Recordando Pier Giorgio Frassati.

Em 1922-1923, eu me encontrava em Turim para a comemoração do centenário de São Domingos. Durante as cerimônias, tive a oportunidade de ver os jovens estudantes da Ordem Terceira, todos eles distintos. No entanto, um deles me chamou a atenção de modo muito particular. De toda a sua pessoa emanava uma força atrativa impregnada de doçura.
Pier Giorgio Frassati era o seu nome. Nascera em Turim em 6 de abril de 1901, e ali morreu em 4 de julho de 1925, em plena mocidade e vigor, às vésperas de receber seu diploma de engenheiro. Apresentamo-lo hoje aos nossos jovens compatriotas para que nele reconheçam um dos seus e prestem à sua memória o culto que lhe é devido.
Ele fazia parte do seleto grupo de rapazes que hoje se encontram por toda parte, nos centros universitários, e que, com a nostalgia do sobrenatural, mostram um verdadeiro temperamento de apóstolos. A religião sempre se lhe apresentou como doutrina de vida — uma só vez luz e força — que deve iluminar e fecundar toda a atividade humana. Nada há de fugir à sua influência vivificante.
Pier Giorgio só teve tempo de ser estudante, mas já se via nele o homem que havia de ser, não propriamente um intelectual — ou seja: aquele que colocou toda a sua vida a serviço das ideias — mas um homem de ação, resolvido a colocar as ideias a serviço da vida.
Para ele, Ação consistia em Ação Católica, tanto na vida interior como nas obras exteriores, na vida particular, na familiar e na social.
Agir, conforme o seu modo de ver, era viver, pensar, sentir, amar, entregar-se com todos os recursos e ardores da natureza e da graça.
Dentro dele mesmo é que ficava o centro de ação, no mais profundo da alma, no contacto íntimo com Deus de amor cuja presença o inebriava. Ali é que achava habitualmente a alegria de viver; ali é que encontrou, aos vinte e quatro anos de idade, coragem bastante para morrer.
Durante toda a sua vida de estudante, foi piedoso, mas de uma piedade que não empanava o brilho do olhar, não obscurecia a fronte nem quebrava o sorriso. Ao contrário, todo ele irradiava alegria, deixando sempre que sua admirável natureza se desenvolvesse ao sol do divino amor.
A todos os sentimentos que fazem vibrar o coração humano sob as inspirações cristãs, dava hospitalidade o seu, com uma espontaneidade e generosidade sem par. Amava profundamente todos os seus, sofria na separação deles, exultava com o regresso ao seu seio. Por toda a parte espalhava alegria. O pai chegava a esquecer as preocupações políticas quando com ele brincava. A mãe conservava no íntimo do coração todas as suas palavras.
Amou pátria e família com a mesma veemência e o mesmo entusiasmo. Como poderia deixar de as amar ele, cuja alma sensível e delicada compreendia tudo o que lhes era devedor? Não é verdade que a sua bela Itália dera à Igreja o mais profundo pensador, Santa Tomás de Aquino; o maior poeta, Dante; e, numa plêiade imortal e popular dos pintores…
…o seu país com a do mundo estilizado e, por duas vezes, antes e depois de Cristo, não fora Roma a cidade e a capital do Universal? Pier Giorgio considerava a Pátria como um prolongamento da família, e a Igreja como a extensão da Pátria na ordem espiritual. Os sentimentos que por elas alimentara, longe de serem antagônicos em seu coração, harmonizaram-se e reforçaram mutuamente.
Como ele sabia amar nossa Mãe, a santa Igreja! De boa vontade daria a vida por ela. Na Igreja, principalmente, as almas atraíam-no e, dentre elas, as dos pobres. Nas páginas que se seguem poderão ser lidos trechos comoventes sobre o culto que votava aos pobres. Aos que padeciam fome dava o pouco que possuía; nos que sofriam do isolamento do coração, dava o seu; aos infelizes que nada sabiam de Deus e viviam na ignorância espiritual, dava o exemplo do justo que vive da fé, e atraía-as para Deus, para que Ele as confortasse. Enfim, numa idade em que as paixões fervem nos corações dos moços e ameaçam destruir todos os impulsos generosos, Pier Giorgio concentrava e equilibrava todas as suas forças vitais.
Dia a dia, em presença de Deus e dos homens, aprendera a vencer-se e dominar-se. Dir-se-ia que, sem de tal se aperceber, se preparava para o papel de chefe, para o qual parecia ter nascido, se verdade é que, para conduzir os outros, se torna preciso saber governar-se a si próprio.
Mas… num belo dia, assaltado por uma doença fulminante, esse jovem robusto e equilibrado é bruscamente detido em suas ascensões espirituais; ou, melhor: morrendo, transpõe de um salto toda a distância que o separava de Deus; trocou a Terra pelo Céu.
Insondáveis são os desígnios de Deus. Tudo Ele vê.
como nas minúcias. No entanto, podemos razoavelmente julgar que nosso Senhor, chamando Pier Giorgio precisamente na ocasião em que todos depositavam nele tanta esperança, quis que a sua morte inesperada pusesse em relevo a excepcional beleza da sua vida e fascinasse o olhar dos moços capazes de o imitarem. Por esse motivo é que Pier Giorgio é considerado chefe da Juventude. Sua atividade não foi vencida pela morte. Sobrevive!
Continua a falar aos que o ouvem e a arrastá-los pelo exemplo!
“Defunctus adhuc loquitur”.
Padre Martin Stanislaus GILLET, O. P.
Foi Mestre Geral da Ordem Dominicana em 1929. Com um mandato excepcionalmente longo que terminou em 1946.
Relíquias de São Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis no Carmelo da Sagrada Face e Pio XII, em Tremembé (SP)

A comunidade do Carmelo da Sagrada Face e Pio XII, em Tremembé (SP), viveu um momento de profunda espiritualidade em 15 de novembro de 2025, ao receber as relíquias de São Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis. O evento, inserido na Novena da Venerável Madre Carminha, teve seu ponto alto na Santa Missa e na subsequente entronização da relíquia de São Pier Giorgio. A celebração da fé contou ainda com a participação do Padre Vagner Moraes, Reitor do Seminário Maior São José da Diocese de Osasco e presidente nacional da OSIB, que concedeu a bênção final aos presentes, e uma conferência de Eduardo Henrique.

São Pier Giorgio Frassati, a Eucaristia como fonte de sua vida e fé.
Eduardo Henrique*

Pier Giorgio Frassati é um modelo inspirador para os adoradores eucarísticos porque sua vida demonstrou uma profunda e inseparável ligação entre a adoração a Jesus no Santíssimo Sacramento e o serviço amoroso aos pobres e necessitados.
A Profunda Devoção Eucarística de Frassati
- Comunhão Diária: Frassati fazia da Eucaristia o centro de sua vida, comungando diariamente, o que era incomum para a época.
- Adoração Noturna: Ele amava passar longas horas em adoração noturna ao Santíssimo Sacramento, buscando a intimidade com Cristo. Um relato de um padre sacramentino descreve sua surpresa ao encontrar o jovem Frassati chegando tarde da noite para sua hora de adoração, demonstrando seu fervor e a necessidade urgente que sentia de estar perto de Jesus Eucarístico.
- Participação Ativa: Participava com entusiasmo de procissões e Congressos Eucarísticos, expressando publicamente sua fé na presença real de Cristo.
A Eucaristia vivida na Caridade
Para Frassati, a espiritualidade eucarística não era uma devoção intimista ou privada, mas sim uma força que o impulsionava à ação social e à caridade.
- Ver a Cristo nos Pobres: Ele compreendeu a ligação intrínseca entre o Corpo de Cristo na Eucaristia e a “Carne de Cristo” nos sofredores. Aos amigos que perguntavam como ele conseguia frequentar os cortiços fétidos, ele respondia: “Recorde-se que você está indo em direção de Cristo: Jesus não disse: ‘cada vez que fizerem estas coisas a um só desses meus pequeninos irmãos, o terão feito a mim’?”
- Fonte de Alegria e Força: A Eucaristia era a fonte de sua alegria contagiante e a força para sua incansável dedicação aos pobres e doentes. Ele dizia: “Jesus me visita todas as manhãs na comunhão e eu o restituo do modo miserável que eu posso: visitando os pobres”.
- Evangelização pelo Exemplo: Ele não apenas adorava sozinho, mas também levava seus amigos e os pobres que assistia aos pés de Jesus Eucarístico, compartilhando sua fé e seu amor.
Lições para os Adoradores de Hoje
Pier Giorgio Frassati ensina aos adoradores modernos que a verdadeira adoração leva à missão. Ele é um modelo que inspira a:
- Centralidade de Cristo: Colocar Jesus na Eucaristia no centro da vida diária.
- Coerência de Vida: Viver a fé de forma concreta, unindo a oração e a ação social.
- Caridade Ativa: Transformar o tempo de adoração em serviço amoroso ao próximo, especialmente aos mais vulneráveis.
- Alegria no Serviço: Encontrar a alegria em servir a Deus e aos outros, fazendo da vida uma constante evangelização.
Em suma, Pier Giorgio Frassati nos lembra que a Eucaristia recebida e adorada se torna uma escola de caridade, capacitando os fiéis a verem e servirem a Cristo no mundo.
Eduardo Henrique é responsável pelo Site junto a Associação Pier Giorgio Frassati de Roma.
A importância de educar as crianças para a fé.

Meu nome é Bruna Madureira, tenho 32 anos, casada há 3 anos e 10 meses com
Cristian Madureira, mãe do Miguel, de 2 anos e 5 meses, missionária na Rede de Missão
Campus Fidei, em Brasília, Distrito Federal.
Na Rede de Missão na qual sou membro, cujo carisma é “ser e formar uma
geração mais enraizada na fé e fecunda em boas obras”, costumamos dizer que Deus se
manifesta nos detalhes e que, por isso, devemos estar atentos às suas surpresas. Posso
afirmar que encontrar o site do Eduardo Henrique dedicado a São Pier Giorgio Frassati
foi uma bela surpresa de Deus.
Enquanto decidia sobre qual santo escolheria para ser representado por meu filho
na Festa da Santidade em Família, na Rede de Missão, no dia em que celebramos a
Solenidade de Todos os Santos, lembrei que um outro santo jovem havia sido canonizado
juntamente com Carlo Acutis, no dia 07 de setembro. Foi quando senti que precisava
conhecê-lo.
A história de Pier Giorgio Frassati me cativou. A sensação era de estar iniciando
uma amizade por meio da curiosidade e da admiração que surgia enquanto me
aprofundava na sua vida. Vejo que seu exemplo é a resposta para muitas das mazelas
vividas pela juventude atual. Aquela imagem de um jovem no cume de uma montanha,
apoiado em um bastão de alpinista, um cachimbo na boca, um estilo mais despojado e,
acima dele, apenas o céu, tudo azul a sua volta…
À primeira vista, um aventureiro, brincalhão, carismático e rebelde. O que me
surpreende é que, mesmo agora, que o conheço um pouco mais e compreendo sua
santidade, acredito que seja justo permanecer com essa mesma descrição e direi logo mais
o porquê.
Na oração da Rede de Missão Campus, suplicamos ao Espírito Santo que Ele
“levante uma geração de discípulos missionários que não se envergonhem do Teu
Evangelho e da Tua Igreja, uma geração de jovens e famílias que, pela intercessão de São
João Paulo II e Santa Teresa de Calcutá, sejam OUSADOS, CRIATIVOS e CORAJOSOS
para viver e anunciar as obras da Tua misericórdia”.
Frassati foi extremamente ousado, sendo um rebelde que só um santo poderia
ser ao viver a radicalidade do Evangelho; criativo, pois o seu bom humor e carisma eram
meios para evangelizar, para criar pontes, fazer amigos, ao ponto de criar uma sociedade
intitulada “Sociedade dos Tipos Suspeitos”, onde se aproximava dos mais
marginalizados, com o cuidado de quem se preocupa com a salvação das almas; corajoso,
porque não abriu mão de sair de si, de se despojar dos bens, para ir ao encontro do outro
onde quer que ele estivesse, sendo um dom para todos a sua volta. Pensei: “impossível
não ser fisgado por sua beleza e grandeza”.
Um dos nossos lemas na Rede de Missão é: “Buscai as coisas do Alto!”. Temos
uma analogia com os balões de ar quente, que precisam de esforço para manter o fogo
aceso e continuar subindo, onde só no céu encontrarão repouso. Frassati escalava
montanhas, como quem dependia daquele percurso íngreme para alcançar o Céu que tanto
desejava, dando tudo de si para, lá de cima, adorar Deus e contemplar toda a Sua criação.
Mas de tudo o que me chamou atenção na sua biografia, ressalto: aquele jovem
“rebelde”, a seu modo, amava com todas as suas forças a Eucaristia e acreditava que a
tristeza deve ser erradicada da alma do católico, pois, em suas palavras, “a finalidade
para a qual fomos criados nos mostra o caminho que, mesmo com muitos espinhos, não
é de nenhum modo triste. É um caminho alegre, mesmo através da dor.”
Li que, no final de sua vida, Frassati cogitava o sacerdócio como sua vocação.
Na minha mediocridade, entendo que talvez não fosse mesmo esse o desejo de Deus para
Frassati. Talvez, Deus quisesse que venerássemos um santo jovem, no cume de uma
montanha, de estilo despojado, bastão de alpinista e um cachimbo na boca, cujo sorriso
largo, um sorriso de uma alma verdadeiramente feliz pela certeza de que tinha tudo por
meio do seu Pai, refletisse para tantos outros jovens a santidade que devemos alcançar.
Na Festa da Santidade em Família, meu filho venceu o 1º lugar no quesito
fantasia mais surpreendente. Mas acredito que nossa maior recompensa foi ter divulgado
esse santo que, agora, podemos chamar de amigo, para tantas outras famílias.
Que São Pier Giorgio Frassati seja um amigo fiel do meu Miguel, presente na
nossa família, e um grande intercessor da Rede de Missão Campus Fidei. Que sua história
continue a cativar cada vez mais pessoas, despertando em todos a vontade de buscar as
coisas do Alto, sempre!
São Pier Giorgio Frassati, rogai por nós
As relíquias de São Pier Giorgio Frassati.
A sra Wanda Gawronska fala respeito das relíquias de seu tio santo.
Reliquia de São Pier Giorgio Frassati é entronizada no Mosteiro Nossa Senhora da Paz.

No dia 18 de outubro de 2025, no Mosteiro Nossa Senhora da Paz localizado na cidade de Itapecerica da Serra- SP, foi entronizado a relíquia de São Pier Giorgio Frassati. A relíquia foi acolhida com grande solenidade pela comunidade monástica beneditina e pela abadessa Madre Martha Lucia, que após o oficio de Tércia contou com uma conferência feita por Eduardo Henrique sobre a bela figura de São Pier Giorgio. A relíquia ficará exposta permanentemente na entrada principal da clausura juntamente com São Carlo Acutis.
São Pier Giorgio Frassati, modelo de vida do beato Alberto Marvelli.

Alberto Marvelli (1918-1946), um jovem formado no oratório salesiano de Rimini, viveu sua curta vida no compromisso diário de servir aos outros, com toda a intensidade que suas forças permitiam. Sua vida normal, mas intensamente cristã, levou-o à santidade, sendo beatificado em 2004 pelo Papa São João Paulo II.
Alberto Marvelli, “engenheiro da caridade”, tem o charme de uma santidade extraordinariamente normal. Alberto tem um pai gerente de banco e uma família muito cristã. Ele nasceu em Ferrara em 1918, mas aos 13 anos de idade ele e sua família se estabeleceram permanentemente em Rimini, seguindo seu pai em suas viagens de negócios. É um garoto de saúde robusta e temperamento impetuoso, mas também é tão sério que às vezes nos faz pensar em um homem adulto. Ele faz o ginásio em meio a sessões de estudo e competições esportivas sensacionais. Aos 15 anos, matriculou-se na escola secundária clássica. Mas naqueles mesmos meses, a família foi duramente atingida pela morte de seu pai. Ele já é aspirante a delegado e animador do oratório na paróquia de Maria Auxiliadora. Ele ensina catecismo, anima as reuniões e organiza a missa dos jovens. Com apenas 18 anos, tornou-se presidente da Ação Católica.
Ao iniciar o ensino médio, Alberto começou seu diário e escreveu: “Deus é grande, infinitamente grande, infinitamente bom”. Mas ele registraria ali seu crescimento como homem e como cristão ao longo de sua vida. Fica fascinado com a leitura da biografia de Pier Giorgio Frassati, escrita pelo salesiano Dom Antonio Cojazzi. Pier Giorgio Frassati passa ser seu modelo de vida e inspiração espiritual. Marvelli será o primeiro discípulo de Pier Giorgio a ser beatificado. Nele lemos um “pequeno esquema” rigoroso e forte que ele se dá. Ele propõe em particular: oração e meditação pela manhã e à noite, o encontro com a Eucaristia, se possível também todos os dias, a luta contra os maiores defeitos: preguiça, gula, impaciência, curiosidade… Um programa que Alberto implementará por toda a sua vida.
Estudante viajante
Entre os 60 candidatos ao certificado de conclusão da escola clássica, Alberto fica em segundo lugar. Em 1º de dezembro de 1936 (aos 18 anos), ele começa seu primeiro ano de engenharia na Universidade de Bolonha. Assim começou a vida de um estudante que se desloca entre Rimini e Bolonha. Estudo e apostolado nas duas cidades. A empregada da tia que o hospedou em Bolonha testemunharia com palavras simples: “Eu costumava vê-lo dia e noite trabalhando duro para a universidade e para o apostolado. Às vezes eu o encontrava dormindo sobre seus livros e com o rosário na mão. De manhã, eu o via na igreja às 6h para a missa e a comunhão. Se os compromissos não lhe permitiam comungar mais cedo, ele jejuava até o meio-dia. Ele impunha uma penitência formidável ao seu apetite”.
Enquanto Alberto está terminando a universidade, irrompe na Europa o ciclone da Segunda Guerra Mundial. A Itália também foi envolvida por ele. Formado em engenharia, de agosto a novembro de 1940 Alberto estava em Milão, empregado na fundição Bagnagatti, sob os primeiros bombardeios. O industrial testemunhará: “Ele passou alguns meses comigo. Ele se familiarizou imediatamente com todos os funcionários e, particularmente, com os mais jovens e humildes. Ele se interessou pelas necessidades familiares dos trabalhadores e apontou para mim as necessidades particulares de cada um, solicitando a ajuda que considerava adequada. Visitava os doentes e incentivava os aprendizes a frequentar as escolas noturnas. Incutiu em todos um senso imediato e vivo de simpatia e cordialidade”.
30 de junho de 1941. Quando a Itália começa seu segundo ano de guerra, Alberto se forma em engenharia industrial com notas máximas. Logo depois, ele também veste o uniforme verde-acinzentado e parte como soldado.
O serviço militar e a guerra
Em janeiro de 1943, os russos lançaram sua ofensiva em toda a frente ocidental. O Armir (exército italiano na Rússia), que ocupava o fronte no Don, foi forçado a uma lendária retirada pelos intermináveis campos congelados, enquanto os russos e o gelo matavam. Lá em cima, Rafael Marvelli acaba de chegar e é morto em combate. Para Mamãe Maria, é uma hora muito difícil. Alberto escreveu em seu diário palavras cruas e sangrentas: “A guerra é um castigo para a nossa maldade, para punir nosso pouco amor a Deus e aos homens. Está faltando o espírito de caridade no mundo, e por isso nos odiamos como inimigos em vez de nos amarmos como irmãos”.
Ele é destinado a um quartel em Treviso. E é lá que acontece o “milagre” de Marvelli. O P. Zanotto, pároco de Santa Maria de Piave, escreveu: “Quando o engenheiro Marvelli chegou a Treviso, no quartel de dois mil soldados, todos blasfemavam e reinava a vida desregrada. Depois de algum tempo, ninguém mais blasfemava, quero dizer, ninguém, nem mesmo os superiores. O coronel, que era um blasfemador, dedicou-se a reprimir a blasfêmia entre os soldados. Em setembro, a Itália se retirou da guerra. O exército se desfaz. Alberto está em casa. Mas a guerra ainda não acabou. Os soldados alemães ocuparam a Itália, e os aliados intensificaram o bombardeio de nossas cidades.
Entre os refugiados em San Marino
Em 1º de novembro, Rimini foi atingida pelo primeiro bombardeio aéreo. Ela sofreu trezentas baixas e foi reduzida a um tapete de escombros. Eles tiveram que fugir para bem longe, para a República livre de San Marino. Em poucas semanas, esse selo de terra livre passa de 14 mil para 120 mil habitantes.
Alberto chega lá segurando o cabresto de um burro. Na carroça, está sua mãe. Jorge e Gertrudes empurram bicicletas carregadas de comida para sobreviver. Eles são aceitos em um dos dormitórios da faculdade Belluzzi. Outras famílias estão nos armazéns da República, e muitas outras se amontoam nos túneis da ferrovia.
É muito fácil, em momentos como esse, fechar-se em si mesmo, pensar na sobrevivência de seus entes queridos e nada mais. Em vez disso, Alberto está no centro da assistência, disponível para todos. Uma testemunha escreve: “À noite, ele rezava o terço em voz alta nos dormitórios do colégio Belluzzi, depois ia dormir da melhor forma possível junto aos conventuais; e pela manhã, na igreja cheia de refugiados, ele ajudava a missa e comungava. Em seguida, ia novamente a todas as ruas para encontrar a todos os necessitados. Ele tomava nota das necessidades e, quando não podia chegar, confiava o trabalho a outros. Ele entrava nos túneis de onde as pessoas não ousavam sair”. Domingos Mondrone acrescenta: “Todos os dias ele pedalava quilômetros, coletando alimentos. Às vezes, voltava para casa com a mochila perfurada por estilhaços que explodiam de todos os lados. Mas ele, com amigos que imitavam sua coragem, não parava”.
Queriam que ele fosse prefeito
21 de novembro de 1944. Os Aliados entram em Rimini. Ao redor, vilarejos e bosques em chamas, engarrafamentos de carroças, caminhões e carros. Mortes e desolação. Alberto volta para lá com sua família. Ele encontra sua casa (atingida, mas ainda habitável) ocupada por oficiais britânicos. Os Marvelli se instalam no porão da melhor maneira possível. Naquele terrível inverno (o último da guerra), Alberto se torna o servo de todos. O Comitê de Libertação confiou a ele o escritório de habitação, o município confiou-lhe a engenharia civil para a reconstrução, o bispo lhe entrega os “graduados católicos” da diocese. Os pobres cercavam permanentemente as duas pequenas salas de seu escritório e o seguiam até em casa quando ele ia comer alguma coisa com sua mãe. Alberto nunca rejeita um só deles. Ele diz: “Os pobres passem logo, os outros tenham a cortesia de esperar”. Após a paz, a miséria das pessoas continuou. Na guerra, muitos perderam tudo.
O ano de 1946 é devorado dia a dia por necessidades intermináveis, todas urgentes. Alberto vai à missa, depois fica à disposição. No final daquele ano, ocorrem as primeiras eleições locais. Batalhas acirradas entre comunistas e democratas cristãos. Um comunista, que via em Marvelli todos os dias não um democrata-cristão, mas um cristão, disse: “Mesmo se meu partido perder… contanto que o engenheiro Marvelli seja prefeito”. Ele não se tornará. Na noite de 5 de outubro, ele jantou rapidamente ao lado de sua mãe e depois saiu de bicicleta para realizar um comício em São Juliano do Mar. A 200 metros de sua casa, um caminhão aliado em alta velocidade o atinge, joga-o no jardim de uma casa e ele desaparece na noite. Ele é recolhido pelo trólebus. Morre duas horas depois. Ele tem 28 anos de idade. Quando seu caixão passa pelas ruas, os pobres choram e mandam beijos. Um cartaz proclama em letras garrafais: “Os comunistas de Bellariva se curvam reverentemente para saudar seu filho, seu irmão, que espalhou tanto bem nesta terra”.
Sua memória comemora-se no dia 6 de outubro.
dom Mario PERTILE, sdb
São Pier Giorgio Frassati e a devoção a Nossa Senhora.

“Se me perguntarem qual foi o meio seguro em que ele se baseou para alcançar uma obra-prima tão constante de uma vida intimamente unida a Deus, não hesito em responder que o segredo da perfeição espiritual de Pier Giorgio reside especialmente em sua assídua, sincera, profunda e terna devoção a Maria Santíssima. Todos nós que convivemos com Pier Giorgio por alguns anos não conseguimos separar a lembrança dele, da lembrança de seu amor filial por Maria.”
Marco Beltramo ( Um dos melhores amigo de São Pier Giorgio Frassati)
São Pier Giorgio Frassati nos aponta para Jesus.
Hoje celebramos com alegria: São Pier Giorgio Frassati. Canonizado em 7 de setembro de 2025, ele nos lembra que santidade é vida simples, amizade, serviço e Eucaristia. Seu lema ecoa no coração de quem sobe ao Cristo: “Para o Alto”.
Fonte: Santuário Cristo Redentor, noite de 22 de setembro 2025
