Pier Giorgio Frassati

Pe. Ângelo Arrighini O.P.

No livro: O paraíso do padre Arrighini, publicado em 1942, lê-se esta dedicatória:

Ao venerável
meu discípulo e amigo
Pier Giorgio Frassati
que com o nome de Frei Gerolamo
consagrei na Ordem Terceira
Domenicana,

do céu, onde já qual estrela refulge
enquanto, na terra, se lhe apronta o Altar,
este livro desejado e reclamado,
a fim de que abençoe e difundia,
Dedico

E como nasceu o livro dí-lo o mesmo autor no Prefácio:

… Entre todos aqueles queridos jovens, a maior parte estudantes, distinguia-se pelo zelo, piedade e ainda pela alegria, o agora vintenário Pier Giorgio Frassati. Uma especial admiração pelo ardente batalhador Frei Gerolamo Savonarola, do qual quis, depois, o nome e também por ele atraído para nossa Ordem Terceira, da qual o branco escapulário eu mesmo tive a graça de revesti-lo. E com o nome e hábito de Savonarola pode-se bem afirmar que recebesse também aquele ardente e intrépido zelo apostólico que conduzia o primeiro, ao rogo desta voz para elevá-lo ao altar.
A propósito, um dia, veio à minha cela a pedir-me um livro de meditações sobre o paraíso.
Não o havendo encontrado, Pier Giorgio insistia e o Padre: “Pedes para mim um livro sobre o Paraíso? Não sabes que é um dos mistérios mais sublimes da Teologia, do qual os próprios Santos não sabem senão balbuciar e, por isso, São Paulo, que foi arrebatado ao terceiro céu, dizia ter ouvido e visto uma série de coisas que o homem não tem como repetir?” “É verdade – insistia ainda- mas, ao menos poder-se-ía falar daquele pouco que se sabe, de sua existência, das diversas concessões de que lhe são feitas por todos os povos, das eternas alegrias das quais fala o Evangelho, dos mais seguros e fáceis meios de alcança-lo”. Está bem, conclui para contentá-lo, veremos, com o tempo, escreverei certamente sobre isto. Entretanto, tenho já outros trabalhos em curso; quero dizer quando será feito, a ti será dedicado. Estás satisfeito?”
Ele me assegurou com um aperto de mão mais caloroso do que o de costume, por ter-me posto na memória uma boa idéia e arrancado uma espécie de promessa que eu sempre procrastinava malgrado suas renovadas instâncias. Quando aconteceu, depois, sua prematura e santa morte, senti-me livre de tudo.
Não podia, contudo, sentir-me tranqüilo de consciência: aquele desejo expresso com tanta insistência por um santo, aquela semente de uma obra conquanto árdua e sublime por ânimo, inconscientemente continuou inconscientemente, repito, continuou por cerca de um vintênio a germinar, e desenvolver-se até que surgisse o tempo de dar seu fruto…
Nada de mais disposto do que salvar-nos e ir para o Paraíso. É para nós prova fulgente a vida de nosso querido Pier Giorgio Frassati. Não me lembro, ou, ao menos, não consta que houvesse cumprido ações ou penitências extraordinárias. Que consolado e eficaz exemplo para todos, e especialmente para nós que tivemos a graça de conhecê-lo para, ao menos, alcançar os últimos.
É o que se recomenda neste livro inspirado por ele e tão desejado que, finalmente, posso dedicá-lo cumprindo, assim, a promessa de um longínquo dia.

Colaboração: Thaís R.P.S. Carmo, (3º ano de Educação Artística da Faculdade Santa Marcelina).
São Paulo, 25/08/2008.

* Pe. Ângelo Arrighini é Pregador, escritor, organizador e assistente espiritual de associações juvenis.

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