Pier Giorgio um leigo dominicano

Pois bem, o cristianismo de Pier Giorgio é um cristianismo dominicano e, mais particularmente, um cristianismo savonaroliano.
Em que consiste isso? Poder-se-ia responder com a tese fundamental de São Tomás de Aquino, aquela que dá homogeneidade e coesão a todo o harmonioso edifício teológico de Tomás: a graça não destrói a natureza, mas a aperfeiçoa (gratia non destruit naturam, sed perficit).
É a tese da validade intrínseca de toda a ordem natural da criação: a redenção não a perturba, mas a cura, a purifica, a eleva; confere-lhe firmeza e esplendor; prepara-a, fermentando-a desde dentro, para a ordem futura da glória.
As coisas criadas têm valor, são um valor: são boas; projetam uma luz, são pedras de um edifício que, por virtude de Cristo e da ressurreição de Cristo, está destinado, na ressurreição final, a eternizar-se em Deus…

A essa luminosidade dominicana, o caráter savonaroliano acrescenta uma nota, por assim dizer, mais marcadamente histórica, profética, intervencionista, de certo modo até violenta: uma nota de altivez e repulsa diante da verdade ofendida!
A inserção na trama dos eventos históricos – e, portanto, também sociais e políticos – torna-se viva, decidida, voltada ao futuro: torna-se um fermento que traz doçura e paz para quem o acolhe, confusão e ruptura para quem o rejeita.
Aliás, não é essencial ao cristianismo ser esse sinal de contradição, portador de paz para uns e de repulsa para outros?
Signum cui contradicetur…”**

— Da prefação de Giorgio La Pira ao livro “O compromisso social e político de Pier Giorgio”, de Luciana Frassati.

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