Bento XVI: 27/07/2008

PAPA BENTO XVI
ANGELUS
Palácio Apostólico de Castel Gandolfo

Queridos irmãos e irmãs!
Regressei de Sidney, na Austrália, sede da 23ª Jornada Mundial da Juventude, na passada segunda-feira. Ainda tenho diante dos olhos e no coração esta extraordinária experiência, na qual me foi concedido encontrar o rosto jovem da Igreja:  era como um mosaico multicolor, formado por jovens e moças provenientes de todas as partes da terra, todos reunidos pela única fé em Jesus Cristo. “Young pilgrims of the world jovens peregrinos do mundo”, assim chamava ao povo com uma bonita expressão que realça o essencial destas Jornadas internacionais às quais deu início João Paulo II. De facto, estes encontros formam as etapas de uma grande peregrinação através do planeta, para manifestar como a fé em Cristo nos torna a todos filhos do único Pai que está nos céus e construtores da civilização do amor.
Característica própria do encontro de Sidney foi a tomada de consciência da centralidade do Espírito Santo, protagonista da vida da Igreja e do cristão. O longo caminho de preparação nas Igrejas particulares tinha como tema a promessa feita por Cristo ressuscitado aos Apóstolos:  “Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós e sereis minhas testemunhas” (Act 1, 8). Nos dias 16, 17 e 18 de Julho, nas igrejas de Sidney, os numerosos Bispos presentes exerceram o seu ministério, propondo as catequeses nas várias línguas:  estas catequeses são momentos de reflexão e de recolhimento indispensáveis para que o acontecimento não permaneça só uma manifestação externa, mas deixe uma marca profunda nas consciências. A vigília da noite no coração da cidade, sob o Cruzeiro do Sul, foi uma coral invocação do Espírito Santo; e por fim, durante a grande Celebração eucarística de domingo passado, administrei o Sacramento da Confirmação a 24 jovens de vários continentes, dos quais 14 australianos, convidando todos os presentes a renovar as promessas baptismais. Assim esta Jornada Mundial transformou-se num novo Pentecostes, a partir do qual recomeçou a missão dos jovens, chamados a ser apóstolos dos seus coetâneos, como tantos santos e beatos, e em particular o Beato Piergiorgio Frassati, cujas relíquias, colocadas na Catedral de Sidney, foram veneradas por uma ininterrupta peregrinação de jovens. Cada jovem e moça foi convidado a seguir o seu exemplo, a partilhar a experiência pessoal de Jesus, que muda a vida dos seus “amigos” com a força do Espírito Santo, o Espírito do amor de Deus.
Desejo hoje agradecer novamente aos Bispos da Austrália, em particular ao Arcebispo de Sidney, o grande trabalho de preparação e o cordial acolhimento que me reservaram, assim como a todos os outros peregrinos. Agradeço às Autoridades civis australianas a sua preciosa colaboração. Dirijo um agradecimento especial a quantos, em todas as partes do mundo, rezaram por este acontecimento, garantindo o seu bom êxito. A Virgem Maria recompense cada um com as graças mais belas. A Maria confio também o período de repouso que transcorrerei a partir de amanhã em Bressanone, entre os montes do Alto  Ádige.  Permaneçamos  todos  na oração!

Domingo, 27 de Julho de 2008
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Bento XVI: 09/11/2007

DISCURSO DO PAPA BENTO XVI
NO ENCONTRO COM OS JOVENS DA FEDERAÇÃO
UNIVERSITÁRIA CATÓLICA ITALIANA (FUCI)

Queridos jovens amigos da FUCI!
É-me particularmente agradável esta vossa visita, que realizais no final das celebrações para o 110º aniversário do nascimento da vossa Associação, a FUCI, Federação Universitária Católica Italiana. Dirijo a cada um de vós a minha saudação cordial, começando pelos Presidentes Nacionais e pelo Assistente Eclesiástico Central, e agradeço as palavras que me dirigiram em vosso nome. Saúdo D. Giuseppe Betori, Secretário-Geral da Conferência Episcopal Italiana, e D. Domenico Sigalini, Bispo de Palestrina e Assistente Eclesiástico Geral da Acção Católica Italiana, que vos acompanhou nesta Audiência e com a sua presença testemunham o forte enraizamento da FUCI na Igreja que está na Itália. Saúdo os Assistentes diocesanos e os membros da Fundação da FUCI. A todos e a cada um renovo o apreço da Igreja pelo trabalho que a vossa Associação desempenha no mundo universitário ao serviço do Evangelho.
A FUCI celebra os seus 110 anos: uma ocasião propícia para olhar para o caminho percorrido e para as perspectivas futuras. A preservação da memória histórica representa um precioso valor para que, ao considerar a qualidade e a consistência das próprias raízes, somos mais facilmente estimulados a prosseguir com entusiasmo o percurso iniciado. Nesta feliz circunstância, retomo de bom grado as palavras que há dez anos o meu amado predecessor João Paulo II vos dirigiu, por ocasião do vosso centenário: “A história destes 100 anos disse ele confirma precisamente que a vicissitude da FUCI constitui um capítulo significativo na vida da Igreja na Itália, em particular naquele vasto e multiforme movimento laical que tem o seu eixo fundamental na Acção Católica” (Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XIX, 1 [1996], pág. 1110).
Como não reconhecer que a FUCI contribuiu para a formação de gerações inteiras de cristãos exemplares, que souberam traduzir na vida e com a vida o Evangelho, comprometendo-se a níveis cultural, civil, social e eclesial? Penso, em primeiro lugar, nos beatos Piergiorgio Frassati e Alberto Marvelli, vossos coetâneos; recordo personalidades ilustres como Aldo Moro e Vittorio Bachelet, ambos barbaramente assassinados; também não posso esquecer o meu venerado predecessor Paulo VI, que foi atento e corajoso Assistente eclesiástico central da FUCI nos anos difíceis do fascismo, e depois os Monsenhores Emílio Guano e Franco Costa. Além disso, os últimos dez anos caracterizaram-se pelo compromisso decidido da FUCI em redescobrir a própria dimensão universitária. Depois de não poucos debates e intensas discussões, nos meados dos anos 90, na Itália foi lançada mão de uma radical reforma do sistema académico, que agora apresenta uma nova fisionomia, cheia de prometedoras perspectivas, mas também com elementos que suscitam uma legítima preocupação. E vós, quer nos recentes Congressos quer nas páginas da revista Ricerca, preocupastes-vos constantemente pela nova configuração dos estudos académicos, das relativas modificações legislativas, do tema da participação estudantil e dos modos como as dinâmicas globais da comunicação incidem sobre a formação e transmissão do saber.
É precisamente neste âmbito que a FUCI pode expressar plenamente também hoje o seu antigo e sempre actual carisma: isto é, o testemunho convicto da “possível amizade” entre a inteligência e a fé, que exige o esforço incessante de conjugar a maturação na fé com o crescimento no estudo e a aquisição do saber científico. Neste contexto adquire um valor significativo a expressão que tanto apreciais: “crer no estudo”. De facto, por que considerar que quem tem fé deve renunciar à pesquisa livre da verdade, e quem procura livremente a verdade deve renunciar à fé? Ao contrário é possível, precisamente durante os estudos universitários e graças a eles, realizar uma autêntica maturação humana, científica e espiritual. “Crer no estudo” significa reconhecer que o estudo e a pesquisa especialmente durante os anos da Universidade prosseguem com uma força intrínseca de ampliação dos horizontes da inteligência humana, sob condição de que o estudo académico conserve um perfil exigente, rigoroso, sério, metódico e progressivo. Aliás, com estas condições ele representa uma vantagem para a formação global da pessoa humana, como costumava dizer o Beato Giuseppe Tovini, afirmando que com o estudo os jovens nunca seriam pobres, enquanto que sem o estudo nunca seriam ricos.
O estudo constitui, ao mesmo tempo, uma providencial oportunidade para progredir no caminho da fé, porque a inteligência bem cultivada abre o coração do homem à escuta da voz de Deus, ressaltando a importância do discernimento e da humildade. Referi-me precisamente ao valor da humildade no recente Encontro de Loreto, quando exortei os jovens italianos a não seguir o caminho do orgulho, mas o de um sentido realista da vida aberto à dimensão transcendente. Hoje, como no passado, quem quer ser discípulo de Cristo é chamado a ir contra a corrente, a não se deixar levar por atractivos interessantes e persuasivos que provêm de diversos púlpitos onde são difundidos comportamentos marcados pela arrogância e pela violência, pela prepotência e pela conquista do sucesso com qualquer meio. Registra-se na sociedade actual uma corrida por vezes desenfreada para o parecer e ter em desvantagem infelizmente do ser, e a Igreja, mestra em humildade, nunca se cansa de exortar especialmente as novas gerações, às quais vós pertenceis, a permanecer vigilantes e a não temer a escolha de vias “alternativas” que só Cristo sabe indicar.
Sim, queridos amigos, Jesus chama todos os seus amigos a orientar a sua existência para um modo de viver sóbrio e solidário, a tecer relações afectivas sinceras e gratuitas com os outros. A vós, queridos jovens estudantes, pede que vos comprometais honestamente no estudo, cultivando um sentido maduro de responsabilidade e um interesse partilhado pelo bem comum. Portanto, os anos da Universidade sejam palestra de testemunho evangélico convicto e corajoso. E para realizar esta vossa missão, procurai cultivar uma amizade íntima com o Mestre divino, colocando-vos na escola de Maria, Sede da Sabedoria. Confio-vos à sua materna intercessão e, ao garantir-vos uma lembrança na oração, concedo de coração a todos com afecto uma especial Bênção Apostólica, que de bom grado faço extensiva às vossas famílias e às pessoas que vos são queridas.

Sexta-feira, 9 de Novembro de 2007
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Bento XVI: 02/09/2007

VISITA PASTORAL
DO PAPA BENTO XVI
A LORETO
POR OCASIÃO DO ÁGORA
DOS JOVENS ITALIANOS

HOMILIA DO SANTO PADRE
NA CONCELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA
NA ESPLANADA DE MONTORSO

Queridos amigos, o caminho da humildade não é portanto a vereda da renúncia, mas sim da coragem. Não é o êxito de uma derrota, mas o resultado de uma vitória do amor sobre o egoísmo e da graça sobre o pecado. Seguindo Cristo e imitando Maria, devemos ter a coragem da humildade; temos de confiar-nos humildemente ao Senhor, porque só deste modo poderemos tornar-nos instrumentos dóceis nas suas mãos, permitindo-lhe fazer em nós grandes coisas. O Senhor realizou maravilhas em Maria e nos Santos! Penso, por exemplo, em Francisco de Assis e em Catarina de Sena, Padroeiros da Itália. Penso também em jovens esplêndidos, como Santa Gema Galgani, São Gabriel dell’Addolorata, São Luís Gonzaga, São Domingos Sávio, Santa Maria Goretti, que nasceu não distante daqui, e nos Beatos Piergiorgio Frassati e Alberto Marvelli. E penso inclusive nos numerosos rapazes e moças que pertencem à plêiade dos Santos “anónimos”, mas que para Deus não são anónimos. Para Ele, cada pessoa individualmente é única, com o seu nome e o seu rosto. Todos nós, e vós bem o sabeis, somos chamados a ser santos!

Domingo, 2 de Setembro de 2007

Bento XVI: 04/07/2007

PAPA APRESENTA EXEMPLO DE PIERGIORGIO FRASSATI, ESTUDANTE E ESPORTISTA

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 4 de julho de 2007 – Bento XVI apresentou nesta quarta-feira o modelo de vida do beato Piergiorgio Frassati, jovem estudante e esportista falecido aos 24 anos.

Ao final da audiência geral, o Papa dirigiu uma breve saudação aos jovens, aos enfermos e aos recém-casados para apresentar-lhes esse beato italiano da Ação Católica, que viveu entre o ano 1901 e 1925, cuja memória litúrgica se celebrava neste dia.

«Que seu exemplo vos dê forças, queridos jovens, para testemunhar o Evangelho em toda circunstância da vida», disse o Santo Padre.

«Que vos ajude, queridos enfermos, a oferecer vossos sofrimentos cotidianos para que se realize no mundo a civilização do amor», acrescentou.

«Que vos apóie, queridos recém-casados — alguns levavam a roupa de casamento — a construir vossa família sobre a sólida base da íntima união com Deus.»

Piergiorgio era filho de Alfredo Frassati, fundador e diretor do jornal «La Stampa», ainda hoje um dos jornais mais importantes da Itália.

Para estar próximo dos mineiros, o jovem rapaz decidiu estudar engenharia de minas no Politécnico de Turim.

Apaixonado pela montanha, fazia de suas excursões uma oportunidade de apostolado e oração em comum. Pouco antes de obter o diploma de engenheiro, teve poliomielite. Morreu, após uma semana de sofrimentos, em 4 de julho de 1925.

João Paulo II, que se inspirou em seu exemplo durante sua juventude, como ele mesmo revelaria depois, beatificou Piergiorgio Frassati em 20 de maio de 1990.

Fonte: ZENIT.org

João Paulo II: 04/07/2001

PAPA JOÃO PAULO II
AUDIÊNCIA

Hoje celebramos a memória litúrgica do Beato Piergiorgio Frassati. O tenaz exemplo de fidelidade a Cristo, oferecido por este jovem Beato vos revigore, queridos rapazes e queridas jovens, no generoso propósito de dar testemunho do Evangelho em cada circunstância da vida. O Beato Piergiorgio Frassati vos ajude, estimados doentes, a oferecer os vossos sofrimentos quotidianos em comunhão com toda a Igreja, para que no mundo se realize a civilização do amor; e vos sustente, dilectos novos casais, na edificação da vossa família sobre o sólido fundamento da união íntima com Deus.

Quarta-feira 4 de julho de 2001

João Paulo II: 22/12/2000

Placa recordando a visita do papa João Paulo II ao cemitério de Pollone

PAPA JOÃO PAULO II

Nestes dias de Advento e no mistério do Natal sobressai a imagem silenciosa de Maria, Virgem fiel e Mãe cheia de carinhos. Nestes dias vós quisestes pensar n’Ela, ao oferecer-me um dom como recordação deste nosso encontro. Obrigado por me haverdes dado uma característica imagem de “Maria, Mãe dos Jovens”. Seja Ela, a Senhora, a acompanhar-vos e proteger-vos neste vosso itinerário espiritual e comunitário. Inspirai-vos n’Ela que, como insígnia do Concílio Vaticano II, é o modelo incomparável e perfeito da vida e da missão da Igreja, é a mãe que gera os cristãos e os conduz à perfeição da caridade (cf. Lumen gentium, 63-65).
Maria ajudar-vos-á a ser apóstolos de paz e a atingir o cume da santidade, como aconteceu a não poucos dos vossos coetâneos que vos precederam. Apraz-me aqui recordar, de modo singular, o beato Piergiorgio Frassati, um verdadeiro atleta de Deus, morto aos vinte e quatro anos, depois de uma vida de amor e de fé. Ele escrevia numa sua carta: “Com o amor semeia-se nos homens a paz, mas não a paz do mundo, a verdadeira paz que só a fé em Jesus Cristo pode dar”. Eis a paz que vós quereis e deveis construir sempre e em toda a parte.

22 de Dezembro de 2000

João Paulo II: 04/12/2000

JOÃO PAULO II
AUDIÊNCIA GERAL

Ao Fórum internacional da Acção Católica

Saúdo em primeiro lugar a vós, caríssimos Irmãos e Irmãs do Fórum internacional da Acção Católica, congregados nestes dias em assembleia aqui em Roma. Saúdo os Bispos presentes e os Presidentes nacionais congregados para a Assembleia. Dirijo um pensamento especial a D. Agostino Superbo, a quem agradeço as amáveis palavras que há pouco me dirigiu, fazendo-se intérprete dos sentimentos também dos demais participantes.

A vossa presença hoje aqui deseja ser um sinal de renovada fidelidade à Igreja e um compromisso a retomar com entusiasmo sempre maior o caminho da nova evangelização. A Acção Católica, assim como qualquer outro Grupo, Associação e Movimento eclesial, é chamada a ser uma autêntica escola de perfeição cristã. Ou seja, é chamada a ser aquele “laboratório da fé” que, como eu dizia aos jovens participantes na inesquecível Vigília de Oração em Tor Vergata, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, contribui para formar verdadeiros discípulos e apóstolos do Senhor. Caríssimos, continuai a aprofundar a vossa busca de Deus. Tende sempre a alma aberta para as grandes expectativas e desafios apostólicos do nosso tempo. Crescei num autêntico espírito eclesial, alimentado pelo estudo dos Documentos conciliares, cujo ensinamento permanece sempre muito actual. Sede fiéis às directrizes operativas que tive a ocasião de traçar na Exortação Apostólica pós-sinodal Christifideles laici. Assim, sereis uma riqueza cada vez maior para toda a Igreja a caminho do terceiro milénio cristão.

3. Remontando às fontes do Concílio Vaticano II, conseguireis captar com maior clareza as notas características da vossa Associação, de maneira particular a sua eclesialidade, secularidade e organicidade, na constante colaboração com os respectivos Pastores. Estas são as características essenciais que definem o rosto da Acção Católica, não obstante as diversificadas siglas e denominações, em inúmeras partes do mundo.

Se às vezes o passo das Comunidades em que trabalhais vos parece lento ou cansativo, não vos desencorajeis mas, pelo contrário, redobrai o vosso amor e esforço a fim de que, com a vossa santidade de vida e o vosso impulso apostólico, a imagem da Igreja seja cada vez mais esplêndida.

Nesta missão de humildes servidores da unidade do povo de Deus, inspirai-vos constantemente nos exemplos e ensinamentos dos Santos e dos Beatos que se formaram no âmbito da vossa Associação: penso de maneira especial nos Santos mártires mexicanos, nos Beatos Pier Giorgio Frassati, em Gianna Beretta Molla, em Pierina Morosini, em Antonia Mesina e ainda na Irmã Grabriela da Unidade.

Acompanhe-vos e proteja-vos Maria, a Virgem Imaculada, de quem, de forma muito especial, vos honrais, invocando-a como Mãe e Rainha da Acção Católica.

4 de Dezembro de 2000

PAPA JOÃO PAULO II

João Paulo II: 17/10/1999

JOÃO PAULO II
ANGELUS

O “Sino da Paz”
Acolho com afecto os “Meninos albaneses embaixadores de paz”, com os missionários e os educadores, e é-me grato benzer o “Sino da Paz”, realizado com os cartuxos recolhidos na região albanesa da Zadrima, e que será colocado na praça central de Tirana no dia 1 de Janeiro de 2000.
Saúdo, além disso, os membros da associação “Giovane Montagna”, os quais, no espírito do Beato Pier Giorgio Frassati, percorreram a pé um antigo “caminho dos peregrinos”, desde os Alpes até Roma.

Domingo, 17 de Outubro de 1999

PAPA JOÃO PAULO II

João Paulo II: 27/05/1999

MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II
AO ASSISTENTE-GERAL
DA ACÇÃO CATÓLICA ITALIANA

Ao venerado Irmão D. AGOSTINO SUPERBO
Assistente-Geral da Acção Católica Italiana

1. Por ocasião da VII Assembleia nacional do Movimento Eclesial de Compromisso Cultural (MEIC), que terá lugar em Assis nos próximos dias 28-30 de Maio, desejo transmitir-lhe, venerado Irmão, bem como ao Assistente Central, Mons. Pino Scabini, ao Presidente Nacional, Prof. Lorenzo Caselli, e aos demais participantes a minha afável e cordial saudação, juntamente com as expressões do meu apreço e encorajamento.
Com este importante encontro o MEIC – que na nova denominação reúne a benemérita tradição dos «Laureados católicos» e os ideais jamais esquecidos dos seus fundadores, o então D. Giovanni Battista Montini, sucessivamente Papa Paulo VI, de veneranda memória, e o Prof. Igino Righetti – interroga-se acerca do modo como exercer no limiar do novo Milénio e em continuidade com a sua história, uma responsabilidade cultural assumida como vocação de «caridade de inteligência».
A incessante aceleração dos ritmos da história, a crise das culturas, os desafios apresentados por algumas escolas de pensamento e por uma mentalidade que ignora cada vez mais a antropologia cristã exigem um renovado anúncio do Evangelho que, como recordava o meu venerado predecessor Paulo VI, consiste fundamentalmente em inserir a Palavra de Deus no círculo do debate humano (cf. Ecclesiam suam, AAS 56 [1964], pág. 664). A nova evangelização, urgente tarefa da Igreja contemporânea, compromete o MEIC no cuidado pela cultura, a fim de que esta seja vivificada pelo fermento do Evangelho, através da via do respeito da inteligência e da competência na investigação da verdade; do cultivo dos vários campos do saber, à luz da Revelação estudada com paixão; de uma participação incondicional nos propósitos essenciais da Igreja, em plena comunhão com os Pastores; do diálogo paciente e persuadido, em atitude de cordial abertura a cada um dos interlocutores. Este compromisso, que pode contar com a promissora presença dos jovens e a rica experiência de quantos desde há muito tempo fazem parte desta Associação, tem em vista em primeiro lugar suscitar a consciência de que são «pedras vivas» de um edifício espiritual maior, onde se podem saborear os frutos de reconciliação e de paz que o próximo ano jubilar celebra e, num certo sentido, antecipa (cf. 1 Pd 2, 5).
2. Na oportuna busca de novas abordagens culturais para melhor enfrentar os desafios do presente, é necessário que se conserve inalterada a finalidade da vossa Associação que, como tive ocasião de dizer no encontro de 16 de Janeiro de 1982, consiste em «pensar e promover a cultura em estreita conexão com a fé que professais, actuando uma verdadeira síntese entre a fé e a cultura. Esta é a vossa missão específica, à qual jamais vos podeis subtrair como homens de cultura ou como crentes, uma vez que tal síntese é exigência tanto da cultura como da fé» (Insegnamenti V/1, pp. 129-130).
Consequentemente, deve-se cultivar com particular cuidado o carácter eclesial laical que, além de qualificar a presença do MEIC nos modernos areópagos culturais e profissionais, garante a sua identidade de movimento de pessoas amadurecidas na fé, co-responsáveis pela obra de evangelização, em união de intenções com outras experiências eclesiais, especialmente com a Acção Católica Italiana. Quanto a isto, muito beneficiará o Movimento o assíduo contributo dos Assistentes eclesiásticos, sinal do ligame com o Bispo e o Magistério da Igreja.
Os propósitos e a identidade do MEIC encontrarão num estilo de vida arraigado no Evangelho e experimentado na investigação científica e no serviço aos irmãos, a mais excelsa garantia de autenticidade e a capacidade de valorizar o passado para se abrir corajosamente ao futuro.
Ao realizarem a sua precípua vocação, os membros do MEIC serão orientados e estimulados por inumeráveis testemunhas fiéis a Deus e ao homem, algumas das quais foram elevadas às honras dos altares: de São José Moscati aos Beatos Contardo Ferrini e Piergiorgio Frassati, do Servo de Deus Paulo VI a José Lazzari, Vico Necchi, Itália Mela, Vitório Bachelet e aos numerosos homens e mulheres que assumiram com seriedade este imperativo: «Assim como Aquele que vos chamou é santo, sede também vós santos em todas as vossas acções, pois está escrito: “Sereis santos porque Eu sou santo”» (1 Pd 1, 15-16).
3. Por conseguinte, o tema da VII Assembleia nacional, «Testemunho do Evangelho e estilos de vida. A responsabilidade do MEIC» adquire uma singular característica de actualidade.
Diante dos limites e dos riscos de uma complexidade fragmentada, de um eclipse da razão crítica, de uma crescen-te separação entre fé e razão, é necessário despender contínuos esforços de análise e de síntese do contributo, paciente e às vezes difícil, que o crente deve oferecer ao mundo da cultura. Este exige o conhecimento dos multíplices estilos de vida presentes no contexto actual, o contacto real com a sociedade e o confronto com os vários ambientes, culturas e situações. Esta tarefa deve ser assumida por pessoas que, não só a nível individual mas coralmente, tenham a capacidade de meditar, discernir e criar uma sintonia entre os diversificados pólos culturais, ajudando a cultura leiga a situar-se naquele horizonte genuíno que consente ao homem a suprema realização de si mesmo (cf. Fides et ratio, 107)
Interpretar as exigências da sociedade italiana, assumir as problemáticas mais radicais que inquietam as consciências e ao mesmo tempo apelam ao mistério de Deus, empenhar-se em criar o paciente equilíbrio que requer a «compenetração da cidade terrena e da cidade celeste», concebida na fé e destinada a consolidar a mesma vida civil, tornando-a mais humana (cf. Gaudium et spes, 40): eis a contribuição do MEIC para o Projecto cultural orientado em sentido cristão, promovido pela Igreja que está na Itália!
Para servir de maneira cada vez mais incisiva a Igreja e a cidade do homem, o MEIC é chamado a enriquecer a sua diaconia à verdade com as características da criatividade e do esforço de permanecer sempre na perspectiva sapiencial que leva à nascente vivificante: o Senhor Jesus, de quem promanam a verdade e a graça (cf. Jo 1, 17).
Desta forma, as Igrejas locais e a mesma Comunidade nacional poderão receber um significativo contributo em vista da promoção de uma nova cultura aberta aos grandes valores humanos e cristãos.
4. Formulo votos por que esta Assembleia constitua para o MEIC um momento de renovada fidelidade, de profícua investigação e de corajosa projectação, e que nesta perspectiva o iminente Grande Jubileu do Ano Santo 2000 seja para todos os seus aderentes uma ocasião para encontrar Cristo e, n’Ele, «o verdadeiro critério para avaliar a realidade temporal e qualquer projecto que procure tornar a vida do homem cada vez mais humana» (Incarnationis mysterium, 1).
Com estes bons votos, enquanto invoco a materna intercessão da Virgem Sede da Sabedoria, que ensina a interpretar a história à luz do amor sempre novo do Pai, de coração concedo-lhe, venerado Irmão, bem como aos Representantes do MEIC, aos participantes na Assembleia e ao inteiro Movimento a implorada Bênção Apostólica, portadora da luz e da benevolência divinas.

Vaticano, 27 de Maio de 1999.

PAPA JOÃO PAULO II

João Paulo II: 20/05/1990 (A beatificação)

Pier Giorgio Frassati, ajuda-nos a viver a esperança de um mundo melhor!

Toda a igreja viveu momentos de festa, na manhã de domingo 20 de maio, quando foi elevado às honras do altar, como novo Beato, um dos seus filhos proposto como modelo de vida cristã a todos os crentes mas, de modo especial, aos jovens. Trata-se da vida simples extraordinária de Pier Giorgio Frassati, reconhecida oficialmente pela Igreja com o solene rito de Beatificação, presidido por João Paulo II durante a concelebração eucarística na Praça de São Pedro.
O pedido oficial de Beatificação e a síntese biográfica do Servo de Deus, foram apresentados pelo Arcebispo de Turin, D. Giovanni Saldarini. Em seguida, o Santo Padre pronunciou a fórmula ritual de Beatificação, fixando o dia 04 de julho para o culto do Beato Frassati. Tendo sido descerrado o painel, colocado na fachada da Basílica Vaticana que representava o jovem Frassati como um alpinista, toda a assembléia aclamou este novo modelo de vida cristã. Foi então cantado o “Glória” e teve prosseguimento a Santa Missa.
Encontravam-se presentes na cerimônia o Excelentíssimo Presidente da República Italiana, acompanhado de outras autoridades do Governo, principalmente as que se sentem ligadas à Ação Católica, na qual Frassati se empenhou com tanto entusiasmo; alguns membros da família do novo Beato, entre os quais sua irmã, a senhora Luciana Frassati Gawronska que foi a grande promotora da causa da beatificação; vários Cardeais, Arcebispos e Bispos da Cúria Romana e das regiões do Piemonte, terra natal do novo Beato; os Membros do corpo Diplomático junto a Santa Sé; grande número de sacerdotes, religiosos e leigos, diretamente empenhados nos movimentos e organizações de apostolado leigo.
Após a leitura do Evangelho, o Santo Padre pronunciou a seguinte homilia:

“Eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro consolador… o Espírito da Verdade” (Jô 14,16).

No tempo pascal, à medida que nos aproximamos do Pentecostes, estas palavras tornam-se cada vez mais atuais.

Elas foram pronunciadas no Cenáculo por Jesus, na vigília da Paixão, enquanto se despedia dos Apóstolos. A sua partida – a partida do amado Mestre mediante a morte e a ressurreição – abre o caminho para outro consolador (Jo 16,7). Virá o Paráclito: virá graças precisamente à morte redentora de Cristo, que torna possível e inaugura a nova presença misericordiosa de Deus entre os homens.

O Espírito da Verdade, que o mundo não vê nem conhece, faz-se, porém, conhecer pelos apóstolos, “Porque há de habitar com eles e atuará neles” (Jo 14,17). E disto, no dia de Pentecostes, todos se tornarão testemunhas.

O pentecostes, todavia, é apenas início, porque o Espírito da Verdade vem para permanecer com a Igreja para sempre (Jo 14,16), no incessante renovar-se das gerações futuras. E então não só aos homens do seu tempo, mas a todos nós e aos nossos contemporâneos se dirigem as palavras do Apóstolo Pedro:
“Venerai Cristo Senhor nos vossos corações e estai sempre prontos a responder, a todo aquele que vos perguntar a razão da vossa esperança” (! Ped. 3,15).
No nosso século, Píer Giorgio Frassati, a quem em nome da Igreja eu tive a alegria de proclamar Beato, encarnou na própria vida estas palavras de São Pedro. O poder do Espírito da Verdade, unido à Cristo, tornou-o moderna testemunha da esperança, que provém do Evangelho, e da graça de salvação operante no coração do homem.
Deste modo, ele tornou-se a testemunha viva e o defensor corajoso desta esperança, em nome dos jovens cristãos do século XX.

A fé e a caridade, verdadeiras forças motrizes da sua existência, tornaram-no ativo e operoso no ambiente em que viveu, na família e na escola, na universidade e na sociedade; transformaram-no em alegre entusiasta apóstolo de Cristo, em apaixonado seguidor da sua mensagem e da sua caridade.

O segredo de seu zelo apostólico e de sua santidade deve ser buscado no itinerário ascético e espiritual por ele percorrido; na oração, na adoração perseverante, também noturna, do Santíssimo Sacramento, na sua sede da Palavra de Deus, perscrutada nos textos bíblicos; há serena aceitação das dificuldades da vida, mesmo familiares; na castidade vivida com disciplina alegre e sem comprometimentos; na predileção cotidiana pelo silêncio e pela “normalidade” da existência.
É precisamente nestes fatores que nos é dado descobrir a fonte profunda da sua vitalidade espiritual.

Com efeito, é por meio da Eucaristia que Cristo comunica o seu Espírito; é mediante a escuta de sua palavra que cresce a disponibilidade a acolher os outros, e é também través do abandono orante na vontade de Deus que amadurecem as grandes decisões da vida. Só adorando a Deus presente no próprio coração, o batizado pode responder àquele que lhe perguntar a razão da sua esperança. E o jovem Frassati sabe-o, experimenta-o, vive-o . Na sua existência fé funda-se com a caridade; sólido na fé e operante na caridade, porque a fé sem obras é morta (Tg. 2,20).

Certamente, a um olhar superficial, o estilo de Pier Giorgio, um jovem moderno cheio de vida, não apresenta grandes coisas extraordinárias. Mas precisamente esta é a originalidade das suas virtudes, que convida a refletir e impele à imitação.

Nele, a fé e os acontecimentos cotidianos fundem-se de maneira harmoniosa, tanto que a adesão ao Evangelho se traduz em atenção amorosa aos pobres e aos necessitados, num crescendo contínuo até aos últimos dias da doença que o levará à morte. O gosto do belo e da arte, a paixão pelo desporto e pela montanha, e a atenção aos problemas da sociedade não lhe impedem a relação constante com o absoluto.

Toda imersa no mistério de Deus e toda dedicada ao constante serviço ao próximo: Assim se pode resumira sua jornada terrena.

A sua vocação de leigo cristão realizava-se nos seus múltiplos empenhos associativos e políticos, numa sociedade em agitação, indiferente e às vezes hostil à Igreja. Com este espírito, Píer Giorgio soube dar impulso aos vários movimentos católicos, aos quais aderiu com entusiasmo, mas, sobretudo à Ação Católica, e também à FUCI, na qual encontrou verdadeiro treinamento de formação cristã e campos propícios para o seu apostolado. Na ação Católica ele viveu a vocação cristã, com alegria e orgulho e empenhou-se em amar Jesus e em divisar nele os irmãos que encontrava pelo caminho ou buscava nos lugares de sofrimento, da marginalização e do abandono, para fazer com que eles sentissem o calor da sua solidariedade humana e o conforto sobrenatural da sua fé em Cristo. Morreu jovem, ao término duma existência breve, mas, extraordinariamente rica de frutos espirituais, encaminhando-se para a verdadeira pátria a cantar os louvores a Deus.

A celebração de hoje convida todos nós a acolhermos a mensagem, que este jovem transmite aos homens do nosso tempo, sobretudo a vós, jovens, desejosos de oferecer um concreto tributo de renovação espiritual a este nosso mundo, que às vezes parece desagregar-se e definhar-se por falta de ideais.

Ele proclama, com o seu exemplo, que é bem aventurada a vida conduzida no Espírito de Cristo, Espírito das Bem-aventuranças, e que só aquele que se torna homem das Bem-aventuranças consegue comunicar aos irmãos o amor e a paz. Ele repete que verdadeiramente vale a pena sacrificar tudo para servir o senhor. Testemunha que a santidade é possível a todos e que só a revolução da caridade pode acender no coração dos homens a esperança de um futuro melhor.

Sim, quão magníficas são as obras do Senhor… “Aclamai ao Senhor toda a terra” Sl 65/66, 1-3).

Os versículos do Salmo, que ressoam na liturgia deste domingo, são como um eco vivo da alma do jovem Frassati. Sabe-se, de fato, quanto ele tenha amado o mundo criado por Deus!

“Vinde e vede as gestas de Deus” (Sl 65/66,5): também este é um convite que se recolhe da sua jovem alma e, de modo particular, se dirige aos jovens.
Admirável é Deus de suas Ações entre os homens. Admirável o seu agir em favor dos homens! É preciso que os olhos humanos – olhos jovens sensíveis – saibam admirar as obras de Deus, no mundo exterior e visível. É preciso que os olhos da alma saibam voltar-se deste mundo exterior e visível, para o mundo interior e invisível; e assim possam manifestar ao homem aquelas dimensões do espírito, nas quais se reflete a luz do verbo que ilumina todo o homem (Jo 1,9).

Nesta luz o espírito da verdade.

Eis o homem interior! E assim nos aparece Pier Giorgio Frassati. De fato, toda a sai vida parece resumir as palavras de Cristo, que encontramos no Evangelho de João: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu pai amá-lo-á e viremos a ele e faremos nele morada” (Jo 14,23).

Ele é o homem interior amado pelo Pai, porque muito amou!

Ele é também o homem do nosso século, homem moderno, o homem que tanto amou!

Porventura, não é o amor a coisa mais necessária ao nosso século XX, tanto no seu início como no seu fim? Porventura, não é verdadeiro que só permanece, sem nunca perder a sua validade: o fato de que amou?
Ele partiu jovem deste mundo, mas deixou um sinal no século inteiro, e não apenas neste nosso século. Ele partiu deste mundo, mas no poder pascal do seu batismo, pode repetir a todos, de modo particular às jovens gerações de hoje e de amanhã: “Vós ver-meeis, porque eu vivo e vós vivereis”(Jô 14,19). Estas palavras foram pronunciadas por Jesus Cristo, enquanto se despedida dos Apóstolos, antes de enfrentar a paixão. É-me grato reconhece-las dos lábios mesmos do novo Beato, como persuasivo convite a viver de Cristo, em Cristo. E é convite válido ainda agora, válido também hoje, sobretudo para os jovens de hoje. Válido para todos nós. Convite que nos foi deixado por Pier Giorgio Frassati.

* A beatificação ocorreu no dia 20 de maio de 1990, na praça São Pedro.

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