Pier Giorgio Frassati,um leigo dominicano.

Oratório casa de Eduardo

Domingos Zamagna *

Transcorre em Roma o processo de canonização de um jovem universitário italiano que ainda precisa ser “descoberto” pelos brasileiros: Pier Giorgio Frassati. Na homilia da sua beatificação o Papa João Paulo II disse: “Procurai conhecê-lo!” E, de fato, ele pode ser um irradiante exemplo para a juventude da nossa época.

Pier (Turim, 6/4/1901 – 4/7/1925) foi um modelo de membro moderno do laicato católico. Seria interessante que o prezado leitor, após conhecer a vida desse novo amigo, fosse ler o precioso documento do Papa sobre o laicato, a exortação apostólica pós-sinodal “Christifideles laici” (Sobre a vocação e a missão dos leigos na Igreja e no mundo, de 30/12/1988). Filho do mais jovem senador do Reino da Itália, Alfredo Frassati, embaixador da Itália em Berlim, fundador do prestigioso jornal “La Stampa”, que existe até hoje, Piero cresceu como uma criança privilegiada, tendo herdado mais as qualidades que os defeitos de sua família.

Desde a infância foi surpreendente… Com a idade de 4 anos, quando todas as crianças (conforme antiga tradição de piedade) jogavam pétalas de rosas na imagem da Virgem Maria numa procissão, ele se apodera de uma joia da prima mais velha (uma flor de ouro)… e joga-a na direção do andor… Aos 5 anos, ao ver uma criança sem calçados pedindo esmola na porta de sua casa, tira os seus próprios sapatos e os doa à criança, fechando a porta depressa para ninguém tomar conhecimento do seu gesto.

“Coisas de santo” – alguém poderá dizer –. Seus biógrafos não escondem, contudo, que ele era brigão, quando adolescente, distribuindo sopapos e ponta-pés. Não obstante, ele soube se controlar, dedicando-se intensamente aos esportes (montanhismo e esqui), tornando-se um atleta. Guardou, entretanto, sua ira para os momentos certos, como quando expulsou, aos murros, os fascistas que invadiam uma casa de família pobre em Turim. Várias vezes apanhou – ou bateu – da polícia fascista.

Pelo conhecimento que temos da hagiografia, sabemos que nem todos os santos se lançaram aos estudos como ele, tendo sido aplicado estudante de Engenharia de Minas e Ciências Políticas. Quis ser engenheiro de minas para poder trabalhar com os mineradores, que ele identificou como os “párias da sociedade” de sua época.

Aos 18 anos, rompendo com as tradições burguesas da sua família, passou a dedicar-se aos pobres, integrando-se nas Conferências de São Vicente de Paulo, cuja experiência assim resumiu: “Em torno do doente, do miserável, do infeliz, eu vejo uma luz que não conheço em qualquer outra parte”.

Ainda aos 18 anos, quando entrou para a universidade, tomou contato com a Ordem dos Pregadores (Dominicanos). Estudou o seu carisma e pediu para dela participar como leigo. Decidiu ser leigo para poder estar mais eficazmente junto aos trabalhadores, já que a vida religiosa do início do século XX não lhe facultava esta alternativa. No dia 28 de maio de 1922 Pier recebeu o hábito branco e a capa preta de São Domingos de Gusmão, no Convento de Turim, fazendo profissão religiosa um ano depois. Pediu e recebeu o nome de Frei Jerônimo, em lembrança e imitação do grande Frei Jerônimo Savonarola, cujas obras ele estudou, bem como as de Santa Catarina de Sena e de Santo Tomás de Aquino. Segundo a tradição da espiritualidade dominicana, dedicava especial atenção à reflexão bíblica, à piedade mariana e à recitação do rosário. O Pe. Francesco Robotti, Prior do Convento Dominicano de Turim, assim se expressou sobre o jovem noviço: “Ele me pediu para receber o nome de Frei Jerônimo, porque via no ardente Savonarola um modelo de austera pureza, de busca cristã da democracia e de profundo apostolado religioso e social. Vivendo no mundo, ele queria imitar essas qualidades, especialmente participando das associações católicas da juventude, que, se bem que sob outras formas, certamente seriam apreciadas pelo grande reformador florentino.”

Embora tão jovem, manifestou interesse incomum pelos problemas da paz na Europa; foi atento observador político, e ao mesmo tempo dedicava espaço sempre maior à oração, a ponto de fundar uma associação de ajuda mútua pela oração.

Pier Giorgio Frassati respeitava cada opinião sem jamais impor a sua. Seus colegas universitários o descrevem como justo, reservado, delicado, sabendo em todas as circunstâncias ser um excelente amigo, sereno e objetivo em seus julgamentos, com imensa indulgência para com os outros e grande rigor para consigo mesmo.

Atingido pela doença, nem por isso diminuiu seus esforços em favor dos pobres, especialmente entre os mais miseráveis de Turim. Fragilizado, muito magro, seu corpo não resistiu a uma poliomielite fulminante que o levou à paralisia e à morte em uma semana.

A imensa presença dos pobres em seu funeral constituiu para todos um evidente reconhecimento de sua santidade. Com efeito, no dia 20 de maio de 1990 Pier-Frei Jerônimo foi beatificado pelo Papa João Paulo II.

A herança espiritual da luminosa presença desse jovem universitário pode ser apreciada por esta sua frase, que o coloca ao lado dos grandes místicos do Cristianismo:

“Jesus, tornai-me semelhante ao cristal,

para que vossa luz brilhe através de mim !”

* Domingos Zamagna é jornalista e professor da Escola Dominicana de Teologia-SP

Pier Giorgio Frassati, uma vida que não se apaga.

Alejandro Carvajal*

Pier Giorgio Frassati,(06 de abril de 1901-04 de julho de 1925),estudante.

Nasceu em Torino.Filho do fundador e diretor do jornal italiano La Stampa,foi um jovem absolutmanete normal;gostava de esportes e excursões,e aproveitava o tempo livre para visitar os pobres e doentes

Estudou Engenharia de Minas,e era um líder nato entre seus companheiros.Fácil de palavra e com grande capacidade de convencer,organizou a Federação do Universitários Católicos.Morreu aos vinte e quatro anos de poliomielite.

Foi beatificado por João PauloII em maio de 1990.

Pier Giorgio Frassati hoje nos diz:

“Em torno do doente, do miserável, em torno do desfavorecido, eu posso ver uma luz particular, uma luz que não temos em nós”

“Io posso vedere una luce particolare intorno all’ammalato, al miserabile, intorno al sventurato, si tratta di una luce che non è dentro di noi”.

“I can see a particular light around the sick, around the miserable and around the wretch. It is a light that is not within us”.

“Puedo ver una luz particular en torno al enfermo y al miserable, en torno al desventurado. Es una luz que no está dentro de nosotros”.

“Je vois une lumière particulière autour des malades e des misérables, autour des desfavorisés. C’est une lumière qui n’est pas en nous”.

*Advogado – San Jose – Costa Rica