrar o amor de Cristo no testemunho de caridade da Igreja. Turim oferece-vos, na sua história, exemplos maravilhosos: segui-os, vivendo concretamente a gratuidade do serviço. Tudo, na comunidade eclesial, deve ser finalizado para fazer com que os homens sintam concretamente a caridade infinita de Deus.

Estimados amigos, o amor de Cristo pelo jovem do Evangelho é o mesmo que Ele tem por cada um de vós. Não é um amor confinado no passado, não é uma ilusão e não é reservado a poucos. Vós encontrareis este amor e experimentareis toda a sua fecundidade, se procurardes o Senhor com sinceridade e se viverdes com empenhamento a vossa participação na vida da comunidade cristã. Cada um se sinta “parte viva” da Igreja, comprometido na obra de evangelização, sem medo, num espírito de harmonia sincera com os irmãos na fé e em comunhão com os Pastores, saindo de uma tendência individualista também na vivência da fé, para respirar a plenos pulmões a beleza de fazer parte do grande mosaico da Igreja de Cristo.

Nesta tarde não posso deixar de vos indicar como modelo um jovem da vossa Cidade: o Beato Piergiorgio Frassati, cujo vigésimo aniversário de beatificação se celebra este ano. A sua existência foi inteiramente envolvida pela graça e pelo amor de Deus e foi consumida, com serenidade e alegria, no serviço apaixonado a Cristo e aos irmãos. Jovem como vós, viveu com grande dedicação a sua formação cristã e deu o seu testemunho de fé, simples e eficaz. Um jovem fascinado pela beleza do Evangelho das Bem-Aventuranças, que experimentou toda a alegria de ser amigo de Cristo, de O seguir, de se sentir de forma viva parte da Igreja. Prezados jovens, tende a coragem de escolher aquilo que é essencial na vida! “Viver e não simplesmente ir vivendo”, repetia o Beato Piergiorgio Frassati. Como Ele, descobri que vale a pena comprometer-se por Deus e com Deus, responder à sua chamada nas escolhas fundamentais e nas opções quotidianas, mesmo quando custa!

O percurso espiritual do Beato Piergiorgio Frassati recorda que o caminho dos discípulos de Cristo exige a coragem de sair de si mesmo, para seguir a estrada do Evangelho. Vós viveis nas paróquias e nas outras realidades eclesiais este caminho exigente do espírito; vivei-lo também na peregrinação das Jornadas Mundiais da Juventude, encontro sempre esperado. Sei que estais a preparar-vos para o próximo grande encontro, programado em Madrid em Agosto de 2011. Faço votos de coração a fim de que este acontecimento extraordinário, no qual espero que possais participar em grande número, contribua para fazer crescer em cada um o entusiasmo e a fidelidade no seguimento de Cristo e no acolhimento jubiloso da sua mensagem, fonte de vida nova.

Jovens de Turim e do Piemonte, sede testemunhas de Cristo neste nosso tempo! O santo Sudário seja para vós de maneira totalmente particular um convite a imprimir no vosso espírito o rosto do amor de Deus, para serdes vós mesmos, nos vossos ambientes, com os vossos coetâneos, uma expressão credível do rosto de Cristo. Maria, que venerais nos vossos Santuários marianos, e São João Bosco, Padroeiro da juventude, vos ajudem a seguir Cristo, sem jamais vos cansardes. E vos acompanhem sempre a minha oração e a minha Bênção, que vos concedo com grande carinho.

Obrigado pela vossa atenção!

Bento XVI: 27/07/2008

PAPA BENTO XVI
ANGELUS
Palácio Apostólico de Castel Gandolfo

Queridos irmãos e irmãs!
Regressei de Sidney, na Austrália, sede da 23ª Jornada Mundial da Juventude, na passada segunda-feira. Ainda tenho diante dos olhos e no coração esta extraordinária experiência, na qual me foi concedido encontrar o rosto jovem da Igreja:  era como um mosaico multicolor, formado por jovens e moças provenientes de todas as partes da terra, todos reunidos pela única fé em Jesus Cristo. “Young pilgrims of the world jovens peregrinos do mundo”, assim chamava ao povo com uma bonita expressão que realça o essencial destas Jornadas internacionais às quais deu início João Paulo II. De facto, estes encontros formam as etapas de uma grande peregrinação através do planeta, para manifestar como a fé em Cristo nos torna a todos filhos do único Pai que está nos céus e construtores da civilização do amor.
Característica própria do encontro de Sidney foi a tomada de consciência da centralidade do Espírito Santo, protagonista da vida da Igreja e do cristão. O longo caminho de preparação nas Igrejas particulares tinha como tema a promessa feita por Cristo ressuscitado aos Apóstolos:  “Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós e sereis minhas testemunhas” (Act 1, 8). Nos dias 16, 17 e 18 de Julho, nas igrejas de Sidney, os numerosos Bispos presentes exerceram o seu ministério, propondo as catequeses nas várias línguas:  estas catequeses são momentos de reflexão e de recolhimento indispensáveis para que o acontecimento não permaneça só uma manifestação externa, mas deixe uma marca profunda nas consciências. A vigília da noite no coração da cidade, sob o Cruzeiro do Sul, foi uma coral invocação do Espírito Santo; e por fim, durante a grande Celebração eucarística de domingo passado, administrei o Sacramento da Confirmação a 24 jovens de vários continentes, dos quais 14 australianos, convidando todos os presentes a renovar as promessas baptismais. Assim esta Jornada Mundial transformou-se num novo Pentecostes, a partir do qual recomeçou a missão dos jovens, chamados a ser apóstolos dos seus coetâneos, como tantos santos e beatos, e em particular o Beato Piergiorgio Frassati, cujas relíquias, colocadas na Catedral de Sidney, foram veneradas por uma ininterrupta peregrinação de jovens. Cada jovem e moça foi convidado a seguir o seu exemplo, a partilhar a experiência pessoal de Jesus, que muda a vida dos seus “amigos” com a força do Espírito Santo, o Espírito do amor de Deus.
Desejo hoje agradecer novamente aos Bispos da Austrália, em particular ao Arcebispo de Sidney, o grande trabalho de preparação e o cordial acolhimento que me reservaram, assim como a todos os outros peregrinos. Agradeço às Autoridades civis australianas a sua preciosa colaboração. Dirijo um agradecimento especial a quantos, em todas as partes do mundo, rezaram por este acontecimento, garantindo o seu bom êxito. A Virgem Maria recompense cada um com as graças mais belas. A Maria confio também o período de repouso que transcorrerei a partir de amanhã em Bressanone, entre os montes do Alto  Ádige.  Permaneçamos  todos  na oração!

Domingo, 27 de Julho de 2008
© Copyright 2008 – Libreria Editrice Vaticana

Bento XVI: 09/11/2007

DISCURSO DO PAPA BENTO XVI
NO ENCONTRO COM OS JOVENS DA FEDERAÇÃO
UNIVERSITÁRIA CATÓLICA ITALIANA (FUCI)

Queridos jovens amigos da FUCI!
É-me particularmente agradável esta vossa visita, que realizais no final das celebrações para o 110º aniversário do nascimento da vossa Associação, a FUCI, Federação Universitária Católica Italiana. Dirijo a cada um de vós a minha saudação cordial, começando pelos Presidentes Nacionais e pelo Assistente Eclesiástico Central, e agradeço as palavras que me dirigiram em vosso nome. Saúdo D. Giuseppe Betori, Secretário-Geral da Conferência Episcopal Italiana, e D. Domenico Sigalini, Bispo de Palestrina e Assistente Eclesiástico Geral da Acção Católica Italiana, que vos acompanhou nesta Audiência e com a sua presença testemunham o forte enraizamento da FUCI na Igreja que está na Itália. Saúdo os Assistentes diocesanos e os membros da Fundação da FUCI. A todos e a cada um renovo o apreço da Igreja pelo trabalho que a vossa Associação desempenha no mundo universitário ao serviço do Evangelho.
A FUCI celebra os seus 110 anos: uma ocasião propícia para olhar para o caminho percorrido e para as perspectivas futuras. A preservação da memória histórica representa um precioso valor para que, ao considerar a qualidade e a consistência das próprias raízes, somos mais facilmente estimulados a prosseguir com entusiasmo o percurso iniciado. Nesta feliz circunstância, retomo de bom grado as palavras que há dez anos o meu amado predecessor João Paulo II vos dirigiu, por ocasião do vosso centenário: “A história destes 100 anos disse ele confirma precisamente que a vicissitude da FUCI constitui um capítulo significativo na vida da Igreja na Itália, em particular naquele vasto e multiforme movimento laical que tem o seu eixo fundamental na Acção Católica” (Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XIX, 1 [1996], pág. 1110).
Como não reconhecer que a FUCI contribuiu para a formação de gerações inteiras de cristãos exemplares, que souberam traduzir na vida e com a vida o Evangelho, comprometendo-se a níveis cultural, civil, social e eclesial? Penso, em primeiro lugar, nos beatos Piergiorgio Frassati e Alberto Marvelli, vossos coetâneos; recordo personalidades ilustres como Aldo Moro e Vittorio Bachelet, ambos barbaramente assassinados; também não posso esquecer o meu venerado predecessor Paulo VI, que foi atento e corajoso Assistente eclesiástico central da FUCI nos anos difíceis do fascismo, e depois os Monsenhores Emílio Guano e Franco Costa. Além disso, os últimos dez anos caracterizaram-se pelo compromisso decidido da FUCI em redescobrir a própria dimensão universitária. Depois de não poucos debates e intensas discussões, nos meados dos anos 90, na Itália foi lançada mão de uma radical reforma do sistema académico, que agora apresenta uma nova fisionomia, cheia de prometedoras perspectivas, mas também com elementos que suscitam uma legítima preocupação. E vós, quer nos recentes Congressos quer nas páginas da revista Ricerca, preocupastes-vos constantemente pela nova configuração dos estudos académicos, das relativas modificações legislativas, do tema da participação estudantil e dos modos como as dinâmicas globais da comunicação incidem sobre a formação e transmissão do saber.
É precisamente neste âmbito que a FUCI pode expressar plenamente também hoje o seu antigo e sempre actual carisma: isto é, o testemunho convicto da “possível amizade” entre a inteligência e a fé, que exige o esforço incessante de conjugar a maturação na fé com o crescimento no estudo e a aquisição do saber científico. Neste contexto adquire um valor significativo a expressão que tanto apreciais: “crer no estudo”. De facto, por que considerar que quem tem fé deve renunciar à pesquisa livre da verdade, e quem procura livremente a verdade deve renunciar à fé? Ao contrário é possível, precisamente durante os estudos universitários e graças a eles, realizar uma autêntica maturação humana, científica e espiritual. “Crer no estudo” significa reconhecer que o estudo e a pesquisa especialmente durante os anos da Universidade prosseguem com uma força intrínseca de ampliação dos horizontes da inteligência humana, sob condição de que o estudo académico conserve um perfil exigente, rigoroso, sério, metódico e progressivo. Aliás, com estas condições ele representa uma vantagem para a formação global da pessoa humana, como costumava dizer o Beato Giuseppe Tovini, afirmando que com o estudo os jovens nunca seriam pobres, enquanto que sem o estudo nunca seriam ricos.
O estudo constitui, ao mesmo tempo, uma providencial oportunidade para progredir no caminho da fé, porque a inteligência bem cultivada abre o coração do homem à escuta da voz de Deus, ressaltando a importância do discernimento e da humildade. Referi-me precisamente ao valor da humildade no recente Encontro de Loreto, quando exortei os jovens italianos a não seguir o caminho do orgulho, mas o de um sentido realista da vida aberto à dimensão transcendente. Hoje, como no passado, quem quer ser discípulo de Cristo é chamado a ir contra a corrente, a não se deixar levar por atractivos interessantes e persuasivos que provêm de diversos púlpitos onde são difundidos comportamentos marcados pela arrogância e pela violência, pela prepotência e pela conquista do sucesso com qualquer meio. Registra-se na sociedade actual uma corrida por vezes desenfreada para o parecer e ter em desvantagem infelizmente do ser, e a Igreja, mestra em humildade, nunca se cansa de exortar especialmente as novas gerações, às quais vós pertenceis, a permanecer vigilantes e a não temer a escolha de vias “alternativas” que só Cristo sabe indicar.
Sim, queridos amigos, Jesus chama todos os seus amigos a orientar a sua existência para um modo de viver sóbrio e solidário, a tecer relações afectivas sinceras e gratuitas com os outros. A vós, queridos jovens estudantes, pede que vos comprometais honestamente no estudo, cultivando um sentido maduro de responsabilidade e um interesse partilhado pelo bem comum. Portanto, os anos da Universidade sejam palestra de testemunho evangélico convicto e corajoso. E para realizar esta vossa missão, procurai cultivar uma amizade íntima com o Mestre divino, colocando-vos na escola de Maria, Sede da Sabedoria. Confio-vos à sua materna intercessão e, ao garantir-vos uma lembrança na oração, concedo de coração a todos com afecto uma especial Bênção Apostólica, que de bom grado faço extensiva às vossas famílias e às pessoas que vos são queridas.

Sexta-feira, 9 de Novembro de 2007
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Bento XVI: 02/09/2007

VISITA PASTORAL
DO PAPA BENTO XVI
A LORETO
POR OCASIÃO DO ÁGORA
DOS JOVENS ITALIANOS

HOMILIA DO SANTO PADRE
NA CONCELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA
NA ESPLANADA DE MONTORSO

Queridos amigos, o caminho da humildade não é portanto a vereda da renúncia, mas sim da coragem. Não é o êxito de uma derrota, mas o resultado de uma vitória do amor sobre o egoísmo e da graça sobre o pecado. Seguindo Cristo e imitando Maria, devemos ter a coragem da humildade; temos de confiar-nos humildemente ao Senhor, porque só deste modo poderemos tornar-nos instrumentos dóceis nas suas mãos, permitindo-lhe fazer em nós grandes coisas. O Senhor realizou maravilhas em Maria e nos Santos! Penso, por exemplo, em Francisco de Assis e em Catarina de Sena, Padroeiros da Itália. Penso também em jovens esplêndidos, como Santa Gema Galgani, São Gabriel dell’Addolorata, São Luís Gonzaga, São Domingos Sávio, Santa Maria Goretti, que nasceu não distante daqui, e nos Beatos Piergiorgio Frassati e Alberto Marvelli. E penso inclusive nos numerosos rapazes e moças que pertencem à plêiade dos Santos “anónimos”, mas que para Deus não são anónimos. Para Ele, cada pessoa individualmente é única, com o seu nome e o seu rosto. Todos nós, e vós bem o sabeis, somos chamados a ser santos!

Domingo, 2 de Setembro de 2007

Bento XVI: 04/07/2007

PAPA APRESENTA EXEMPLO DE PIERGIORGIO FRASSATI, ESTUDANTE E ESPORTISTA

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 4 de julho de 2007 – Bento XVI apresentou nesta quarta-feira o modelo de vida do beato Piergiorgio Frassati, jovem estudante e esportista falecido aos 24 anos.

Ao final da audiência geral, o Papa dirigiu uma breve saudação aos jovens, aos enfermos e aos recém-casados para apresentar-lhes esse beato italiano da Ação Católica, que viveu entre o ano 1901 e 1925, cuja memória litúrgica se celebrava neste dia.

«Que seu exemplo vos dê forças, queridos jovens, para testemunhar o Evangelho em toda circunstância da vida», disse o Santo Padre.

«Que vos ajude, queridos enfermos, a oferecer vossos sofrimentos cotidianos para que se realize no mundo a civilização do amor», acrescentou.

«Que vos apóie, queridos recém-casados — alguns levavam a roupa de casamento — a construir vossa família sobre a sólida base da íntima união com Deus.»

Piergiorgio era filho de Alfredo Frassati, fundador e diretor do jornal «La Stampa», ainda hoje um dos jornais mais importantes da Itália.

Para estar próximo dos mineiros, o jovem rapaz decidiu estudar engenharia de minas no Politécnico de Turim.

Apaixonado pela montanha, fazia de suas excursões uma oportunidade de apostolado e oração em comum. Pouco antes de obter o diploma de engenheiro, teve poliomielite. Morreu, após uma semana de sofrimentos, em 4 de julho de 1925.

João Paulo II, que se inspirou em seu exemplo durante sua juventude, como ele mesmo revelaria depois, beatificou Piergiorgio Frassati em 20 de maio de 1990.

Fonte: ZENIT.org

João Paulo II: 04/07/2001

PAPA JOÃO PAULO II
AUDIÊNCIA

Hoje celebramos a memória litúrgica do Beato Piergiorgio Frassati. O tenaz exemplo de fidelidade a Cristo, oferecido por este jovem Beato vos revigore, queridos rapazes e queridas jovens, no generoso propósito de dar testemunho do Evangelho em cada circunstância da vida. O Beato Piergiorgio Frassati vos ajude, estimados doentes, a oferecer os vossos sofrimentos quotidianos em comunhão com toda a Igreja, para que no mundo se realize a civilização do amor; e vos sustente, dilectos novos casais, na edificação da vossa família sobre o sólido fundamento da união íntima com Deus.

Quarta-feira 4 de julho de 2001

João Paulo II: 22/12/2000

Placa recordando a visita do papa João Paulo II ao cemitério de Pollone

PAPA JOÃO PAULO II

Nestes dias de Advento e no mistério do Natal sobressai a imagem silenciosa de Maria, Virgem fiel e Mãe cheia de carinhos. Nestes dias vós quisestes pensar n’Ela, ao oferecer-me um dom como recordação deste nosso encontro. Obrigado por me haverdes dado uma característica imagem de “Maria, Mãe dos Jovens”. Seja Ela, a Senhora, a acompanhar-vos e proteger-vos neste vosso itinerário espiritual e comunitário. Inspirai-vos n’Ela que, como insígnia do Concílio Vaticano II, é o modelo incomparável e perfeito da vida e da missão da Igreja, é a mãe que gera os cristãos e os conduz à perfeição da caridade (cf. Lumen gentium, 63-65).
Maria ajudar-vos-á a ser apóstolos de paz e a atingir o cume da santidade, como aconteceu a não poucos dos vossos coetâneos que vos precederam. Apraz-me aqui recordar, de modo singular, o beato Piergiorgio Frassati, um verdadeiro atleta de Deus, morto aos vinte e quatro anos, depois de uma vida de amor e de fé. Ele escrevia numa sua carta: “Com o amor semeia-se nos homens a paz, mas não a paz do mundo, a verdadeira paz que só a fé em Jesus Cristo pode dar”. Eis a paz que vós quereis e deveis construir sempre e em toda a parte.

22 de Dezembro de 2000

João Paulo II: 04/12/2000

JOÃO PAULO II
AUDIÊNCIA GERAL

Ao Fórum internacional da Acção Católica

Saúdo em primeiro lugar a vós, caríssimos Irmãos e Irmãs do Fórum internacional da Acção Católica, congregados nestes dias em assembleia aqui em Roma. Saúdo os Bispos presentes e os Presidentes nacionais congregados para a Assembleia. Dirijo um pensamento especial a D. Agostino Superbo, a quem agradeço as amáveis palavras que há pouco me dirigiu, fazendo-se intérprete dos sentimentos também dos demais participantes.

A vossa presença hoje aqui deseja ser um sinal de renovada fidelidade à Igreja e um compromisso a retomar com entusiasmo sempre maior o caminho da nova evangelização. A Acção Católica, assim como qualquer outro Grupo, Associação e Movimento eclesial, é chamada a ser uma autêntica escola de perfeição cristã. Ou seja, é chamada a ser aquele “laboratório da fé” que, como eu dizia aos jovens participantes na inesquecível Vigília de Oração em Tor Vergata, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, contribui para formar verdadeiros discípulos e apóstolos do Senhor. Caríssimos, continuai a aprofundar a vossa busca de Deus. Tende sempre a alma aberta para as grandes expectativas e desafios apostólicos do nosso tempo. Crescei num autêntico espírito eclesial, alimentado pelo estudo dos Documentos conciliares, cujo ensinamento permanece sempre muito actual. Sede fiéis às directrizes operativas que tive a ocasião de traçar na Exortação Apostólica pós-sinodal Christifideles laici. Assim, sereis uma riqueza cada vez maior para toda a Igreja a caminho do terceiro milénio cristão.

3. Remontando às fontes do Concílio Vaticano II, conseguireis captar com maior clareza as notas características da vossa Associação, de maneira particular a sua eclesialidade, secularidade e organicidade, na constante colaboração com os respectivos Pastores. Estas são as características essenciais que definem o rosto da Acção Católica, não obstante as diversificadas siglas e denominações, em inúmeras partes do mundo.

Se às vezes o passo das Comunidades em que trabalhais vos parece lento ou cansativo, não vos desencorajeis mas, pelo contrário, redobrai o vosso amor e esforço a fim de que, com a vossa santidade de vida e o vosso impulso apostólico, a imagem da Igreja seja cada vez mais esplêndida.

Nesta missão de humildes servidores da unidade do povo de Deus, inspirai-vos constantemente nos exemplos e ensinamentos dos Santos e dos Beatos que se formaram no âmbito da vossa Associação: penso de maneira especial nos Santos mártires mexicanos, nos Beatos Pier Giorgio Frassati, em Gianna Beretta Molla, em Pierina Morosini, em Antonia Mesina e ainda na Irmã Grabriela da Unidade.

Acompanhe-vos e proteja-vos Maria, a Virgem Imaculada, de quem, de forma muito especial, vos honrais, invocando-a como Mãe e Rainha da Acção Católica.

4 de Dezembro de 2000

PAPA JOÃO PAULO II