O “Santo da estrada” amigo dos pobres

Giulio Loccatelli

Mais que na inquieta atmosfera de sua poesia, a Senhora Luciana Frassati soube encontrar, na aflição de seu espírito, um porto seguro e sereno, revivendo em si própria, e fazendo com que muitos outros revivessem, a recordação daquele seu prediletíssimo irmão Pier Giorgio, primeiramente com a publicação de um notável epistolário e agora com uma obra toda original e inédita, que vem a colocar um áureo sigilo à sua admirável e continuada fadiga de mais de um ano de pesquisa e investigações nos mais diversos ambientes de Turim. Tratava-se de salvar um precioso patrimônio procurando as testemunhas de mais de trinta anos atrás, que tiveram uma certa familiaridade com o jovem aluno do Politécnico e que poderiam depor, como por uma atitude sagrada, sobre a sua multiforme atividade de herói da caridade cristã. Tarefa árdua e certamente mais apropriada a ‘fortes ombros’ que ao empenho de uma mulher, mesmo que de máxima boa vontade, que não fosse a bondosa irmã, paciente e tenaz até o sacrifício, da singela estirpe dos Frassati. Passo após passo, mesmo atrás de tênues vestígios de um nome, ei-la a reconstruir todo um longo itinerário de amor atrás das pegadas daquele irmão: pelas salas universitárias, dentro das lojas, ao longo dos corredores dos hospitais e das internações, nos escritórios dos homens de cultura, nos conventos, nas guaritas dos edifícios, nos gélidos telhados, onde quer que alguém pudesse dizer algo sobre ele no exercício preferido de ajuda aos que sofrem, aos desprezados da sociedade. Que itinerário precioso e qual revelação! Vieram à tona centenas de particulares ignorados e agradabilíssimos, todos autênticos e destinados a serem minuciosamente lidos e meditados, não somente por aqueles que nas Conferências de São Vicente de Paula, onde Pier Giorgio encontrou a sua apaixonada palestra cotidiana, dedicam-se de maneira especial ao exercício da caridade.
Refletindo um pouco mais, parece que a Senhora Luciana imitou o postulador da causa de um Bem-aventurado no recolher tão minuciosa messe de vivas documentações, muitas vezes esquelética, e por isso, eficacíssimas em sua concisão e sinceridade. Alguém disse que o jovem “tinha todos os requisitos para ser um santo: amor a Deus e amor ao próximo.” Um outro adicionou: “A sua virtude pareceu-me sempre heróica. Sabia-se que pertencia a uma das famílias mais abastadas de Turim e vinha até nós unir-se aos pobres, escondendo sempre aquilo que fazia de bem. Para nós Pier Giorgio era um santo.” Mas um santo alegre, animado, de larga visão, amante das escaladas em montanhas, que “fazia o bem pela alegria de fazê-lo” e que mostrava-se habitualmente “preocupado com a miséria e a necessidade dos humildes. De fato, era uma exigência sua sê-lo – assim diz Paolo Gandi –e não uma atitude de sua própria vontade.” Aos seus encontros quase diários com a caridade – era assíduo do Cottolengo, do leprosário, das Pequenas Irmãs – apresentava-se de maneira senhoril e, ao mesmo tempo, desembaraçado, alegre, cortês. Bastava olhar, para ver com que graça materna acariciava as crianças pobres e esfarrapadas, e como, entrando nos casebres da periferia de sua Turim, logo tirasse o chapéu e estendesse amigavelmente a sua mão àqueles que vinham-lhe ao encontro temorosos: aquelas pessoas quase nunca vieram a saber quem fosse aquele distinto senhor que sentava-se no leito dos doentes e tomava nota de todas as necessidades da família.
Há quem se recorde, com comoção, de como ele sabia submeter-se, sem demonstrar o mínimo embaraço, aos mais baixos trabalhos de assistência, até mesmo higiênicos – a epidemia de 1918 multiplicou tais atos exemplares ao infinito – rico de todas as formas de caridade, ao dizer do Frei Giocondo: “da palavra ao gesto que conforta até ao ponto de ajudar-te a descer um degrau, manifestação e forma dificilíssima arriscando, a cada momento, de cair em uma etiqueta superficial.”
De resto, tendo aprendido ainda criança, quando, não tendo outra coisa, tirou os sapatos e as meias para dá-los em esmola, Pier Giorgio obedecia ao difícil mandamento a ser realizado: “em todos os momentos estar ao seviço dos pobres.”
Graciosíssimos episódios referem-se a Pier Giorgio em seu transformar-se, várias vezes, – a propósito tem quem o definiu muito bem – em uma “sucursal de agência de transportes” e carregando-se de pacotes e lenha, como um animal de carga (é a observação de Camilla Rivetti) atravessando, sob aqueles trajes de carregador, as ruas principais, sem olhar a ninguém. Um dia o redator do “Stampa” admirou-se ao vê-lo puxando um carrinho pela rua: fez de conta de nada, mas depois ao reencontrá-lo na redação do jornal de seu pai pediu explicação. “Como? Não viu? – responde sagazmente Pier Giorgio – Aquele pobre velho que não aguentava puxá-lo em meio à gente?”
Esse puxar carinhos, seja para transportar coisas a serem entregues nos dias de visita, seja para ajudar aos pobrezinhos que tivessem que desalojar os utensílios de suas pequenas habitações, é um dos aspectos mais característicos do ânimo piedoso de Frassati contra o respeito humano, em uma sincera independência de caráter, ao ponto de ser chamado por Giovanni Grippa de “o santo da estrada”. Precisava tê-lo visto nos dias próximos ao Natal e à Páscoa: documentam as testemunhas que a sua atividade tornava-se “frenética”: pacotes sobre pacotes, frascos de vinho, peças de vestuário, roupas, Pier Giorgio transformava-se em um armazém ambulante, o contente carregador dos indigentes.
No Natal de 1924, assumiu sozinho a tarefa de socorrer nove famílias. Quem o aconselhava de usar, para as viagens, que na maiorias das vezes eram longas, o automóvel da casa, teve por resposta que seria um humilhar os pobres: andava, portanto, sempre a pé, dando de esmolas o dinheiro que guardava para tomar o bonde.
Seria, agora, um alongar-se demais enumerar as taxas escolares, as contas de gás, as receitas médicas com as suas “entradas”, certamente não tão elevadas, sem contar o enorme acúmulo de correspondências para procurar empregos, para recomendar todos aqueles que a ele recorriam confiantes naquele acolhedor convite. Ele não tinha hesitações para com eles e se, por acaso, percebia que certas pessoas que viviam na miséria não estavam realmente dispostas a procurar um trabalho e ali permanecer, cortava o assunto dizendo que “a caridade é sempre bem feita e sempre pronta a produzir os seus frutos, mesmo que se as pessoas que a recebem ou as que a exercitam não sejam dignas.”

“Il Giornale d’Italia”, 28 de fevereiro de 1952.

Bento XVI: 27/07/2008

PAPA BENTO XVI
ANGELUS
Palácio Apostólico de Castel Gandolfo

Queridos irmãos e irmãs!
Regressei de Sidney, na Austrália, sede da 23ª Jornada Mundial da Juventude, na passada segunda-feira. Ainda tenho diante dos olhos e no coração esta extraordinária experiência, na qual me foi concedido encontrar o rosto jovem da Igreja:  era como um mosaico multicolor, formado por jovens e moças provenientes de todas as partes da terra, todos reunidos pela única fé em Jesus Cristo. “Young pilgrims of the world jovens peregrinos do mundo”, assim chamava ao povo com uma bonita expressão que realça o essencial destas Jornadas internacionais às quais deu início João Paulo II. De facto, estes encontros formam as etapas de uma grande peregrinação através do planeta, para manifestar como a fé em Cristo nos torna a todos filhos do único Pai que está nos céus e construtores da civilização do amor.
Característica própria do encontro de Sidney foi a tomada de consciência da centralidade do Espírito Santo, protagonista da vida da Igreja e do cristão. O longo caminho de preparação nas Igrejas particulares tinha como tema a promessa feita por Cristo ressuscitado aos Apóstolos:  “Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós e sereis minhas testemunhas” (Act 1, 8). Nos dias 16, 17 e 18 de Julho, nas igrejas de Sidney, os numerosos Bispos presentes exerceram o seu ministério, propondo as catequeses nas várias línguas:  estas catequeses são momentos de reflexão e de recolhimento indispensáveis para que o acontecimento não permaneça só uma manifestação externa, mas deixe uma marca profunda nas consciências. A vigília da noite no coração da cidade, sob o Cruzeiro do Sul, foi uma coral invocação do Espírito Santo; e por fim, durante a grande Celebração eucarística de domingo passado, administrei o Sacramento da Confirmação a 24 jovens de vários continentes, dos quais 14 australianos, convidando todos os presentes a renovar as promessas baptismais. Assim esta Jornada Mundial transformou-se num novo Pentecostes, a partir do qual recomeçou a missão dos jovens, chamados a ser apóstolos dos seus coetâneos, como tantos santos e beatos, e em particular o Beato Piergiorgio Frassati, cujas relíquias, colocadas na Catedral de Sidney, foram veneradas por uma ininterrupta peregrinação de jovens. Cada jovem e moça foi convidado a seguir o seu exemplo, a partilhar a experiência pessoal de Jesus, que muda a vida dos seus “amigos” com a força do Espírito Santo, o Espírito do amor de Deus.
Desejo hoje agradecer novamente aos Bispos da Austrália, em particular ao Arcebispo de Sidney, o grande trabalho de preparação e o cordial acolhimento que me reservaram, assim como a todos os outros peregrinos. Agradeço às Autoridades civis australianas a sua preciosa colaboração. Dirijo um agradecimento especial a quantos, em todas as partes do mundo, rezaram por este acontecimento, garantindo o seu bom êxito. A Virgem Maria recompense cada um com as graças mais belas. A Maria confio também o período de repouso que transcorrerei a partir de amanhã em Bressanone, entre os montes do Alto  Ádige.  Permaneçamos  todos  na oração!

Domingo, 27 de Julho de 2008
© Copyright 2008 – Libreria Editrice Vaticana

Bento XVI: 09/11/2007

DISCURSO DO PAPA BENTO XVI
NO ENCONTRO COM OS JOVENS DA FEDERAÇÃO
UNIVERSITÁRIA CATÓLICA ITALIANA (FUCI)

Queridos jovens amigos da FUCI!
É-me particularmente agradável esta vossa visita, que realizais no final das celebrações para o 110º aniversário do nascimento da vossa Associação, a FUCI, Federação Universitária Católica Italiana. Dirijo a cada um de vós a minha saudação cordial, começando pelos Presidentes Nacionais e pelo Assistente Eclesiástico Central, e agradeço as palavras que me dirigiram em vosso nome. Saúdo D. Giuseppe Betori, Secretário-Geral da Conferência Episcopal Italiana, e D. Domenico Sigalini, Bispo de Palestrina e Assistente Eclesiástico Geral da Acção Católica Italiana, que vos acompanhou nesta Audiência e com a sua presença testemunham o forte enraizamento da FUCI na Igreja que está na Itália. Saúdo os Assistentes diocesanos e os membros da Fundação da FUCI. A todos e a cada um renovo o apreço da Igreja pelo trabalho que a vossa Associação desempenha no mundo universitário ao serviço do Evangelho.
A FUCI celebra os seus 110 anos: uma ocasião propícia para olhar para o caminho percorrido e para as perspectivas futuras. A preservação da memória histórica representa um precioso valor para que, ao considerar a qualidade e a consistência das próprias raízes, somos mais facilmente estimulados a prosseguir com entusiasmo o percurso iniciado. Nesta feliz circunstância, retomo de bom grado as palavras que há dez anos o meu amado predecessor João Paulo II vos dirigiu, por ocasião do vosso centenário: “A história destes 100 anos disse ele confirma precisamente que a vicissitude da FUCI constitui um capítulo significativo na vida da Igreja na Itália, em particular naquele vasto e multiforme movimento laical que tem o seu eixo fundamental na Acção Católica” (Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XIX, 1 [1996], pág. 1110).
Como não reconhecer que a FUCI contribuiu para a formação de gerações inteiras de cristãos exemplares, que souberam traduzir na vida e com a vida o Evangelho, comprometendo-se a níveis cultural, civil, social e eclesial? Penso, em primeiro lugar, nos beatos Piergiorgio Frassati e Alberto Marvelli, vossos coetâneos; recordo personalidades ilustres como Aldo Moro e Vittorio Bachelet, ambos barbaramente assassinados; também não posso esquecer o meu venerado predecessor Paulo VI, que foi atento e corajoso Assistente eclesiástico central da FUCI nos anos difíceis do fascismo, e depois os Monsenhores Emílio Guano e Franco Costa. Além disso, os últimos dez anos caracterizaram-se pelo compromisso decidido da FUCI em redescobrir a própria dimensão universitária. Depois de não poucos debates e intensas discussões, nos meados dos anos 90, na Itália foi lançada mão de uma radical reforma do sistema académico, que agora apresenta uma nova fisionomia, cheia de prometedoras perspectivas, mas também com elementos que suscitam uma legítima preocupação. E vós, quer nos recentes Congressos quer nas páginas da revista Ricerca, preocupastes-vos constantemente pela nova configuração dos estudos académicos, das relativas modificações legislativas, do tema da participação estudantil e dos modos como as dinâmicas globais da comunicação incidem sobre a formação e transmissão do saber.
É precisamente neste âmbito que a FUCI pode expressar plenamente também hoje o seu antigo e sempre actual carisma: isto é, o testemunho convicto da “possível amizade” entre a inteligência e a fé, que exige o esforço incessante de conjugar a maturação na fé com o crescimento no estudo e a aquisição do saber científico. Neste contexto adquire um valor significativo a expressão que tanto apreciais: “crer no estudo”. De facto, por que considerar que quem tem fé deve renunciar à pesquisa livre da verdade, e quem procura livremente a verdade deve renunciar à fé? Ao contrário é possível, precisamente durante os estudos universitários e graças a eles, realizar uma autêntica maturação humana, científica e espiritual. “Crer no estudo” significa reconhecer que o estudo e a pesquisa especialmente durante os anos da Universidade prosseguem com uma força intrínseca de ampliação dos horizontes da inteligência humana, sob condição de que o estudo académico conserve um perfil exigente, rigoroso, sério, metódico e progressivo. Aliás, com estas condições ele representa uma vantagem para a formação global da pessoa humana, como costumava dizer o Beato Giuseppe Tovini, afirmando que com o estudo os jovens nunca seriam pobres, enquanto que sem o estudo nunca seriam ricos.
O estudo constitui, ao mesmo tempo, uma providencial oportunidade para progredir no caminho da fé, porque a inteligência bem cultivada abre o coração do homem à escuta da voz de Deus, ressaltando a importância do discernimento e da humildade. Referi-me precisamente ao valor da humildade no recente Encontro de Loreto, quando exortei os jovens italianos a não seguir o caminho do orgulho, mas o de um sentido realista da vida aberto à dimensão transcendente. Hoje, como no passado, quem quer ser discípulo de Cristo é chamado a ir contra a corrente, a não se deixar levar por atractivos interessantes e persuasivos que provêm de diversos púlpitos onde são difundidos comportamentos marcados pela arrogância e pela violência, pela prepotência e pela conquista do sucesso com qualquer meio. Registra-se na sociedade actual uma corrida por vezes desenfreada para o parecer e ter em desvantagem infelizmente do ser, e a Igreja, mestra em humildade, nunca se cansa de exortar especialmente as novas gerações, às quais vós pertenceis, a permanecer vigilantes e a não temer a escolha de vias “alternativas” que só Cristo sabe indicar.
Sim, queridos amigos, Jesus chama todos os seus amigos a orientar a sua existência para um modo de viver sóbrio e solidário, a tecer relações afectivas sinceras e gratuitas com os outros. A vós, queridos jovens estudantes, pede que vos comprometais honestamente no estudo, cultivando um sentido maduro de responsabilidade e um interesse partilhado pelo bem comum. Portanto, os anos da Universidade sejam palestra de testemunho evangélico convicto e corajoso. E para realizar esta vossa missão, procurai cultivar uma amizade íntima com o Mestre divino, colocando-vos na escola de Maria, Sede da Sabedoria. Confio-vos à sua materna intercessão e, ao garantir-vos uma lembrança na oração, concedo de coração a todos com afecto uma especial Bênção Apostólica, que de bom grado faço extensiva às vossas famílias e às pessoas que vos são queridas.

Sexta-feira, 9 de Novembro de 2007
© Copyright 2007 – Libreria Editrice Vaticana

Bento XVI: 02/09/2007

VISITA PASTORAL
DO PAPA BENTO XVI
A LORETO
POR OCASIÃO DO ÁGORA
DOS JOVENS ITALIANOS

HOMILIA DO SANTO PADRE
NA CONCELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA
NA ESPLANADA DE MONTORSO

Queridos amigos, o caminho da humildade não é portanto a vereda da renúncia, mas sim da coragem. Não é o êxito de uma derrota, mas o resultado de uma vitória do amor sobre o egoísmo e da graça sobre o pecado. Seguindo Cristo e imitando Maria, devemos ter a coragem da humildade; temos de confiar-nos humildemente ao Senhor, porque só deste modo poderemos tornar-nos instrumentos dóceis nas suas mãos, permitindo-lhe fazer em nós grandes coisas. O Senhor realizou maravilhas em Maria e nos Santos! Penso, por exemplo, em Francisco de Assis e em Catarina de Sena, Padroeiros da Itália. Penso também em jovens esplêndidos, como Santa Gema Galgani, São Gabriel dell’Addolorata, São Luís Gonzaga, São Domingos Sávio, Santa Maria Goretti, que nasceu não distante daqui, e nos Beatos Piergiorgio Frassati e Alberto Marvelli. E penso inclusive nos numerosos rapazes e moças que pertencem à plêiade dos Santos “anónimos”, mas que para Deus não são anónimos. Para Ele, cada pessoa individualmente é única, com o seu nome e o seu rosto. Todos nós, e vós bem o sabeis, somos chamados a ser santos!

Domingo, 2 de Setembro de 2007

Bento XVI: 04/07/2007

PAPA APRESENTA EXEMPLO DE PIERGIORGIO FRASSATI, ESTUDANTE E ESPORTISTA

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 4 de julho de 2007 – Bento XVI apresentou nesta quarta-feira o modelo de vida do beato Piergiorgio Frassati, jovem estudante e esportista falecido aos 24 anos.

Ao final da audiência geral, o Papa dirigiu uma breve saudação aos jovens, aos enfermos e aos recém-casados para apresentar-lhes esse beato italiano da Ação Católica, que viveu entre o ano 1901 e 1925, cuja memória litúrgica se celebrava neste dia.

«Que seu exemplo vos dê forças, queridos jovens, para testemunhar o Evangelho em toda circunstância da vida», disse o Santo Padre.

«Que vos ajude, queridos enfermos, a oferecer vossos sofrimentos cotidianos para que se realize no mundo a civilização do amor», acrescentou.

«Que vos apóie, queridos recém-casados — alguns levavam a roupa de casamento — a construir vossa família sobre a sólida base da íntima união com Deus.»

Piergiorgio era filho de Alfredo Frassati, fundador e diretor do jornal «La Stampa», ainda hoje um dos jornais mais importantes da Itália.

Para estar próximo dos mineiros, o jovem rapaz decidiu estudar engenharia de minas no Politécnico de Turim.

Apaixonado pela montanha, fazia de suas excursões uma oportunidade de apostolado e oração em comum. Pouco antes de obter o diploma de engenheiro, teve poliomielite. Morreu, após uma semana de sofrimentos, em 4 de julho de 1925.

João Paulo II, que se inspirou em seu exemplo durante sua juventude, como ele mesmo revelaria depois, beatificou Piergiorgio Frassati em 20 de maio de 1990.

Fonte: ZENIT.org

João Paulo II: 04/07/2001

PAPA JOÃO PAULO II
AUDIÊNCIA

Hoje celebramos a memória litúrgica do Beato Piergiorgio Frassati. O tenaz exemplo de fidelidade a Cristo, oferecido por este jovem Beato vos revigore, queridos rapazes e queridas jovens, no generoso propósito de dar testemunho do Evangelho em cada circunstância da vida. O Beato Piergiorgio Frassati vos ajude, estimados doentes, a oferecer os vossos sofrimentos quotidianos em comunhão com toda a Igreja, para que no mundo se realize a civilização do amor; e vos sustente, dilectos novos casais, na edificação da vossa família sobre o sólido fundamento da união íntima com Deus.

Quarta-feira 4 de julho de 2001

João Paulo II: 22/12/2000

Placa recordando a visita do papa João Paulo II ao cemitério de Pollone

PAPA JOÃO PAULO II

Nestes dias de Advento e no mistério do Natal sobressai a imagem silenciosa de Maria, Virgem fiel e Mãe cheia de carinhos. Nestes dias vós quisestes pensar n’Ela, ao oferecer-me um dom como recordação deste nosso encontro. Obrigado por me haverdes dado uma característica imagem de “Maria, Mãe dos Jovens”. Seja Ela, a Senhora, a acompanhar-vos e proteger-vos neste vosso itinerário espiritual e comunitário. Inspirai-vos n’Ela que, como insígnia do Concílio Vaticano II, é o modelo incomparável e perfeito da vida e da missão da Igreja, é a mãe que gera os cristãos e os conduz à perfeição da caridade (cf. Lumen gentium, 63-65).
Maria ajudar-vos-á a ser apóstolos de paz e a atingir o cume da santidade, como aconteceu a não poucos dos vossos coetâneos que vos precederam. Apraz-me aqui recordar, de modo singular, o beato Piergiorgio Frassati, um verdadeiro atleta de Deus, morto aos vinte e quatro anos, depois de uma vida de amor e de fé. Ele escrevia numa sua carta: “Com o amor semeia-se nos homens a paz, mas não a paz do mundo, a verdadeira paz que só a fé em Jesus Cristo pode dar”. Eis a paz que vós quereis e deveis construir sempre e em toda a parte.

22 de Dezembro de 2000

João Paulo II: 04/12/2000

JOÃO PAULO II
AUDIÊNCIA GERAL

Ao Fórum internacional da Acção Católica

Saúdo em primeiro lugar a vós, caríssimos Irmãos e Irmãs do Fórum internacional da Acção Católica, congregados nestes dias em assembleia aqui em Roma. Saúdo os Bispos presentes e os Presidentes nacionais congregados para a Assembleia. Dirijo um pensamento especial a D. Agostino Superbo, a quem agradeço as amáveis palavras que há pouco me dirigiu, fazendo-se intérprete dos sentimentos também dos demais participantes.

A vossa presença hoje aqui deseja ser um sinal de renovada fidelidade à Igreja e um compromisso a retomar com entusiasmo sempre maior o caminho da nova evangelização. A Acção Católica, assim como qualquer outro Grupo, Associação e Movimento eclesial, é chamada a ser uma autêntica escola de perfeição cristã. Ou seja, é chamada a ser aquele “laboratório da fé” que, como eu dizia aos jovens participantes na inesquecível Vigília de Oração em Tor Vergata, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, contribui para formar verdadeiros discípulos e apóstolos do Senhor. Caríssimos, continuai a aprofundar a vossa busca de Deus. Tende sempre a alma aberta para as grandes expectativas e desafios apostólicos do nosso tempo. Crescei num autêntico espírito eclesial, alimentado pelo estudo dos Documentos conciliares, cujo ensinamento permanece sempre muito actual. Sede fiéis às directrizes operativas que tive a ocasião de traçar na Exortação Apostólica pós-sinodal Christifideles laici. Assim, sereis uma riqueza cada vez maior para toda a Igreja a caminho do terceiro milénio cristão.

3. Remontando às fontes do Concílio Vaticano II, conseguireis captar com maior clareza as notas características da vossa Associação, de maneira particular a sua eclesialidade, secularidade e organicidade, na constante colaboração com os respectivos Pastores. Estas são as características essenciais que definem o rosto da Acção Católica, não obstante as diversificadas siglas e denominações, em inúmeras partes do mundo.

Se às vezes o passo das Comunidades em que trabalhais vos parece lento ou cansativo, não vos desencorajeis mas, pelo contrário, redobrai o vosso amor e esforço a fim de que, com a vossa santidade de vida e o vosso impulso apostólico, a imagem da Igreja seja cada vez mais esplêndida.

Nesta missão de humildes servidores da unidade do povo de Deus, inspirai-vos constantemente nos exemplos e ensinamentos dos Santos e dos Beatos que se formaram no âmbito da vossa Associação: penso de maneira especial nos Santos mártires mexicanos, nos Beatos Pier Giorgio Frassati, em Gianna Beretta Molla, em Pierina Morosini, em Antonia Mesina e ainda na Irmã Grabriela da Unidade.

Acompanhe-vos e proteja-vos Maria, a Virgem Imaculada, de quem, de forma muito especial, vos honrais, invocando-a como Mãe e Rainha da Acção Católica.

4 de Dezembro de 2000

PAPA JOÃO PAULO II

João Paulo II: 17/10/1999

JOÃO PAULO II
ANGELUS

O “Sino da Paz”
Acolho com afecto os “Meninos albaneses embaixadores de paz”, com os missionários e os educadores, e é-me grato benzer o “Sino da Paz”, realizado com os cartuxos recolhidos na região albanesa da Zadrima, e que será colocado na praça central de Tirana no dia 1 de Janeiro de 2000.
Saúdo, além disso, os membros da associação “Giovane Montagna”, os quais, no espírito do Beato Pier Giorgio Frassati, percorreram a pé um antigo “caminho dos peregrinos”, desde os Alpes até Roma.

Domingo, 17 de Outubro de 1999

PAPA JOÃO PAULO II

João Paulo II: 27/05/1999

MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II
AO ASSISTENTE-GERAL
DA ACÇÃO CATÓLICA ITALIANA

Ao venerado Irmão D. AGOSTINO SUPERBO
Assistente-Geral da Acção Católica Italiana

1. Por ocasião da VII Assembleia nacional do Movimento Eclesial de Compromisso Cultural (MEIC), que terá lugar em Assis nos próximos dias 28-30 de Maio, desejo transmitir-lhe, venerado Irmão, bem como ao Assistente Central, Mons. Pino Scabini, ao Presidente Nacional, Prof. Lorenzo Caselli, e aos demais participantes a minha afável e cordial saudação, juntamente com as expressões do meu apreço e encorajamento.
Com este importante encontro o MEIC – que na nova denominação reúne a benemérita tradição dos «Laureados católicos» e os ideais jamais esquecidos dos seus fundadores, o então D. Giovanni Battista Montini, sucessivamente Papa Paulo VI, de veneranda memória, e o Prof. Igino Righetti – interroga-se acerca do modo como exercer no limiar do novo Milénio e em continuidade com a sua história, uma responsabilidade cultural assumida como vocação de «caridade de inteligência».
A incessante aceleração dos ritmos da história, a crise das culturas, os desafios apresentados por algumas escolas de pensamento e por uma mentalidade que ignora cada vez mais a antropologia cristã exigem um renovado anúncio do Evangelho que, como recordava o meu venerado predecessor Paulo VI, consiste fundamentalmente em inserir a Palavra de Deus no círculo do debate humano (cf. Ecclesiam suam, AAS 56 [1964], pág. 664). A nova evangelização, urgente tarefa da Igreja contemporânea, compromete o MEIC no cuidado pela cultura, a fim de que esta seja vivificada pelo fermento do Evangelho, através da via do respeito da inteligência e da competência na investigação da verdade; do cultivo dos vários campos do saber, à luz da Revelação estudada com paixão; de uma participação incondicional nos propósitos essenciais da Igreja, em plena comunhão com os Pastores; do diálogo paciente e persuadido, em atitude de cordial abertura a cada um dos interlocutores. Este compromisso, que pode contar com a promissora presença dos jovens e a rica experiência de quantos desde há muito tempo fazem parte desta Associação, tem em vista em primeiro lugar suscitar a consciência de que são «pedras vivas» de um edifício espiritual maior, onde se podem saborear os frutos de reconciliação e de paz que o próximo ano jubilar celebra e, num certo sentido, antecipa (cf. 1 Pd 2, 5).
2. Na oportuna busca de novas abordagens culturais para melhor enfrentar os desafios do presente, é necessário que se conserve inalterada a finalidade da vossa Associação que, como tive ocasião de dizer no encontro de 16 de Janeiro de 1982, consiste em «pensar e promover a cultura em estreita conexão com a fé que professais, actuando uma verdadeira síntese entre a fé e a cultura. Esta é a vossa missão específica, à qual jamais vos podeis subtrair como homens de cultura ou como crentes, uma vez que tal síntese é exigência tanto da cultura como da fé» (Insegnamenti V/1, pp. 129-130).
Consequentemente, deve-se cultivar com particular cuidado o carácter eclesial laical que, além de qualificar a presença do MEIC nos modernos areópagos culturais e profissionais, garante a sua identidade de movimento de pessoas amadurecidas na fé, co-responsáveis pela obra de evangelização, em união de intenções com outras experiências eclesiais, especialmente com a Acção Católica Italiana. Quanto a isto, muito beneficiará o Movimento o assíduo contributo dos Assistentes eclesiásticos, sinal do ligame com o Bispo e o Magistério da Igreja.
Os propósitos e a identidade do MEIC encontrarão num estilo de vida arraigado no Evangelho e experimentado na investigação científica e no serviço aos irmãos, a mais excelsa garantia de autenticidade e a capacidade de valorizar o passado para se abrir corajosamente ao futuro.
Ao realizarem a sua precípua vocação, os membros do MEIC serão orientados e estimulados por inumeráveis testemunhas fiéis a Deus e ao homem, algumas das quais foram elevadas às honras dos altares: de São José Moscati aos Beatos Contardo Ferrini e Piergiorgio Frassati, do Servo de Deus Paulo VI a José Lazzari, Vico Necchi, Itália Mela, Vitório Bachelet e aos numerosos homens e mulheres que assumiram com seriedade este imperativo: «Assim como Aquele que vos chamou é santo, sede também vós santos em todas as vossas acções, pois está escrito: “Sereis santos porque Eu sou santo”» (1 Pd 1, 15-16).
3. Por conseguinte, o tema da VII Assembleia nacional, «Testemunho do Evangelho e estilos de vida. A responsabilidade do MEIC» adquire uma singular característica de actualidade.
Diante dos limites e dos riscos de uma complexidade fragmentada, de um eclipse da razão crítica, de uma crescen-te separação entre fé e razão, é necessário despender contínuos esforços de análise e de síntese do contributo, paciente e às vezes difícil, que o crente deve oferecer ao mundo da cultura. Este exige o conhecimento dos multíplices estilos de vida presentes no contexto actual, o contacto real com a sociedade e o confronto com os vários ambientes, culturas e situações. Esta tarefa deve ser assumida por pessoas que, não só a nível individual mas coralmente, tenham a capacidade de meditar, discernir e criar uma sintonia entre os diversificados pólos culturais, ajudando a cultura leiga a situar-se naquele horizonte genuíno que consente ao homem a suprema realização de si mesmo (cf. Fides et ratio, 107)
Interpretar as exigências da sociedade italiana, assumir as problemáticas mais radicais que inquietam as consciências e ao mesmo tempo apelam ao mistério de Deus, empenhar-se em criar o paciente equilíbrio que requer a «compenetração da cidade terrena e da cidade celeste», concebida na fé e destinada a consolidar a mesma vida civil, tornando-a mais humana (cf. Gaudium et spes, 40): eis a contribuição do MEIC para o Projecto cultural orientado em sentido cristão, promovido pela Igreja que está na Itália!
Para servir de maneira cada vez mais incisiva a Igreja e a cidade do homem, o MEIC é chamado a enriquecer a sua diaconia à verdade com as características da criatividade e do esforço de permanecer sempre na perspectiva sapiencial que leva à nascente vivificante: o Senhor Jesus, de quem promanam a verdade e a graça (cf. Jo 1, 17).
Desta forma, as Igrejas locais e a mesma Comunidade nacional poderão receber um significativo contributo em vista da promoção de uma nova cultura aberta aos grandes valores humanos e cristãos.
4. Formulo votos por que esta Assembleia constitua para o MEIC um momento de renovada fidelidade, de profícua investigação e de corajosa projectação, e que nesta perspectiva o iminente Grande Jubileu do Ano Santo 2000 seja para todos os seus aderentes uma ocasião para encontrar Cristo e, n’Ele, «o verdadeiro critério para avaliar a realidade temporal e qualquer projecto que procure tornar a vida do homem cada vez mais humana» (Incarnationis mysterium, 1).
Com estes bons votos, enquanto invoco a materna intercessão da Virgem Sede da Sabedoria, que ensina a interpretar a história à luz do amor sempre novo do Pai, de coração concedo-lhe, venerado Irmão, bem como aos Representantes do MEIC, aos participantes na Assembleia e ao inteiro Movimento a implorada Bênção Apostólica, portadora da luz e da benevolência divinas.

Vaticano, 27 de Maio de 1999.

PAPA JOÃO PAULO II

Copy Protected by Tech Tips's CopyProtect Wordpress Blogs.