Divina Comédia – Paraíso de Dante [do XXXIII, vers. 1-21]. Pier Giorgio a recitava de cor e a mantinha fixada na porta de seu quarto.

Virgem Mãe, filha do teu Filho,
a criatura mais alta e mais humilde
objecto fixo do desígnio eterno,
és aquela que nobilitou a criatura humana,
que o seu fazedor não desdenhou
tornar-se obra sua.
No teu ventre reacendeu-se o amor
por aquele cujo calor na eterna paz
assim germinou esta flor.
Aqui, és para nós uma face meridiana
de caridade, e és, entre os mortais,
uma fonte viva de esperança.
Senhora, és tão grande e vales tanto,
que, querer uma graça e não recorrer a ti
é como desejar voar sem asas.
A tua benignidade não socorre
quem pede, mas muitas vezes
livremente se antecipa ao pedido
Em ti a misericórdia, em ti a piedade,
em ti a magnificência, em ti se reúne
tudo o que há de bondade na criatura.