Canonização dos Beatos Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis em 7 de setembro de 2025.

Hoje, dia de Santo António e do aniversário da 2ª aparição de Nossa Senhora em Fátima, o Santo Padre Leão XIV anunciou ao mundo a nova data da canonização dos beatos Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis. Dia 7 de Setembro de 2025 ,na praça de São Pedro serão oficialmente declarado Santo da Igreja Universal.

Caminho para a santidade: Beato Pier Giorgio Frassati será canonizado em 2025

Durante um encontro recente com a Ação Católica em Sacrofano, Itália, o cardeal Marcello Semeraro, prefeito do dicastério para as Causas dos Santos, compartilhou uma notícia esperançosa para os devotos de Pier Giorgio Frassati: a sua canonização pode ocorrer no jubileu de 2025. “Gostaria de dizer que a canonização do beato Pier Giorgio Frassati está agora claramente no horizonte e em vista para o próximo jubileu”, afirmou o cardeal, segundo relatos do Avvenire, jornal oficial da conferência episcopal italiana.

Pier Giorgio Frassati, que faleceu prematuramente aos 24 anos em 1925, é venerado por muitos jovens católicos por seu entusiasmo e dedicação à santidade. Nascido em Turim, Itália, Frassati era conhecido não apenas por sua paixão pelo alpinismo, mas também por seu compromisso com a caridade. Desde jovem, dedicou-se ao serviço dos mais necessitados, incluindo pobres, sem-teto, enfermos e veteranos da Primeira Guerra Mundial.

Frassati também se destacou por sua participação ativa no Apostolado da Oração e na Ação Católica, sendo-lhe concedida a permissão para receber a comunhão diariamente, uma prática não comum na época. Sua última escalada foi imortalizada em uma fotografia com a frase “Verso L’Alto” (Às Alturas), que se tornou um lema para aqueles inspirados por sua vida a aspirarem à vida eterna com Cristo.

Após sua morte por poliomielite os médicos suspeitaram que Frassati tenha contraído a doença enquanto servia aos doentes, evidenciando ainda mais seu altruísmo. Beatificado em 1990 por São João Paulo II, que o chamou de “homem das Oito Bem-Aventuranças”, Frassati é lembrado por sua profunda imersão no mistério de Deus e dedicação ao próximo.

Para que sua canonização se concretize, um milagre atribuído à sua intercessão precisa ser reconhecido oficialmente por um decreto papal. O papa Francisco, em conjunto com o cardeal Semeraro, é responsável por assinar tais decretos, marcando um passo crucial no processo de canonização.

Fonte: ACI Digital

ier Giorgio com chapeú de papel .

A Devoção à Nossa Senhora: Alimento para a fé em Pier Giorgio Frassati

Frei Alessandro Rosso, o.f.m. cap.

Pier Giorgio Frassati, desde a primeira juventude, teve uma adesão humilde e forte à fé recebida em germe no santo Batismo, alimentada pela educação cristã recebida na família e, sobretudo, pelos sacerdotes que o prepararam para os sacramentos da iniciação cristã. E esta adesão foi, pouco a pouco, crescendo com o estudo do catecismo e do Evangelho, com a oração assídua e uma profunda devoção eucarística e mariana.

1 – A fé, fundamento da vida espiritual do Beato

Sua fé era plena, forte, alegre e operosa. E, desta fé, provinha a sua caridade multiforme e o zelo para conduzir outros – fossem amigos ou pobres assistidos – para o amor do Senhor.
É importante, para compreender como a fé era realmente o fundamento da vida espiritual de Pier Giorgio, transcrever três trechos das cartas dirigidas ao amigo Isidoro Bonini, que remontam aos últimos meses de sua vida e que são citadas no volume: Lettere di Pier Giorgio Frassati (“Cartas de Pier Giorgio Frassati”), Queriniana, 1950.

15 de janeiro de 1925
“… De tempos em tempos, me pergunto: continuarei buscando seguir o bom caminho? Terei a ventura de perseverar até o fim? Em meio a este tremendo embate diante das dúvidas, a fé que me foi dada no Batismo me aconselha com voz segura: ‘Por si mesmo, você não fará nada, mas se tiver a Deus como centro de todas as suas ações, então, sim: você chegará ao fim’. É justamente isso que gostaria de poder fazer e tomar como lema o dito de Santo Agostinho: ‘Ó Senhor, inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em ti’…” (o.c. p. 192).

29 de janeiro de 1925
“… Terei a força para chegar? Sem dúvida, a fé é a única âncora de salvação e é preciso agarrar-se fortemente a ela. Que seria toda a nossa vida sem ela? Nada, ou melhor: seria consumida inutilmente, pois, no mundo, só há dor e a dor sem a fé é insuportável, enquanto que a dor alimentada  pela pequena chama da fé se torna algo de belo porque robustece a alma para a luta…” (o.c. p. 194).

27 de fevereiro de 1925
“… pobres infelizes aqueles que não têm fé! Viver sem uma fé, sem um patrimônio a ser defendido, sem sustentar, numa luta contínua, a verdade não é viver, mas é ir vivendo. Nós nunca devemos ir vivendo, porque, também através de qualquer desilusão, devemos nos lembrar de que somos os únicos que possuímos a verdade; temos uma fé a sustentar, uma esperança a atingir: a nossa Pátria. E, por isso, expulso qualquer tristeza, que só pode existir quando se perde a fé…” (o.c. p. 196).

Alimento de sua fé e de sua multiforme caridade foi, sem dúvida, a sua piedade eucarística; mas, fundamento e guia foi a sua devoção à Nossa Senhora, à sua Mamãe do céu. Era o que recordava, em uma de suas conferências, o amigo Marco Beltrano Ceppi, depois anexada ao Processo Apostólico (Summ, p. 296).
“Se vocês me perguntassem qual era o meio seguro sobre o qual ele se apoiava para realizar uma assim constante obra-prima de vida intimamente unida a Deus, eu não hesito em lhes responder que o segredo da perfeição espiritual de Pier Giorgio deve ser buscado, de modo especial, na sua assídua, sincera profunda e terníssima devoção à Virgem Maria. Nós todos, que vivemos alguns anos próximos a Pier Giorgio, não podemos separar sua lembrança da lembrança de seu amor filial à Maria”.
O Padre Karl Rahner, sj, que conheceu Pier Giorgio na década de 20, na Alemanha, num testemunho narrado pela irmã Luciana Frassati, no livro Mio fratello Pier Giorgio. LA FEDE (“Meu irmão Pier Giorgio. A FÉ”), escreve:
“Na época, Pier Giorgio tinha vinte anos. Uma de suas paixões era Dante… E o trecho que repetia, sempre com entusiasmo e de memória, era a oração de São Bernardo à Mãe de Deus: ‘Virgem Mãe, filha do teu Filho’. Pier Giorgio, que sentia um profundo amor por sua mãe, era naturalmente levado a venerar, com ternura indizível, a outra Mãe do céu…” (p. 199). “Em Freiburg, eu me admirava quando o via rezando, em voz alta, o terço no seu quarto. Então, não podia compreender muito bem: um jovem do nosso tempo, antes que amar verdadeiramente o rosário, deve possuir uma bela piedade” (p. 229).

2 – A devoção à Nossa Senhora

A irmã Luciana, no Processo Apostólico, depôs assim sobre a devoção de Pier Giorgio à Nossa Senhora, verdadeira luz e apoio no seu caminho de fé:
“Pier Giorgio teve uma devoção instintiva, que foi crescendo sempre mais com o passar dos anos, à grande Mãe, a Virgem Maria. Ele sentia todo o seu fascínio… As flores eram sua homenagem mais calorosa e mais evidente. Em toda lugar em que a Virgem seria festejada, lá aparecia Pier Giorgio com o seu ramalhete – às vezes, enorme…”.
Ela também recorda que Pier Giorgio logo criou o hábito de ir em peregrinação aos Santuários Marianos. Os dois preferidos no Piemonte eram os de Oropa e da Consolata. Em Turim, o de Maria Auxiliadora. Muitos sacerdotes e amigos sublinham o mesmo fato.
Em 1918, pediu e obteve, freqüentando o “sociale” de Turim dos padres jesuítas, a inscrição na Congregação Mariana, consagrando-se, assim, de modo especial à Santíssima Virgem.
A propósito da devoção à Nossa Senhora Negra de Oropa, o Reverendo Padre Cesário Borla relembrava no Processo Informativo: “Ficou-me impresso na alma a lembrança do gozo e da alegria com que tomou parte nas festas para a coroação de Nossa Senhora de Oropa, que se deu pelas mãos do Legado Pontifício, S. Ex.a Cardeal Valfré di Bonzo (28 de agosto de 1920). Depois de ter assistido a mais de uma Missa e de ter comungado, dedicou-se inteiramente a ajudar os organizadores dos festejos tanto quanto podia. Passou o dia inteiro no Santuário, do qual só saiu quando a noite descia sobre o vale… Nunca ia a Pollone sem ir visitar o Santuário de Oropa, para onde se dirigia, muitas vezes a pé, fazendo uma peregrinação de cerca de duas horas” (Summ. Introd. Causae, p. 161s).
A irmã Luciana ainda relembra que, se o dia de Pier Giorgio começava com a Missa e a Comunhão, prosseguia, como é próprio de um bom terceiro dominicano, com a recitação do Ofício de Nossa Senhora e terminava sempre com a reza do santo terço, estivesse ele em casa ou no refúgio da montanha.
Podia, às vezes, acontecer-lhe, tomado pelo cansaço, de dormir durante a recitação. Numa tarde, coincidiu que o pai o achou adormecido com o terço na mão. Encontrando-se com o pároco, de quem era amigo, assim se expressou: “Mas, o que senhores fizeram do meu filho? Imagine que o encontrei na cama, adormecido com o terço na mão!”
Respondeu o piedoso e prudente sacerdote: “E o senhor preferiria, Senador, que ele dormisse com algum namorisco por perto?”. “Ah! Isto não!”.
“Então, deixe-o continuar com seu estimado costume. Certamente, não terá que se arrepender disso!”.
Cultivava no jardim da casa de Pollone plantas de coyx lacryma e levava os grãos para as Irmãs Franciscanas Angelinas, a fim de que fizessem terços que ele se alegrava em dar aos amigos para estimulá-los a esta oração.

3 – De joelhos no Santuário de Loreto

Entre os Santuários Marianos que ele visitou está também o Santuário de Loreto, que guarda a santa Casa de Nazaré, onde Maria Santíssima recebeu o anúncio da Encarnação do Verbo de Deus e onde disse o seu SIM.
Luciana Frassati lembra que o fato se deu no final de agosto ou em 1º de setembro, antes de ir a Assis (2-5 de setembro de 1919). Eis como o relata em seu livro Mio fratello Pier Giorgio. LA FEDE :
“Em Loreto, por exemplo, certa manhã, não o encontramos mais no hotel. Começamos a procurá-lo por toda parte e acabamos por encontrá-lo já na igreja, sozinho, ajoelhado sobre o frio degrau do altar.
Tinha sentido uma atração tão forte pela casa de Nossa Senhora, a ponto de não suportar mais ficar na cama e num quarto como nós” (p. 213).
Sobre esta visita à casa de Nossa Senhora, fala também o Padre Robert Claude, sj, no seu livro: Frassati parmi nous (“Frassati entre nós”):
“Certa manhã, em Loreto, seu companheiro de quarto que o busca em vão, acaba por encontrá-lo na basílica, ajoelhado junto ao altar-mor, como que a fazer – assim parece – sua ação de graças. Quis se aproximar dele, mas algo o reprimiu, uma emoção o deteve: ‘Não saberia dizer o que aconteceu comigo naquele momento. Eu o senti tão magnânimo e tão acima de mim…’” (p. 15).
De sua oração humilde e insistente e de uma meditação dos mistérios do santo rosário e dos exemplos da Santíssima Virgem, ele hauriu o impulso não só para uma ascensão rumo à santidade, mas também para um zelo apostólico intenso.
Estava inscrito na Obra da Propagação da Fé, desde os primeiros anos da juventude, e se empenhava a dar a conhecer aos amigos a verdade da fé.
Seu companheiro e depois sacerdote Padre Giovanni Bertini depôs no Processo Apostólico:
“O espírito de apostolado era vivo nele. Aproximava-se de muitas pessoas, especialmente dos colegas universitários, aos quais levava sempre uma palavra de fé e de esperança, com muita doçura e amabilidade, sem assumir ares de quem quer se fazer de mestre, mas, no entanto, com muita firmeza”.
Em agosto de 1923, o tio Pietro Frassati que, embora honesto, sempre se recusara a seguir as práticas da fé cristã, estava agonizando.  Pier Giorgio precipitou-se para junto dele e conseguiu persuadi-lo a receber a visita do sacerdote e, em seguida, com lágrimas nos olhos, também os santos sacramentos. Escreveu sobre isso ao amigo Antonio Severi, aos 20 de agosto de 1923, comentando o fato com estas palavras de humildade e orgulho cristão:
“Deus, certamente na sua infinita misericórdia, não levou em conta meus inumeráveis pecados, mas escutou minhas orações e aquelas de minha família, e concedeu ao tio a grande graça de receber com plena consciência os últimos Sacramentos.
Creio que esta vida deve ser uma preparação contínua para a outra, porque nunca se sabe o dia, nem a hora da nossa morte” (Lettere o.c., p. 178).
Não há palavras mais apropriadas para encerrar estas reflexões sobre a devoção à Nossa Senhora, inspiradora e guia do Beato Pier Giorgio Frassati numa vida de fé e de zelo apostólico, do que aquelas pronunciadas por João Paulo II no Angelus de 20 de maio de 1990, dia de sua solene beatificação:
“Caros jovens, convido-os a imitar o exemplo de novo Beato. Saibam, também vocês, se recolherem muitas vezes na oração e na meditação ao lado da Mãe do Redentor, para fortalecer a fé e para inspirar, no modelo de vida de Maria Santíssima, o seu serviço a Cristo e à Igreja. Assim, vocês saberão se empenhar com entusiasmo e alegria na nova evangelização, para encontrar as soluções que respondem às exigências da vida espiritual e civil deste nosso tempo”.

SANTA MISSA PARA A PASSAGEM DA CRUZ DA JMJ

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo
Basílica de São Pedro, Altar da Cátedra
Domingo, 22 de novembro de 2020


A página que acabamos de ouvir é a última do evangelho de Mateus antes da Paixão: antes de nos dar o seu amor na cruz, Jesus transmite-nos as últimas vontades. Diz-nos que o bem que fizermos a um dos seus irmãos mais pequeninos – esfomeados, sedentos, forasteiros, necessitados, doentes, reclusos – será feito a Ele (cf. Mt 25, 37-40). Deste modo o Senhor entrega-nos a lista das prendas que deseja para as núpcias eternas connosco no Céu. São as obras de misericórdia que tornam eterna a nossa vida. Cada um de nós pode interrogar-se: Coloco-as em prática? Faço alguma coisa por quem tem necessidade, ou pratico o bem somente para as pessoas queridas e os amigos? Ajudo alguém que não me pode restituir? Sou amigo duma pessoa pobre? E podíamos continuar com tantas outras perguntas, postas a nós mesmos. «Eu estou ali – diz-te Jesus – espero por ti ali, onde não imaginas e para onde talvez nem quererias olhar: ali… nos pobres». Eu estou ali, onde não vê qualquer interesse o pensamento dominante, segundo o qual a vida vai bem, se for bem para mim. Eu estou ali: diz Jesus também a ti, jovem que procuras realizar os sonhos da vida.

Eu estou ali: disse Jesus, séculos atrás, a um jovem soldado. Era um jovem de dezoito anos, ainda não batizado. Um dia viu um pobre que pedia ajuda às pessoas, sem a obter, porque «todos passavam adiante». E aquele jovem, «vendo que os outros não se sentiam movidos à compaixão, compreendeu que aquele pobre estava reservado para ele». Mas não tinha nada consigo, apenas o seu uniforme de serviço. Então cortou o seu manto e deu metade ao pobre, suportando o riso escarninho de alguns ao redor. Na noite seguinte, teve um sonho: viu Jesus, vestido com a parte do manto com que envolvera o pobre. E ouviu-O dizer: «Martinho cobriu-me com este manto» (cf. Sulpício Severo, Vita Martini, III). São Martinho era um jovem que teve aquele sonho porque o vivera, embora sem o saber, como os justos do Evangelho de hoje.

Queridos jovens, queridos irmãos e irmãs, não renunciemos aos grandes sonhos. Não nos contentemos em fazer apenas o que é devido. O Senhor não quer que restrinjamos os horizontes, não nos quer estacionados nas margens da vida, mas correndo para metas altas, com júbilo e ousadia. Não fomos feitos para sonhar os feriados ou o fim de semana, mas para realizar os sonhos de Deus neste mundo. Ele tornou-nos capazes de sonhar, para abraçar a beleza da vida. E as obras de misericórdia são as obras mais belas da vida. As obras de misericórdia centram-se diretamente nos nossos sonhos grandes. Se tens sonhos de verdadeira glória – não da glória passageira do mundo, mas da glória de Deus –, esta é a estrada. Lê a passagem do evangelho de hoje, reflete nela. Porque as obras de misericórdia dão mais glória a Deus do que qualquer outra coisa. Ouvi isto com atenção: as obras de misericórdia dão mais glória a Deus do que qualquer outra coisa. No fim, é sobre as obras de misericórdia que seremos julgados.

Mas, donde se começa para realizar grandes sonhos? Das opções grandes. Hoje, o Evangelho também nos fala disto. Com efeito, no momento do juízo final, o Senhor baseia-Se nas nossas escolhas. Quase parece que não julga: separa as ovelhas dos cabritos, mas ser bom ou mau depende de nós. Ele limita-Se a tirar as consequências das nossas escolhas, trá-las à luz e respeita-as. Assim a vida é o tempo das escolhas vigorosas, decisivas e eternas. Escolhas banais levam a uma vida banal; escolhas grandes tornam grande a vida. De facto, tornamo-nos naquilo que escolhemos, tanto no bem como no mal. Se escolhemos roubar, tornamo-nos ladrões; se escolhemos pensar em nós mesmos, tornamo-nos egoístas; se escolhemos odiar, tornamo-nos rancorosos; se escolhemos passar horas no telemóvel, tornamo-nos dependentes. Mas, se escolhermos Deus, vamo-nos tornando dia a dia mais amáveis e, se optarmos por amar, tornamo-nos felizes. É assim, porque a beleza das opções depende do amor: não o esqueçais! Jesus sabe que, se vivermos fechados e na indiferença, ficamos paralisados; mas, se nos gastarmos pelos outros, tornamo-nos livres. O Senhor da vida quer-nos cheios de vida e dá-nos o segredo da vida: só a possuímos, se a dermos. Esta é uma regra de vida: a vida só a possuímos – agora e eternamente –, se a dermos.

É verdade que existem obstáculos que tornam difícil escolher: com frequência, são o medo, a insegurança, os porquês sem resposta… tantos porquês. Contudo o amor pede para os ultrapassar, não ficar agarrados aos porquês da vida, esperando que chegue do Céu uma resposta. A resposta chegou: é o olhar do Pai que nos ama e nos enviou o Filho. O amor impele a passar dos porquês ao para quem: do porque vivo, ao para quem vivo; do porquê me acontece isto, ao para quem posso fazer bem. Para quem? Não só para mim; a vida já está cheia de escolhas que fazemos para nós mesmos: ter um diploma, amigos, uma casa; satisfazer os nossos próprios interesses, os nossos passatempos. De facto, corremos o risco de passar anos a pensar em nós mesmos, sem começar a amar. Manzoni deu um bom conselho: «Devia-se pensar mais em fazer bem do que em estar bem; e acabaríamos assim por estar melhor» (I Promessi Sposi, cap. 38).

Mas não temos apenas as dúvidas e os porquês a insidiar as escolhas grandes, generosas; existem muitos outros obstáculos, todos os dias. Há a febre de consumir, que narcotiza o coração com coisas supérfluas. Há a obsessão pelo divertimento, que parece a única via para escapar dos problemas, quando, ao invés, é apenas um adiamento do problema. Há a fixação nos próprios direitos a reivindicar, esquecendo o dever de ajudar. E, depois, há a grande ilusão do amor, que parece algo a ser vivido ao som de emoções, quando amar é principalmente dom, escolha e sacrifício. Sobretudo hoje, escolher é não se fazer domesticar pela homogeneização, é não se deixar anestesiar pelos mecanismos do consumo, que desativam a originalidade, é saber renunciar às aparências e à exibição. Escolher a vida é lutar contra a mentalidade do usa-e-bota-fora e do tudo-e-imediatamente, para orientar a existência rumo à meta do Céu, rumo aos sonhos de Deus. Escolher a vida é viver, e nós nascemos para viver, não para vegetar. Disse-o um jovem como vós [o Beato Pier Giorgio Frassati]: «Eu quero viver, não vegetar».

Todos os dias se apresentam muitas opções no coração. Gostaria de vos dar um último conselho para vos treinardes a escolher bem. Se olharmos dentro de nós, veremos que muitas vezes surgem aí duas perguntas diferentes. A primeira: o que me apetece fazer? É uma pergunta que engana frequentemente, porque insinua que o importante é pensar em si mesmo e satisfazer todos os desejos e impulsos que me vêm. Mas a pergunta que o Espírito Santo sugere ao coração é outra: não aquilo que te apetece, mas aquilo que te faz bem. A opção diária situa-se aqui: escolher entre o que me apetece fazer e o que me faz bem. Desta busca interior, podem nascer escolhas banais ou escolhas vitais. Depende de nós. Olhemos para Jesus, peçamos-Lhe a coragem de escolher o que nos faz bem, de caminhar atrás d’Ele pela via do amor. E encontrar a alegria. Para viver, e não para vegetar.


Alocução do Santo Padre no termo da Eucaristia

No final desta celebração eucarística, saúdo cordialmente a todos vós aqui presentes e quantos nos acompanham através dos meios de comunicação social. Dirijo uma saudação particular a vós jovens, jovens panamenses e portugueses, aqui representados por duas delegações que, em breve, realizarão o gesto significativo da passagem da Cruz e do Ícone de Maria Salus Populi Romani, símbolos das Jornadas Mundiais da Juventude. É um passo importante na peregrinação que nos levará a Lisboa, em 2023.

E enquanto nos preparamos para a próxima edição intercontinental da JMJ, gostaria de relançar também a sua celebração nas Igrejas locais. Passados trinta e cinco anos da instituição da JMJ, depois de ter ouvido o parecer de várias pessoas e o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, que é competente no que se refere à pastoral juvenil, decidi transferir, a partir do próximo ano, a celebração diocesana da JMJ do Domingo de Ramos para o Domingo de Cristo Rei. No centro, continua a estar o Mistério de Jesus Cristo Redentor do homem, como sempre destacou São João Paulo II, iniciador e patrono da JMJ.

Queridos jovens, gritai com a vossa vida que Cristo vive, que Cristo reina, que Cristo é o Senhor! Se vos calardes, garanto-vos que gritarão as pedras! (cf. Lc 19, 40).

PAPA FRANCISCO

AUDIÊNCIA GERAL

Praça São Pedro
Quarta-feira, 20 de novembro de 2024

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O texto a seguir inclui também as partes não lidas que são igualmente consideradas como pronunciadas:
  

Ciclo de Catequese. O Espírito e a Esposa. O Espírito Santo conduz o povo de Deus ao encontro de Jesus, nossa esperança. 14. Os dons da Esposa. Os carismas, dons do Espírito para o bem comum

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!

Nas últimas três catequeses discorremos sobre a obra salvífica do Espírito Santo, que se atua nos sacramentos, na oração e seguindo o exemplo da Mãe de Deus. Mas ouçamos o que diz um famoso texto do Vaticano II: «O Espírito Santo não só santifica e conduz o Povo de Deus por meio dos sacramentos e ministérios, adornando-o com virtudes, mas [também] “distribuindo a cada um os seus dons como lhe apraz” (cf. 1 Cor 12, 11)» (Lumen gentium, 12). Também nós dispomos de dons pessoais que o mesmo Espírito concede a cada um de nós.

Por isso, chegou o momento de falar inclusive deste segundo modo de agir do Espírito Santo, que é a ação carismática. Uma palavra um pouco difícil, que explicarei. Dois elementos contribuem para definir em que consiste o carisma. Primeiro, o carisma é o dom oferecido “para o bem comum” (1 Cor 12, 7), a fim de ser útil a todos. Em síntese, não se destina principal e habitualmente à santificação da pessoa, mas ao serviço da comunidade (cf. 1 Pd 4, 10). Este é o primeiro aspeto. Segundo, o carisma é o dom concedido “a um”, ou “a alguns” em particular, não a todos do mesmo modo, e é isto que o distingue da graça salvífica, das virtudes teologais e dos sacramentos que, ao contrário, são iguais e comuns a todos. O carisma é concedido a uma pessoa ou a uma comunidade específica. Trata-se de um dom que Deus te oferece.

O Concílio explica-nos também isto. O Espírito Santo – diz – «distribui também graças especiais entre os fiéis de todas as classes, tornando-os aptos e dispostos a empreender diversas obras e encargos, proveitosos para a renovação e cada vez mais ampla edificação da Igreja, segundo aquelas palavras: A cada qual… se concede a manifestação do Espírito, em ordem ao bem comum» (1 Cor 12, 7).

Os carismas são as “joias”, ou ornamentos, que o Espírito Santo distribui para tornar bela a Esposa de Cristo. Assim, compreende-se porque o texto conciliar termina com a seguinte exortação: «E estes carismas, quer sejam os mais elevados, quer também os mais simples e comuns, devem ser recebidos com ação de graças e consolação, por serem muito acomodados e úteis às necessidades da Igreja» (Lumen gentium, 12).

Bento XVI afirmou: «Quem olha para a história da época pós-conciliar pode reconhecer a dinâmica da verdadeira renovação, que muitas vezes assumiu formas inesperadas em movimentos cheios de vida, tornando quase tangível a inesgotável vivacidade da santa Igreja». E este é o carisma concedido a um grupo, através de uma pessoa.

Devemos redescobrir os carismas, porque isto faz com que a promoção dos leigos e em particular das mulheres seja entendida não apenas como dado institucional e sociológico, mas na sua dimensão bíblica e espiritual. Os leigos não são os últimos, não, os leigos não são uma espécie de colaboradores externos, nem “tropas auxiliares” do clero, não! Têm carismas e dons próprios, com os quais contribuir para a missão da Igreja.

Acrescentemos outro aspeto: quando se fala de carismas, é preciso dissipar imediatamente um equívoco: o de os identificar com dons e capacidades espetaculares e extraordinários; ao contrário, são dons ordinários – cada um de nós tem o seu carisma – que adquirem valor extraordinário quando se inspiram no Espírito Santo e se encarnam nas situações da vida com amor. Esta interpretação do carisma é importante, porque muitos cristãos, ouvindo falar dos carismas, sentem tristeza ou desilusão, pois estão convencidos de não os possuir e sentem-se excluídos, ou cristãos de segunda classe. Não, não há cristãos de segunda classe, não, cada um tem o seu carisma pessoal e até comunitário. A eles já Santo Agostinho respondia, no seu tempo, com uma comparação deveras eloquente: «Se amares – dizia ao seu povo – o que possuis, não é pouco. Com efeito, se amares a unidade, tudo o que nela existe é possuído por alguém, e também tu o possuis! Somente o olho, no corpo, tem a faculdade de ver; mas é porventura só por si mesmo que o olho vê? Não, ele vê pela mão, pelo pé e por todos os membros» (Santo Agostinho, Tratados sobre João, 32.8).

Eis desvendado o segredo pelo qual a caridade é definida pelo Apóstolo como «o melhor caminho de todos» (1 Cor 12, 31): ela faz-me amar a Igreja, ou a comunidade em que vivo e, na unidade, todos os carismas, não só alguns, são “meus”, assim como os “meus” carismas, não obstante pareçam simples, são de todos e para o bem de todos. A caridade multiplica os carismas: faz com que o carisma de um, de uma única pessoa, seja o carisma de todos. Obrigado!

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Saudações:

Cordiais boas-vindas aos fiéis de língua portuguesa, de modo especial aos grupos de Fortaleza e de Garanhuns, no Brasil. Disponhamo-nos a colocar os carismas, que cada um de nós recebeu do Espírito, ao serviço de toda a comunidade. Assim viveremos a unidade na caridade. Deus vos abençoe!

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ANÚNCIO E APELO

Por ocasião do Dia Internacional dos direitos da infância e da adolescência, que se celebra hoje, gostaria de anunciar que o Encontro Mundial sobre os direitos das crianças, intitulado «Amemo-las e protejamo-las», terá lugar aqui no Vaticano a 3 de fevereiro, e contará com a participação de peritos e personalidades de vários países. Será a ocasião para identificar novas formas de socorrer e proteger milhões de crianças ainda sem direitos, que vivem em condições precárias, são exploradas e abusadas, e sofrem as consequências dramáticas das guerras.

Há um grupo de crianças que se prepara para este Dia, obrigado a todos vós que o fazeis. E aqui está uma menina corajosa que se aproxima… agora vêm todas! As crianças são assim, uma começa e depois vêm todas! Saudemos as crianças! Obrigado! Bom dia!

Quero dizer que no próximo ano, no Dia dos adolescentes, canonizarei o Beato Carlo Acutis, e na Jornada da Juventude, no próximo ano, canonizarei o Beato Pier Giorgio Frassati.

Ontem completaram-se mil dias desde a invasão da Ucrânia. Uma data trágica para as vítimas e para a destruição que causou, mas ao mesmo tempo uma tragédia vergonhosa para toda a humanidade! No entanto, isto não nos deve impedir de estar ao lado do martirizado povo ucraniano, nem de implorar a paz e de trabalhar para que as armas deem lugar ao diálogo e o conflito ao encontro.

Anteontem recebi uma carta de um jovem universitário da Ucrânia, que dizia: «Padre, quando na quarta-feira recordares o meu país e tiveres a oportunidade de falar ao mundo inteiro no milésimo dia desta terrível guerra, peço-te que não fales apenas dos nossos sofrimentos, mas que sejas também testemunha da nossa fé: embora seja imperfeita, o seu valor não diminui, pinta com pinceladas dolorosas o quadro de Cristo Ressuscitado. Nestes dias há demasiadas mortes na minha vida. É difícil viver numa cidade onde um míssil mata e fere dezenas de civis, ser testemunha de tantas lágrimas. Gostaria de fugir, gostaria de voltar a ser uma criança abraçada pela mãe, honestamente gostaria de estar em silêncio e no amor, mas dou graças a Deus porque, através desta dor, aprendo a amar mais. A dor não é só um caminho para a raiva e o desespero; se for baseada na fé, é uma boa mestra de amor. Padre, se a dor fere, significa que amas; por isso, quando falares da nossa dor, quando recordares os mil dias de sofrimento, lembra também os mil dias de amor, pois só o amor, a fé e a esperança dão verdadeiro sentido às feridas!». Assim escreveu este jovem universitário ucraniano.

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Resumo da catequese do Santo Padre:

Tratamos hoje de um modo de atuar do Espírito Santo na Igreja, que é a ação carismática. Dois elementos contribuem para definir “carisma”: é um dom concedido a alguns – não a todos – da comunidade; mas para a utilidade comum, para servir a toda a comunidade. Diferenciam-se, portanto, da graça santificante, das virtudes teologais e dos sacramentos que são idênticos e comuns a todos. São como “ornamentos” dados pelo Espírito à Esposa para torná-la ainda mais bela. A redescoberta dos carismas auxilia a compreender o papel dos leigos, e em particular da mulher, na Igreja, não com uma visão sociológica, mas na sua dimensão bíblica e espiritual. Os leigos não são “colaboradores externos” ou “auxiliares” do clero, mas possuem carismas próprios que contribuem com a missão da Igreja. Os carismas de cada um, postos ao serviço de todos, multiplicam-se pela caridade, que faz do carisma de um, o carisma de todos.


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PAPA FRANCISCO

ANGELUS

Praça São Pedro
Domingo, 24 de novembro de 2024

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Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!

Hoje o Evangelho da liturgia (Jo 18, 33-37) apresenta-nos Jesus diante de Pôncio Pilatos: foi entregue ao procurador romano para ser condenado à morte. Entre os dois, porém – entre Jesus e Pilatos – inicia um breve diálogo. Através das perguntas de Pilatos e das respostas do Senhor, duas palavras em particular são transformadas, adquirindo um novo significado. Duas palavras: a palavra “rei” e a palavra “mundo”.

Num primeiro momento, Pilatos pergunta a Jesus: «És tu o rei dos Judeus?» (v. 33). Raciocinando como funcionário do império, quer perceber se o homem que tem diante de si constitui uma ameaça, e um rei para ele é a autoridade que governa todos os seus súbditos. Isso seria uma ameaça para ele, não é verdade? Jesus afirma ser rei, sim, mas de uma forma muito diferente! Jesus é rei porque é testemunha: é aquele que diz a verdade (cf. v. 37). O poder real de Jesus, o Verbo encarnado, reside na sua palavra verdadeira, na sua palavra eficaz, que transforma o mundo.

Mundo: eis o segundo momento. O “mundo” de Pôncio Pilatos é aquele em que o forte triunfa sobre o débil, o rico sobre o pobre, o violento sobre o manso, ou seja, um mundo que infelizmente conhecemos bem. Jesus é Rei, mas o seu reino não é daquele mundo, não é também deste mundo (v. 36). O mundo de Jesus é, de facto, o mundo novo, o mundo eterno, que Deus prepara para todos, dando a sua vida pela nossa salvação. É o reino dos céus, que Cristo traz à terra, derramando a graça e a verdade (cf. Jo 1, 17). O mundo, do qual Jesus é Rei, redime a criação arruinada pelo mal com a própria força do amor divino, Jesus salva a criação, porque Jesus liberta, Jesus perdoa, Jesus dá a paz e a justiça. “Mas isto é verdade, padre?” – “Sim”. Como está a tua alma? Há nela algo que a sobrecarrega? Alguma culpa antiga? Jesus perdoa sempre. Jesus nunca se cansa de perdoar. Este é o Reino de Jesus. Se há algo de mau dentro de ti, pede perdão. E Ele perdoa sempre.

Irmãos e irmãs, Jesus fala a Pilatos de muito perto, mas este permanece distante dele, pois vive num mundo diferente. Pilatos não se abre à verdade, apesar de a ter diante de si. Manda crucificar Jesus e ordena que se escreva na cruz: «Rei dos Judeus» (Jo 19, 19), mas sem compreender o significado destas palavras. “Rei dos Judeus”, daquelas palavras. No entanto, Cristo veio ao mundo, a este mundo: quem é da verdade, ouve a sua voz (cf. Jo 18, 37). É a voz do Rei do universo, que nos salva.

Irmãos e irmãs, a escuta do Senhor infunde luz ao nosso coração e à nossa vida. Por isso, procuremos perguntar-nos – cada um de nós pergunte-se no seu coração -: posso dizer que Jesus é o meu “rei”? Ou tenho outros “reis” no meu coração? Em que sentido? A sua Palavra é o meu guia, a minha certeza? Vejo n’Ele o rosto misericordioso de Deus que perdoa sempre, que está à espera para nos conceder o perdão?

Rezemos juntos a Maria, serva do Senhor, enquanto aguardamos com esperança o Reino de Deus.

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Depois de Angelus

Estes dois jovens coreanos receberam hoje a Cruz da Jornada da Juventude, que será em Seul, e levá-la-ão para a Coreia para se prepararem para a Jornada. Um aplauso aos coreanos! E também uma salva de palmas para os jovens portugueses que entregaram a Cruz.

Ontem, em Barcelona, foram beatificados o sacerdote Cayetano Clausellas Ballvé e o fiel leigo Antonio Tort Reixachs, mortos por ódio à fé em 1936, em Espanha. Damos graças a Deus pelo grande dom destas testemunhas exemplares de Cristo e do Evangelho. Aplaudamos os novos Beatos!

Hoje celebra-se nas Igrejas particulares a 39ª Jornada Mundial da Juventude, com o tema: Quem espera no Senhor caminha sem se cansar (cf. Is 40, 31). Também por vezes os jovens se cansam, se não esperam no Senhor! Saúdo as delegações de Portugal e da Coreia do Sul, que passaram o “testemunho” no caminho para a JMJ de Seul em 2027. Um aplauso às duas delegações.

Como já anunciei, no dia 27 de abril próximo, no contexto do Jubileu dos Adolescentes, proclamarei Santo o Beato Carlo Acutis. Além disso, tendo sido informado pelo Dicastério para as Causas dos Santos de que o processo de estudo da Causa do Beato Pier Giorgio Frassati está a chegar a uma conclusão positiva, tenciono canonizá-lo a 3 de agosto próximo, durante o Jubileu dos Jovens, depois de ter obtido o parecer dos Cardeais. Aplaudamos os próximos novos santos.

Amanhã, Myanmar celebra o Dia Nacional, em memória do primeiro protesto estudantil que colocou o país no caminho da independência, e na perspetiva de uma época pacífica e democrática que ainda está a lutar para se realizar. Expresso a minha proximidade a toda a população de Myanmar, em particular a quantos sofrem com os combates em curso, sobretudo os mais vulneráveis: crianças, idosos, doentes e refugiados, incluindo os Rohingya. Faço um apelo veemente a todas as partes envolvidas para que deponham as armas e encetem um diálogo sincero e inclusivo que possa garantir uma paz duradoura.

E saúdo calorosamente todos vós, romanos e peregrinos. Em particular, os grupos de fiéis provenientes de Malta, Israel, Eslovénia e Espanha, bem como das dioceses de Mostar-Duvno e Trebinje-Mrkan e do território da Abadia de Fossanova.

E continuemos a rezar pela martirizada Ucrânia, que tanto sofre, rezemos pela Palestina, por Israel, pelo Líbano, pelo Sudão. Peçamos a paz.

E a todos, a todos desejo bom domingo. Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!


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Pier Giorgio Frassati: Modelo para os cristãos do Século XXI

Cristina Siccardi*

No dia da beatificação João Paulo II, grande admirador de Pier Giorgio, chamou-lhe o homem das oito bem-aventuranças: “Para um olhar superficial, o estilo de Pier Giorgio Frassati, um jovem moderno cheio de vida, não apresenta muito de extraordinário … Nele a fé e os acontecimentos cotidianos se misturam harmoniosamente, tanto que a adesão ao Evangelho se traduz em atenção aos pobres e necessitados ». 
A entrada no Instituto Social dos Padres Jesuítas é um momento decisivo. O Padre Lombardi aconselha-o na comunhão diária, com grande desaprovação materna, e a partir de agora a Eucaristia será o centro de sua vida. Aos 17 anos ingressou na Conferência de São Vicente, assumindo assim um compromisso constante com a caridade. “Ele, que era tão alegre quando falava sobre coisas espirituais, tornou-se outro. Tanto que quando ele chegou ao meu quarto, foi como se o sol aparecesse!”, O padre Lombardi dirá mais tarde. 
Em casa Pier Giorgio não é compreendido: não está claro por que ele prefere recitar o rosário diariamente em uma casa onde não se  reza, de modo que  não aspira a ocupar um lugar de destaque na sociedade como seu pai sempre fez, alcançando sucesso. Ele é o jovem que em vez de seguir a carreira diplomática, como era o sonho de seus pais ,deseja ser engenheiro de minas,para estar ao lado dos operários.Sua vida se resumia em amar Jesus.Amor esse que  fez ter o coração aberto e grande para acolher os mais pobres . Participando das conferencias de São Vicente, da Fuci (Federação da Universidade Católica Italiana), do Partido Popular de Don Luigi Sturzo, do convento dos padres dominicanos, das sacristias das igrejas para servir a missa, continuamente “perdendo” tempo precioso e em vez de pensar nos deveres de um descendente de sua categoria, prioriza as orações, missas e adorações eucarísticas noturna e leituras espirituais.

Pier Giorgio se apaixona pelas cartas de São Paulo, lê-as e as relê também na rua ou no bonde e, aos 21 anos, entra na Ordem Terceira de São Domingos. A amizade ocupa um lugar especial em sua vida.Nos anos da Politécnica (Engenharia Mecânica com especialização em mineração) ele dá vida a um grupo de jovens “Tipi Loschi”. O desejo de viver paira entre os amigos de Frassati para poder “servir a Deus em perfeita alegria”. O compromisso social e político, contra o regime fascista, o colocou entre as fileiras do Partido Popular Italiano, fundado por Dom Luigi Sturzo em 1919. Seu compromisso político e social foi uma conseqüência direta de sua maneira de se sentir cristão: para ele não era suficiente ajudar os pobres, para ir aos seus miseráveis ​​sótãos,( os pobres moravam nos sótãos pois era a parte mais fria da casa) às choupanas onde a doença e a fome se misturavam à dor, para levar aos deserdados uma palavra de conforto, carvão, comida, remédios e dinheiro, ele queria dar uma solução para esses problemas sociais de miséria e abandono e a política parecia-lhe o caminho para reivindicar direito e justiça.

Sua luta contra o fascismo foi muito difícil, uma realidade que ele também respirava em sua própria casa: seu pai também foi perseguido pela batalha, liderada nas colunas de seu jornal, contra o Regime. 
Embora muito próximo de sua irmã, Luciana, Pier Giorgio escolheu um caminho completamente diferente: ela, o prestigioso e fascinante mundo da diplomacia.  Luciana, a única pessoa na casa com quem poderia confiar, escreveria anos depois que muitas vezes defendia a franqueza de seu irmão por causa dos mal-entendidos do mundo e de sua própria família, onde o relacionamento entre mãe e pai havia sido destruído de ano para ano. até desmoronar. 
As conferências de São Vicente foram o campo máximo de ação para Pier Giorgio: foi nelas que ele pôde expressar concretamente sua caridade pelos pobres, órfãos, desempregados e sem-teto.  O que distinguia Pier Giorgio dos outros era o caminho e o status a que pertencia: o filho do senador do Reino abaixou-se para aproximar-se dos humildes, o último e isso foi realizado não como um ato paternalista de alto a baixo, mas compartilhando a participação nos dramas sociais.”

*Escritora natural de Turim,tem publicado diversos obras.

Pier Giorgio Frassati – Patrono dos jovens Vicentinos.

Memória Beato Pier Giorgio Frassati – patrono dos jovens vicentinos Dia Internacional do Jovem Vicentino da Sociedade de São Vicente de Paulo – SSVP Comentário Inicial Na Sociedade de São Vicente de Paulo, encontram-se amigos e irmãos, e à medida que seus fundadores envelhecem, é necessário que seja renovado por jovens membros. Os jovens trazem audácia e criatividade e pensam novas ideias para servir os pobres de hoje. Hoje 04 de julho comemoramos o Dia Internacional do Jovem Vicentino da SSVP, para honrar a memória de Pier Giorgio Frassati, jovem vicentino italiano que morreu aos 24 anos de idade, ao ficar doente depois de visitar as famílias carentes. Peçamos ao Senhor que, por intercessão dos Beatos Frederico Ozanam e Pier Giorgio Frassati, possamos renovar nosso compromisso com a SSVP. Levantando-nos, recebemos o Sacerdote que preside esta Santa Eucaristia.

Visita Pastoral do Papa Francisco a Turim

ENCONTRO COM OS JOVENS

DISCURSO DO SANTO PADRE

Praça Vittorio
Domingo, 21 de Junho de 2015

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Obrigado Chiara, Sara e Luigi. Obrigado porque as perguntas são sobre o tema das três palavras do Evangelho de João que acabámos de ouvir: amor, vida, amigos. Três palavras que no texto de João se cruzam, e uma explica a outra: não se pode falar da vida no Evangelho sem falar do amor — se falarmos da verdadeira vida — e não se pode falar do amor sem esta transformação de servos em amigos. E estas três palavras são tão importantes para a vida mas as três têm uma raiz comum: a vontade de viver. E aqui permito-me recordar as palavras do beato Pier Giorgio Frassati, um jovem como vós: «Viver, não ir vivendo!». Viver!

Sabeis que não é bom ver um jovem «parado», que vive, mas vive como — permiti-me a palavra — como um vegetal: faz as coisas, mas a vida não é uma vida que progride, está parada. Sabeis que a mim me causam tanta tristeza no coração os jovens que se aposentam aos vinte anos! Sim, envelheceram cedo… Por isso, quando Chiara fez aquela pergunta sobre o amor: aquilo que faz com que um jovem não se aposente é a vontade de amar, a vontade de dar o que o homem tem de mais belo, e que Deus tem de mais bonito, porque a definição que João dá de Deus é «Deus é amor». E quando o jovem ama, vive, cresce, não se aposenta. Cresce, cresce, cresce e dá.

Mas o que é o amor? «É a telenovela, padre? Aquilo que vemos nos romances televisivos?». Há quem pense que é esse o amor. Falar do amor é tão bom, podem-se dizer coisas agradáveis, muito bonitas. Mas o amor tem dois eixos sobre os quais se move, e se uma pessoa, um jovem não tem estes dois eixos, estas duas dimensões do amor, não é amor. Antes de tudo, o amor está mais nas obras do que nas palavras: o amor é concreto. Com a família salesiana, há duas horas, falei da tangibilidade da sua vocação… — E vejo que se sentem jovens porque estão aqui à frente! — O amor é tangível, consiste mais nas obras do que nas palavras. Não é amor dizer apenas: «Eu amo-te, eu amo todas as pessoas». Não. O que fazes por amor? O amor dá-se. Pensai que Deus começou a falar de amor quando estabeleceu uma história com o seu povo, quando escolheu o seu povo, fez uma aliança com o seu povo, salvou o seu povo, perdoou tantas vezes — quanta paciência tem Deus! Fez gestos de amor, obras de amor. E a segunda dimensão, o segundo eixo sobre o qual o amor se move é que o amor se comunica sempre, isto é, o amor ouve e responde, o amor faz-se no diálogo, na comunhão: comunica-se. O amor não é surdo nem mudo, comunica-se. Estas duas dimensões são muito úteis para compreender o que é o amor, que não é um sentimento romântico do momento nem uma história, não, é concreto, consiste nas obras. E comunica-se, ou seja, está no diálogo, sempre.

Portanto Chiara, respondo à tua pergunta: «Com frequência nos sentimos desiludidos precisamente no amor. Em que consiste a grandeza do amor de Jesus? Como podemos experimentar o seu amor?». E agora, eu sei que vós sois bons e permitireis que eu fale com sinceridade. Não pretendo ser moralista mas dizer uma palavra que não agrada, uma palavra impopular. Também o Papa algumas vezes deve arriscar sobre as coisas para dizer a verdade. O amor consiste nas obras, em comunicar, mas o amor é muito respeitador das pessoas, não as usa, isto é, o amor é casto. E a vós jovens deste mundo, deste mundo hedonista, neste mundo onde só o prazer é publicitado, passar bem, levar uma vida descontraída, eu digo-vos: sede castos, sede castos.

Todos nós na vida passámos por momentos nos quais esta virtude é muito difícil, mas é precisamente a vida de um amor genuíno, de um amor que sabe dar a vida, que não procura usar o outro para o próprio prazer. É um amor que considera a vida da outra pessoa sagrada: eu respeito-te, eu não quero usar-te, não quero usar-te. Não é fácil. Todos sabemos as dificuldades para superar este conceito «facilitador» e hedonista do amor. Perdoai-me se digo uma coisa que não esperáveis, mas peço-vos: fazei o esforço de viver o amor castamente.

E disto obtemos uma consequência: se o amor é respeitador, se o amor está nas obras, se o amor está em comunicar, o amor sacrifica-se pelos outros. Olhai para o amor dos pais, de tantas mães, de tantos pais que de manhã chegam ao lugar de trabalho cansados porque não dormiram bem para cuidar do próprio filho doente, isto é amor! Isto é respeito. Isto é viver bem. Isto é — passemos à outra palavra-chave — «serviço». O amor é serviço. É servir os outros. Quando Jesus, depois do lava-pés, explicou o gesto aos Apóstolos, ensinou que somos feitos para servir uns aos outros, e se digo que amo e não sirvo o outro, não o ajudo, não o faço progredir, não me sacrifico pelo outro, isto não é amor. Carregastes [a Cruz das jmj]: nela está o sinal do amor. Aquela história de amor de Deus misturada com as obras e o diálogo, com o respeito, o perdão e a paciência durante tantos séculos de história com o seu povo, acaba ali: o seu Filho na cruz, o serviço maior, que é dar a vida, sacrificar-se, ajudar os outros. Não é fácil falar de amor, não é fácil viver o amor. Mas com o que disse na minha resposta, Chiara, penso que te ajudei em algo, nas perguntas que me fizeste. Não sei, espero que te sejam úteis.

Obrigado Sara, apaixonada pelo teatro. Obrigada. «Penso nas palavras de Jesus: Dar a vida». Falemos disto agora. «Muitas vezes respiramos um sentido de desconfiança na vida». Sim, porque há situações que nos fazem reflectir: «Mas, vale a pena viver assim? O que podemos esperar desta vida?». Pensemos, deste modo, nas guerras. Algumas vezes disse que nós estamos a viver a terceira guerra mundial, mas aos pedaços. Aos bocados: na Europa há guerra, na África há guerra, no Médio Oriente há guerra, noutros países há guerra… Mas posso ter confiança numa vida assim? Posso fiar-me dos líderes mundiais? Eu, quando vou votar num candidato, posso confiar que não levará o meu país à guerra? Se confiares unicamente nos homens, perdes-te! Um aspecto faz-me reflectir: pessoas, dirigentes, empresários que se proclamam cristãos, mas fabricam armas! Isto desanima um pouco: dizem ser cristãos! «Não, não padre, eu não fabrico armas, não… Tenho apenas as minhas poupanças, os meus investimentos nas fábricas de armas». Ah! E porquê? «Porque os juros são um pouco mais altos…». E também as duas faces da moeda corrente, hoje: dizer uma coisa e fazer outra. A hipocrisia… Mas vejamos o que aconteceu no século passado: em 1914, mais exactamente em 1915. Houve aquela grande tragédia da Arménia. Muitos morreram. Não sei o número: sem dúvida mais de um milhão. Mas onde estavam as grandes potências de então? Olhavam para o outro lado. Porquê? Porque estavam interessadas na guerra: a sua guerra! E quantos morrem, são pessoas, seres humanos de segunda classe. Depois, nos anos 1930/40, a tragédia do Holocausto. As grandes potências tinham as fotografias dos caminhos-de-ferro que levavam os comboios aos campos de concentração, como Auschwitz, para matar os judeus, e também os cristãos, os roms, os homossexuais, para os matar ali. Mas diz-me, por que não bombardearam aqueles lugares? O interesse! E pouco depois, quase em contemporâneo, havia os lagers na Rússia: Stalin… Quantos cristãos sofreram, foram assassinados! As grandes potências dividiam entre si a Europa como se fosse um bolo. Tiveram que passar muitos anos antes de chegar a uma «certa» liberdade. Há aquela hipocrisia de falar de paz e fabricar armas, e até vender armas a quem entrou em guerra com outro, e àquele que está em guerra com este!

Entendo o que dizer acerca da desconfiança na vida; também hoje que estamos a viver na cultura do descartável. Porque se descarta o que não é útil economicamente. Descartam-se as crianças, porque não se geram, ou porque se matam antes que nasçam; descartam-se os idosos, porque não servem e abandonam-se ali, a morrer, uma espécie de eutanásia camuflada, e não se ajudam a viver; e agora descartam-se os jovens: pensai naquele 40% de jovens, aqui, sem trabalho. É exactamente um descarte! Mas porquê? Porque no centro do sistema económico mundial não estão o homem e a mulher como Deus quer, mas o deus dinheiro. E faz-se tudo por dinheiro. Em espanhol há um lindo ditado que reza assim: «Por la plata baila el mono». Traduzo: «Pelo dinheiro até o macaco dança». E assim, com esta cultura do descartável, podemos ter confiança na vida? Com aquele sentido de desafio [que] se propaga, se alastra, se difunde? Um jovem que não pode estudar, que não tem trabalho, que tem vergonha por não se sentir digno por não ter um trabalho, por não ganhar a vida. Mas quantas vezes estes jovens acabam na dependência? Quantas vezes se suicidam? As estatísticas dos suicídios entre os jovens não se conhecem bem. Ou quantas vezes estes jovens vão lutar com os terroristas, pelo menos para fazer algo, por um ideal. Eu compreendo este desafio. E por isso Jesus nos dizia para não repor a nossa segurança na riqueza, nos poderes humanos, nos poderes deste mundo. Como posso ter confiança na vida? Como posso fazer, como posso viver uma vida que não destrua, que não seja uma vida de destruição, uma vida que não descarte as pessoas? Como posso viver uma vida que não me desiluda?

E passo a responder à pergunta de Luigi: ele falava de um projecto de partilha, ou seja, de ligação, de construção. Devemos dar continuidade aos nossos projectos de construção, e assim esta vida não desilude. Se te associares a um projecto de construção, de ajuda — pensemos nas crianças de rua, nos migrantes, em tantos que vivem em necessidade, e não para lhes dar de comer só um, dois dias, mas para os promover com a educação, com a unidade na alegria dos Oratórios e tantas coisas, mas realidades que edificam, então afasta-se, esmorece aquele sentido de desconfiança na vida. Que devo fazer por isto? Não se aposentar demasiado cedo: agir. Agir . E digo o seguinte: ir contracorrente. Ir contracorrente. Para vós, jovens, que viveis esta situação económica, também cultural, hedonista, consumista com os valores de «bolhas de sabão», com estes valores não se vai a lado algum. Fazer coisas construtivas, mesmo se são pequenas, mas que nos unam aos nossos ideais: é este o melhor antídoto contra a desconfiança da vida, contra esta cultura que te oferece apenas o prazer: estar bem, ter dinheiro e não pensar noutras coisas.

Obrigado pela pergunta. A ti, Luigi, em parte, respondi, ou não? Ir contracorrente, ou seja, ser corajoso e criativo, ser criativo. No Verão passado recebi, uma tarde — era Agosto… Roma estava deserta. Falei por telefone com um grupo de jovens e moças que faziam camping em várias cidades da Itália, e vieram-me visitar — disse-lhes que viessem — mas pobrezinhos, todos sujos, cansados… mas felizes! Porque tinham feito algo «contracorrente»!

Muitas vezes, a publicidade quer convencer-nos de que isto é bom, que aquilo é bom, e faz-nos acreditar que são «diamantes»; Mas, reparai, estão a vender-nos vidro! E nós devemos ir contra isto, não ser ingénuos. Não comprar imundície que nos querem fazer passar por diamantes.

E para terminar, gostaria de repetir a palavra de Pier Giorgio Frassati: se quiserdes fazer algo de bom na vida, vivei, não andeis vivendo. Vivei!

Mas vós sois inteligentes e certamente me direis: «Mas, o Santo Padre fala assim porque vive no Vaticano, tem tantos monsenhores ali que lhe fazem o trabalho, está tranquilo e não sabe o que é a vida de todos os dias…». Sim, há quem possa pensar assim. O segredo consiste em compreender bem onde se vive. Nesta terra — e disse isto também à Família salesiana — em finais do século xix a juventude crescia nas piores condições: a maçonaria estava no auge, até a Igreja nada podia fazer, havia o anticlericalismo, o satanismo… Era um dos momentos mais obscuros e um dos lugares mais tristes da história da Itália. Mas se quiserdes fazer um bom dever em casa, ide procurar quantos santos e santas nasceram naquele tempo! Porquê? Porque se aperceberam que tinham que contrastar aquela cultura, aquele modo de viver. A realidade, viver a realidade. E se esta realidade é vidro e não diamante, eu procuro a realidade contracorrente e faço a minha realidade, mas que seja serviço aos outros. Pensai nos vossos santos desta terra, no que fizeram!

E obrigado, muito obrigado! Sempre amor, vida, amigos. Mas estas palavras podem ser vividas unicamente em «saída»: saindo sempre para levar algo. Se ficardes parados nada fareis na vida e acabareis por arruiná-la.

Esqueci de vos dizer que agora entregarei o discurso escrito. Eu conhecia as vossas perguntas, e escrevi alguma coisa sobre as vossas perguntas; mas não é o que disse, isto veio-me do coração; e entrego ao encarregado o discurso, e tu dá-lo-ás a conhecer [entrega as folhas ao sacerdote encarregado da pastoral juvenil]. Muitos de vós são universitários, mas não penseis que a universidade é apenas estudar com o cérebro: ser universitário significa também sair, sair em serviço, sobretudo aos pobres! Obrigado.


Discurso preparado pelo Santo Padre:

Queridos jovens

Agradeço-vos este caloroso acolhimento! E obrigado pelas vossas perguntas, que nos levam ao âmago do Evangelho.

A primeira, sobre o amor, interroga-nos sobre o sentido profundo do amor de Deus, que nos foi oferecido pelo Senhor Jesus. Ele mostra-nos até onde chega o amor: até ao dom total de si mesmo, até dar a própria vida, como contemplamos no mistério do Sudário, quando nele reconhecemos o ícone do «maior amor». Mas este dom de nós mesmos não deve ser imaginado como um raro gesto heróico nem reservado para qualquer ocasião excepcional. Com efeito, poderíamos correr o risco de cantar o amor, de sonhar o amor, de aclamar o amor… sem nos deixarmos tocar nem envolver por ele! A grandeza do amor revela-se ao cuidar de quem necessita, com fidelidade e paciência; portanto, é grande no amor quem sabe tornar-se pequeno para os outros, como Jesus, que se fez servo. Amar significa estar próximo, tocar a carne de Cristo nos pobres e nos últimos, abrir à graça de Deus as necessidades, os apelos, as solicitudes das pessoas que nos circundam. Então o amor de Deus entra, transforma e torna grandes as coisas pequenas, torna-as sinal da sua presença. São João Bosco é o nosso mestre precisamente pela sua capacidade de amar e de educar a partir da proximidade, que ele vivia com os adolescentes e os jovens.

À luz desta transformação, fruto do amor, podemos responder à segunda pergunta, sobre a desconfiança na vida. A falta de emprego e de perspectivas para o futuro certamente contribui para impedir o próprio movimento da vida, colocando muitos na defensiva: pensar em si mesmo, gerir tempo e recursos em função do próprio bem, limitar os riscos de qualquer generosidade… São todos sintomas de uma vida reprimida, conservada a todo o custo e que, por fim, pode levar também à resignação e ao cinismo. Ao contrário, Jesus ensina-nos a percorrer o caminho inverso: «Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem sacrificar a sua vida por amor de mim, salvá-la-á» (Lc 9, 24). Isso significa que não devemos esperar circunstâncias externas favoráveis para nos pôr em jogo, pelo contrário, só empregando a vida — cientes de a perder! — criamos para os outros e para nós as condições de uma confiança nova no futuro. E aqui o pensamento vai de modo espontâneo a um jovem que realmente empregou assim a sua vida, a ponto de se tornar um modelo de confiança e de audácia evangélica para as jovens gerações da Itália e do mundo: o beato Pier Giorgio Frassati. Um seu lema era: «Viver, não ir vivendo!». Este é o caminho para poder experimentar na plenitude a força e a alegria do Evangelho. Assim não só encontrareis novamente confiança no futuro, mas conseguireis gerar esperança entre os vossos amigos e nos ambientes nos quais viveis.

Uma grande paixão de Pier Giorgio Frassati era a amizade. E a vossa terceira pergunta era precisamente: como viver a amizade de forma aberta, capaz de transmitir a alegria do Evangelho? Soube que esta praça na qual nos encontramos, nas noites de sexta-feira e de sábado, é muito frequentada por jovens. Isso acontece em todas as nossas cidades e aldeias. Penso que também alguns de vós se encontram aqui ou noutras praças com os vossos amigos. E então faço-vos uma pergunta: — cada um pense e responda dentro de si mesmo — naqueles momentos quando estais em companhia, conseguis fazer «transparecer» a vossa amizade com Jesus nas atitudes, no modo de vos comportardes? Pensais vós alguma vez, também no tempo livre, na diversão, que sois pequenos ramos apegados à Videira que é Jesus? Garanto-vos que pensando com fé nesta realidade, sentireis correr em vós a «linfa» do Espírito Santo, e produzireis fruto, quase sem vos dar conta: sabereis ser corajosos, pacientes, humildes, capazes de compartilhar, mas também de vos diferenciar, de vos alegrar com quem jubila e de chorar com quantos choram, sabereis amar quem não vos ama, respondereis ao mal com o bem. E assim anunciareis o Evangelho!

Os Santos e as Santas de Turim ensinam-nos que cada renovação, inclusive da Igreja, passa através da nossa conversão pessoal, através da abertura de coração que acolhe e reconhece as surpresas de Deus, impulsionados pelo maior amor (cf. 2 Cor 5, 14), que nos torna amigos também das pessoas sós, sofredoras e marginalizadas.

Queridos jovens, juntamente com estes irmãos e irmãs maiores que são os Santos, na família da Igreja nós temos uma Mãe, não o esqueçamos! Faço votos a fim de que vos confieis a esta Mãe carinhosa, que indicou a presença do «maior amor» precisamente no meio dos jovens, numa festa de núpcias. Nossa Senhora «é a amiga sempre solícita para que não falte o vinho na nossa vida» (Exort. apost. Evangelii gaudium, 286). Rezemos para que não nos deixe faltar o vinho da alegria!

Obrigado a todos vós. Deus vos abençoe a todos. E, por favor, rezai por mim.


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Pier Giorgio Frassati – Um Exemplo da Alegria de Acreditar.

Uma entrevista com Wanda Gawrońska, sobrinha do Beato Pier Giorgio Frassati, e o Frei Stanisław Tasiemski OP. 

Em sua mensagem para a XXXI Jornada Mundial da Juventude, o Papa Francisco apresenta a pessoa de Pier Giorgio Frassati como um exemplo de instrumento da Divina Misericórdia para com os nossos próximos. Como começou a conexão de Pier Giorgio com a Jornada Mundial da Juventude?
Wanda Gawrońska: Foi João Paulo II quem o transformou em um patrono do encontro com a juventude, e parece que foi aí que isso começou.
Pier Giorgio era uma companhia dos jovens mesmo antes da Jornada Mundial da Juventude ter sido iniciada…
WG: Imediatamente após a morte dele, apenas na Itália, havia mais de 1.200 grupos de jovens com o seu nome. Mas pode-se dizer que ele foi o primeiro, ainda não-oficial, patrono da Jornada Mundial da Juventude, quando já em 1984 João Paulo II inaugurou uma exposição sobre Pier Giorgio na Basílica de São João de Latrão. Foi um encontro informal, mesmo antes do anúncio oficial da primeira Jornada Mundial da Juventude.
Frei Stanisław Tasiemski OP: Nós também precisamos mencionar que aconteceu antes disso, especificamente na exposição que o Cardeal Karol Wojtyła abriu no claustro do Monastério Dominicano de Cracóvia em 1977. Ela mostrava Pier Giorgio Frassati como o patrono da juventude e isso foi muitos anos antes de sua beatificação.
WG: Eu realmente sinto que João Paulo II o quer próximo dele. Ele pensou nele como um exemplo para a juventude nos dias atuais. Os jovens se identificam com ele, o tratam como amigo ou como um colega, não como uma pessoa que está acima deles. Um modelo único.
Olhando para os ensinamentos de João Paulo II e a história de sua vida, Pier Giorgio Frassati pode ser hoje em dia uma companhia e um guia para os jovens? O que um jovem contemporâneo pode aprender dele?
Frei Stanisław:
 Certamente, cada um deve obedecer sua própria consciência. Nasceu em uma família de pessoas notáveis, que desempenhava um papel proeminente na vida social e política da Itália. Pier Giorgio tinha consciência de que não é o futuro que o seu pai queria pra ele, mas o lugar que a sua consciência o direcionava, a sua direção de vida. É por essa razão que ele foi aos pobres, combinando a alegria de vida e o entusiasmo jovem com o serviço aos outros.
WG: Já o Papa Paulo VI afirmou que Pier Giorgio de fato responde com sua vida à questão que paira sobre os jovens: como ser um cristão nos dias de hoje ao mesmo tempo em que se vive uma vida contemporânea? Porque ele era uma pessoa muito forte. Ele pode também ensinar coerência. Esse ponto é muito importante – o que ele disse, ele fez. Ele fez o que pensava. Uma frase dele que é muito citada é: “Que grande graça é ser católico. Aqueles que não tem fé é que são pobres e infelizes…”. Ele argumentava que uma vida sem fé, sem uma verdade para defender, sem…
Frei Stanisław: … a luta constante…
WG: … sem lutar pela verdade – isso não é viver de verdade, somente vegetar. Ele certamente ensinou como viver em plenitude. Ele era uma pessoa cheia de alegria e sua atitude ensina que a fé dá liberdade. Na atitude de Pier Giorgio eu sou fascinada por sua incrível liberdade e amor a Cristo… Tudo nele era natural, porque ele era uma pessoa forte, fisicamente e espiritualmente. A renúncia para ele era algo normal, apesar de definitivamente ter custado muito a ele. Dessa forma, a sua vida, como disse João Paulo II, foi moldada em uma “aventura maravilhosa”. Pier Giorgio mostra aos jovens quão plena e fascinante a vida se torna quando alguém caminha ao lado de Cristo.
Eu percebo aqui uma analogia incrível. De um lado, entre uma multidão de jovens, João Paulo II chamou Pier Giorgio Frassati o homem das bem-aventuranças, de outro lado, muitos anos depois o Papa Francisco no Rio, em resposta à pergunta dos jovens argentinos – o que devemos fazer? – diz “leiam as bem-aventuranças”. O tema da Jornada Mundial da Juventude é “Bem-aventurados os misericordiosos”. Esses são conteúdos difíceis. Pier Giorgio, através de sua vida, através de suas palavras, pode mostrar a direção em como viver as bem-aventuranças?
WG: Certamente. O Papa Francisco mesmo disse aos jovens da Holanda: as bem-aventuranças são revolucionárias! Porque elas são contrárias àquilo que o mundo vê como sucesso. Elas requerem um caráter forte. Ir contra a corrente e não a favor dela. Pier Giorgio tinha exatamente isso. As bem-aventuranças eram pra ele uma medida de valores. Ele sabia o que ele queria. Ele não prestava atenção ao que os outros diziam sobre ele. Isso não é uma questão de ideologia. É uma questão de vida. Um exemplo muito concreto de vida. Alegria que traz liberdade. Se eu recebo Cristo de forma autêntica, Suas palavras, então eu também tenho liberdade, pra fazer o bem, servir outra pessoa, reconhecer no pobre, no doente, no perseguido, a face de Cristo. Pier Giorgio era consciente que você não pode transmitir a fé e o Evangelho sem alegria. Somente através da alegria.
Este é um exemplo que os jovens realmente entenderam e levaram para seus corações. Pier Giorgio nos acompanha durante a Jornada Mundial da Juventude. Recordemos de que formas ele estava presente nas JMJs passadas.
WG: Sim, isso foi incrível! Ele voou para Sidney em 2008 graças ao frei dominicano Anthony Fisher…
Frei Stanisław: Ele é o atual Arcebispo de Sidney.
WG: Multidões de jovens permaneceram em pé na fila para entrar na catedral onde o caixão de Pier Giorgio estava.
Os testemunhos dos jovens após o encontro pessoal com Pier Giorgio chegaram até você?
WG: Eles chegam até mim o tempo todo. Até mesmo da Tasmânia. Também da Polônia, de Rybnik… Um jovem de Varsóvia me escreveu que se funcionou para Pier Giorgio, por que não funcionaria pra ele? Existe um sentimento de que eles são o mesmo. A santidade não é algo tão distante… João Paulo II disse que a pessoa de Pier Giorgio carrega o testemunho de que a santidade está ao alcance de todos.
Três temas se cruzam no caminho de Pier Giorgio Frassati: presença entre os jovens, bem-aventuranças e a grande admiração e o grande respeito de João Paulo II. Por essas razões, Pier Giorgio Frassati não pode ser deixado de fora da Polônia. A Jornada Mundial da Juventude está coincidindo com o jubileu dos padres dominicanos, e todos nós nos encontraremos em Cracóvia – Pier Giorgio Frassati junto com os padres dominicanos, junto com os jovens, junto com o Santo Padre.Frei Stanisław: Nós gostaríamos que as relíquias de Pier Giorgio Frassati chegassem em Cracóvia alguns dias antes do início da Jornada Mundial da Juventude. Elas serão colocadas na basílica. Gostaríamos de convidar todos para a oração, para um encontro concreto com suas relíquias, com sua pessoa. Nos claustros nós organizaremos uma exposição mostrando sua vida e obras – de certa forma será um retorno ao que aconteceu em 1977. Vamos recordar sua presença e nós vamos mostrar que o carisma dominicano – 800 anos da Ordem – é muito diverso. Esta é uma proposta para os irmãos e irmãs religiosas e para os leigos da mesma forma, que desejam viver com esse carisma, procurando a verdade, vivendo a verdade e trabalhando de forma que aqueles que estão mergulhados no pecado pudessem se aproximar da Divina Misericórdia também. São Domingos realmente se importava com os pecadores e em suas orações simplesmente perguntava: Deus, o que vai acontecer com os pecadores? Isto é um convite à santidade para os pecadores.
WG: Pier Giorgio era da ordem terceira dos dominicanos e em honra ao herege Girolamo Savonarola escolheu o nome Jerônimo. Ele mais tarde escreveu em suas cartas que aquele morreu como um santo. Eu acredito que Savonarola se tornará um santo. Assim como João Paulo II, antes mesmo de tornar-se papa, “pressentiu” que Pier Giorgio se tornará um santo, da mesma forma Pier Giorgio “pressentiu” que Savonarola se tornaria um santo. E por que Savonarola? Porque ele lutava pela pureza da Igreja, a pureza da política, a pureza das atitudes humanas. E sem compromisso.
Frei Stanisław: Aqui está o que hoje chamamos transparência na vida pública e social.
WG:
 Porque é muito mais do que transparência. É impressionante que Pior Giorgio seja reconhecido pelos seminaristas e jovens padres como o seu patrono. Pier Giorgio fundou a Sociedade dos Tipos Sombrios, que soa como uma piada, mas era uma sociedade de amigos que caminhavam nas montanhas. O vínculo entre eles, como Pier Giorgio escreveu “não conhece os limites do tempo e da distância porque é uma oração, e nossa fundação é um granito, porque é a fé”. Embora o slogan do grupo fosse “pochi ma buoni come i maccaroni” (poucos mas bons como macarrão)…
Lindo.
WG: Eles eram unidos pela oração comum. E assim foi. E hoje há muitos grupos de jovens sendo formados no mundo chamados “Tipos Sombrios”. Eles estão também na Polônia: em Rybnik, em Varsóvia, em Poznan, nas paróquias, escolas, grupos que são ligados a Pier Giorgio Frassati.

As palavras de Montini a respeito de Pier Giorgio.*

«O que, então, nos diz o exemplo deste irmão Pier Giorgio Frassati? Nos diz que o cristianismo ainda é a força da verdadeira juventude. Nos diz que o cristianismo é forte, não na grandeza que fascina o mundo; mas ele é forte e vivo na humildade de suas virtudes interiores e severas: ele é forte quando é vivido com sacrifício. Ele é forte quando está enfermo da doença ressuscitante da cruz ».

Na paróquia de Crocetta, em Turim, em 3 de julho de 1932, Mons. Giovanni Battista Montini,  da Secretaria de Estado e assistente da Federação dos estudantes universitários católicos (Fuci), comemora o sétimo aniversário da morte de Pier Giorgio (4 de julho de 1925). Aqui Montini celebrou a missa em 19 de abril de 1927 para uma convenção de fucino. O motivo subjacente do discurso montinense – publicado pela «Rivista dei giovani» em setembro de 1932 – é o seguinte: «A figura de Pier Giorgio é um escudo contra uma das mais fortes e sutis tentações que influenciam a vida espiritual,a autêntica e completa vida cristã, ávida pela perfeição, representa agora uma concepção estreita e antiquada da existência humana, um ideal extinto, um mundo pequeno e fechado, um arcaísmo que só quem vive à beira do grande rio da atividade moderna pode fazer o seu próprio ».

A resposta de Frassati – continua Montini – é sua própria vida, a vida de um forte. A fantasia repete para ele o que ocorreu para São Luigi Gonzaga, quando para representar este santo ele escolheu a conhecida imagem presumida dos Veronese, onde em uma figura viril e gentil de um jovem parece refletir uma alma vigorosa e ousada. Antes de perceber que ele era uma alma santa,perceberam que era uma alma forte». E  cita o esplêndido elogio do secretário socialista Filippo Turati “Pier Giorgio Frassati era realmente um homem”.

Giovanni Battista Montini nasceu em Concesio (Brescia) em 26 de setembro de 1897, filho de Giorgio, figura eminente do movimento católico e deputado do Partido Popular italiano, e Giuditta Alghisi. Sacerdote desde 29 de maio de 1920, ingressou na Secretaria de Estado e foi assistente de Fuci, primeiro em Roma e depois em nível nacional. Por 9 anos tece amizade e consonância com dezenas de jovens. O singular é que Montini e Frassati não se conhecem, mas Montini prova ter muito clara a grande estatura: «É simples. O charme do complicado não dura ». Em 1932, ele diz: «Deus, segredo desta juventude admirável, que acreditou e amou-o como pai, como fonte de vida, como um dom inefável que expande a alma para as fronteiras do infinito, que a inebriação da maravilha e contentamento, torna silencioso em adoração e canção lírica e alegre, a  pureza casta e a onda de amor incomparável. Rico nessa força, Pier Giorgio é moderno e jovem. É por isso que toda a sua vida é dominada por uma firme consciência de renovação, de ação, de milícia. É por isso que um capítulo de sua vida é intitulado: “A alegria de viver”. O cristianismo é uma exaltação da vida real. É por isso que, do coração e das mãos de Pier Giorgio, irradia caridade contínua. A caridade do próximo é a manifestação da vida que melhor reflete a de Deus, sua paternidade universal, sua prodigalidade, sua bondade, sua essência. É a melhor prova que atesta a coincidência da religião com a vida. É um ato prático de fé que afirma ser Cristo em um irmão necessitado. E foi a suprema profissão cristã de Pier Giorgio: o último esforço. Ele nos diz como podemos olhar para o poder deslumbrante de nosso século sem medo e hostilidade, não por amaldiçoar as coisas, mas por nos dominarmos. Finalmente, ele nos diz que beleza, que força, que juventude brota na humilde presença de nossas associações, vivem a ideia que é anunciada para você. Ele nos diz que mesmo que gostemos de Pier Giorgio o uniforme “Mihi vivere Christus est”, temos, como ele, o caminho do futuro e o caminho da eternidade diante de nós “.

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