Pier Giorgio Frassati- verdadeiro filho de São Domingos.

Eduardo Henrique Da Silva

Os primeiros discípulos de são Domingos apresentam –no como um “Homem Evangélico”,Pier Giorgio ao ser incorporado a Ordem dos Pregadores que procurou em tudo imitar a São Domingos na busca e no amor a Verdade que mereceu ser chamado “jovem das oito bem aventuranças”

A sua primeira adesão a regra de São Domingos foi em 1921,no dia 22 de abril,quando recebeu a medalha da Milícia Angélica em sinal da devoção ao santo.

Um ano mais tarde,será recebido na Ordem Terceira Dominicana ( hoje Fraternidade Leiga Dominicana)na qual assume o nome de Frei Jerônimo,em homenagem ao frade

Savonarola.Por que terá querido colocar –se sob  essa estranha proteção?

Um dos seus coirmãos na Ordem Terceira irá nos contar:”Pier Giorgio quis tomar o nome de Jerônimo em memória de Savonarola, pela qual tinha grande admiração.A fisionomia desse frade,que tanto desejara o bem espiritual dos seus concidadãos, inspirava-lhe profunda simpatia.Não ocultava sua admiração pela audácia e energia raras,com que fulminará a imoralidade que nessa época,invadia todas as classes sociais,principalmente as mais elevadas.Queria bem a esse frade que morreu em uma fogueira,ligou seu nome a uma reforma democrática e fez o povo proferir em altas vozes a proclamação que ainda hoje se lê nas paredes do Palazzo Vecchio: “Jesus Cristo,Rei dos Florentinos   por decreto do povo!”

É importante fazer notar que Pier Giorgio pertenceu a várias associações religiosas que foram preparando e amadurecendo a sua fé até chegar ao ápice da sua consagração como leigo dominicano. “Eles se caracterizam por uma espiritualidade própria e pelo engajamento ao serviço de Deus e do próximo na Igreja. Como membros da Ordem, eles participam de sua missão apostólica pela oração, pelo estudo e pela pregação, conforme sua condição de leigos”.

No dia 28 de maio de 1922 recebia o branco  escapulário de São Domingos que o padre Mario Desiderio assim relatara:” Fiquei impressionado pela compostura,seriedade e devoção deste jovem robusto ,elegantemente vestido,de belo aspecto,que tomou o nome de frei Jerônimo.Lembro a alegria ,o júbilo daquele jovem e o barulho que com os outros fizera: parecia que sacristia,igreja e convento caíssem por terra”

Quem presidia a função na igreja dos  dominicanos de Torino era o padre Benedetto Berro que fez iniciando com um sermão.estavam presentes  os padres Giuliani,Ibertis,os padres do convento e um grupo de noviços.Fazia-se presente  o Mestre Geral da Ordem,Padre Martinho Gilet vindo de Paris para algumas conferencias em francês.

Pier Giorgio se encontrava reluzente com os olhos cheio de alegria.Pier Giorgio sentiu-se desde aquele dia um religioso no mundo.” Para incorporar-se à Ordem, os membros das Fraternidades devem fazer um compromisso que consiste numa promessa formal de viver segundo o espírito de São Domingos e a forma de vida indicada pela Regra. Este compromisso pode ser temporário ou definitivo. Ele se fará por esta fórmula ou uma outra substancialmente semelhante:
“Em honra do Deus todo-poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo, da bem aventurada Virgem Maria e de São Domingos, eu N. N. diante de vós N. N. Coordenador(a) da Fraternidade, e vós N. N., Assistente religioso(a), representando o Mestre da Ordem dos Frades Pregadores, prometo viver segundo a regra dos Leigos de São Domingos, durante três anos – durante toda a minha vida”.(1)

Levando a serio a sua consagração e a busca pela “Verdade’.Era assíduo na reza do rosário e do ofício da Bem Aventurada Virgem Maria  próprio da Ordem Dominicana.Fazia sempre o uso do distintivo da Ordem.

“Durante sua curta vida como Dominicano, somente três anos, o bem-aventurado Frassati  foi um modelo como membro moderno do Laicato Dominicano. Sua vida foi um advento da Constituição Fundamental do presente Laicato Dominicano. O saber de uma pessoa chamada à santidade em virtude de seu Batismo e Crisma é um testemunho para a teologia do Laicato que encontramos nos ensinamentos do Concílio Vaticano II.”(2)

(1)(2) O projeto de São Domingos –Padre Alfonso D Amato,OP.

http://www.dominicanos.org.br/

Caminhando com Pier Giorgio Frassati – Verso L’alto!

Elisabeth V Zoben diante de Pier Giorgio.
Elisabeth V Zoben diante de Pier Giorgio.

 

 

Elisabeth Ming Von Zuben*

Quando conheci Pier Giorgio Frassati não imaginava que nossa amizade me levaria a trilhar caminhos como os que tenho percorrido…

A admiração por esse jovem de Deus, “O Homem das 8 Bem-Aventuranças”, foi imediata! Os mesmos ideais de vida nos aproximaram e nos aproximam a cada dia.

Ao longo de minha peregrinacão por esse mundo, tenho vivido experiências que marcaram profundamente a alma e o dia de hoje eu chamaria de ÚNICO…!

Conhecer a história de Frassati, um jovem que se tornou referência para tantos outros jovens, é algo que trago com muito carinho e zelo no coração.

Quanto mais me aprofundo na história de vida de Pier Giorgio compreendo que é possível lutar por ideais de amor, justiça, paz, cuja fonte é o Cristo Vivo e ressuscitado em nosso meio, ELE, a PAZ VERDADEIRA E PERFEITA, que o mundo tanto busca…

Nesse dia, de maneira especial, o Senhor me permitiu conhecer um pouco mais da vida de Pier Giorgio Frassati! Deus Pai, em Seu infinito Amor, permitiu que eu estivesse no Santuário di Oropa e tb em Pollone, na casa onde Pier Giorgio Frassati viveu momentos de felicidade, para poder experimentar daquilo que Pier Giorgio mais amava: a NATUREZA, as FLORES…a MONTANHA…todo esse contexto tendo como Autor principal Nosso Bondoso Deus, Supremo Criador, que ao criar céus, terra, mares e tudo o q eles contém…nos demonstrou seu imenso AMOR através de Sua obra…! Pier Giorgio Frassati soube reconhecer nas maravilhas da Criação os rastros de Deus…Amou a Natureza, amou os amigos, amou os pequeninos do reino…obra mais do que especial!

Diante de tamanha alegria vivida no dia de hoje, me coloco diante de Ti, Senhor, como serva e, renovo meu chamado:

“VERSO L’ALTO!!!”

FRASSATI é SETA que conduz à META=>JESUS!!!

À todos os amados familiares e amigos, à amada FRATERNIDADE FRASSATI, um grande:

Saluto in Gesù!!!

Salve Madre Dolcissima!

ESTAMOS JUNTOS!=>VERSO L’ALTO!

*Grande entusiasta de Pier Giorgio Frassati

Pier Giorgio Frassati- A santidade pertence aos jovens?

 

* Maria de Lorenzo

 

A vida de Pier Giorgio Frassati poderia parecer incompleta,pelo menos aos olhos do mundo:estudos truncados pouco antes do suspirado diploma de licenciatura, projetos profissionais abortados,realizações afetivas “não concretizadas”…E,no entanto,Pier Giorgio,em maio de 1990,foi reconhecido pela Igreja como bem Aventurado.A sua vida-tão breve como um relâmpago –que,em muitos aspectos,nos parece irrealizada,foi perfeitamente realizada em Cristo.

 

Em vinte e quatro anos apenas,Pier Giorgio atingiu a meta da santidade.E perguntamos:

Como é possível,se a muitos,para lá chegar,não é suficiente uma vida inteira?Será que a santidade pertence aos jovens?

“Por vezes,quando se olha para os jovens com os problemas e as fragilidades que os marcam na sociedade contemporânea,há uma tendência para o pessimismo”,escreveu com  franqueza João Paulo II,na Carta Apostólica Novo millenio inneunte,para confessar imediatamente depois:” O Jubileu dos Jovens faz-nos sentir como que “deslocados”,entregando-nos a mensagem de uma juventude que exprime um anseio profundo,apesar das possíveis ambigüidades,pelos valores autênticos que tem em Cristo a sua plenitude.Porventura Cristo não é o segredo da verdadeira liberdade e da alegria profunda do coração?

 

Pier Giorgio tinha compreendido isto e,antes dele,na fila dos santos jovens que a Igreja  enumera,já o tinha entendido Santa Teresa do Menino Jesus.Sem fazer nada particularmente extraordinário ,sem fazer gestos excepcionais.Tanto Santa Teresa como Pier Giorgio nem sequer fundaram congregações  nem realizaram empreendimentos espalhafatosos.Nem mesmo foram para terras de missão como o risco da própria vida.

 

Teresinha ,que caminhava no seu claustro para que um missionário tivesse força para caminhar na savana, nunca saiu do Carmelo de Lisieux:não obstante,foi proclamada “Padroeira das Missões”.Antes dela,pensava-se que a santidade consistia em fazer coisas excepcionais e que não podia realizar na normalidade de uma existência vivida brevemente e ou no se fechar em um claustro.

 

Com Pier Giorgio- e de maneira ainda mais marcada-,a santidade entrou no quotidiano de uma existência laical que soube dizer o seu sim a Cristo e teve simplesmente a coragem de apostar em Deus, de,como dizia Pascal,”embarcar” na aventura da fé.

Os dois são exemplos mais brilhante de uma juventude que não leva as coisas de animo leve, com a desculpa da idade,pensando- segundo um modo de raciocinar atualmente muito difundido –que terão todo o tempo “depois”para se empenhar e se ocupar das coisas “sérias”da vida.

Estes santos são pessoas realizadas porque confiaram em Deus e, permanecendo no seu amor,souberam percorrer caminhos novos no grande sulcos da caridade,aberto e desenhado pela caminhada bimilenária da Igreja.

Por conseguintes,a santidade não é um opcional,mas a vocação de todos os batizados.”É Jesus que procurais quando sonhais com a felicidade – disse João Paulo II aos jovens em Tor Vegata; é Ele que vos espera,quando nada do que encontrais vos satisfaz;é Ele a beleza que tanto vos atrai;é Ele que vos provoca com aquela sede de radicalidade que impede que vos acomodeis…É Ele,Cristo!”

*Jornalista e escritora.

** Fragmentos do livro: Pier Giorgio Frassati –

L`amore non dice mai”basta”.

2002-Figlie di San Paolo – Milano- It

 

 

Pier Giorgio Frassati e a experiência de Deus.

Silvia Regina Brandão*

Atualmente o contexto cultural no qual se dá o processo educativo de crianças e jovens caracetriza-se por múltiplos e atraentes instrumentos de informação e comunicação, por mudanças rápidas e constantes, por variados e, muitas vezes contraditórios, valores e  referências  propostos pela família, escola, grupo de amigos, etc..  A característica comum a esses ambientes formativos  parece ser a falta de espaço para o acontecer humano, particularmente para o desejo ou exigência humana fundamental de identificar algo de válido e de certo, objetivos sólidos com os quais construir a vida. Há uma busca constante pelo bem-estar momentâneo, um fechamento no horizonte estreito da imanência e do pragmatismo e a experiência da dor por não ser olhado e recebido pelo que se é. Verifica-se claramente a necessidade de escuta e orientação – tanto dos educandos quanto dos educadores – que possibilite a descoberta de si e previna o risco de esvaziamento da pessoa ou de perda da identidade. Diante das solicitações de todo tipo presentes na sociedade contemporânea que, em ritmos crescentes exigem respostas cada vez mais rápidas, torna-se imperioso a existência de espaços de acolhimento do humano – dos jovens e adultos – que favoreçam o processo formativo e de crescimento pessoal. É preciso oferecer ambientes em a pessoa possa existir, ser como é, expressar sua humanidade no que tem de mais orginário que é a busca de sentido, do mistério, do infinito.  A Igreja é chamada a constuir-se cada vez mais em uma morada capaz de acolher o humano, um lugar em que seja possível conhecer pessoas que vivem ou viveram nesse contexto com toda sua humanidade, dando testemunho de que a experiência cristã convém ao homem atual e é essencial para que ele possa lembrar-se de quem ele é. Pier Giorgio comunicou  com sua existência concreta que o encontro com Cristo é interessante para vida, torna-a mais fascinante e realizada. Esse é o nosso desejo e pedido: que possamos fazer a mesma experiência que ele nos dias de hoje.

*Psicóloga, Doutora em Educação,professora da Faculdade Santa Marcelina

Pier Giorgio Frassati,um leigo dominicano.

Oratório casa de Eduardo

Domingos Zamagna *

Transcorre em Roma o processo de canonização de um jovem universitário italiano que ainda precisa ser “descoberto” pelos brasileiros: Pier Giorgio Frassati. Na homilia da sua beatificação o Papa João Paulo II disse: “Procurai conhecê-lo!” E, de fato, ele pode ser um irradiante exemplo para a juventude da nossa época.

Pier (Turim, 6/4/1901 – 4/7/1925) foi um modelo de membro moderno do laicato católico. Seria interessante que o prezado leitor, após conhecer a vida desse novo amigo, fosse ler o precioso documento do Papa sobre o laicato, a exortação apostólica pós-sinodal “Christifideles laici” (Sobre a vocação e a missão dos leigos na Igreja e no mundo, de 30/12/1988). Filho do mais jovem senador do Reino da Itália, Alfredo Frassati, embaixador da Itália em Berlim, fundador do prestigioso jornal “La Stampa”, que existe até hoje, Piero cresceu como uma criança privilegiada, tendo herdado mais as qualidades que os defeitos de sua família.

Desde a infância foi surpreendente… Com a idade de 4 anos, quando todas as crianças (conforme antiga tradição de piedade) jogavam pétalas de rosas na imagem da Virgem Maria numa procissão, ele se apodera de uma joia da prima mais velha (uma flor de ouro)… e joga-a na direção do andor… Aos 5 anos, ao ver uma criança sem calçados pedindo esmola na porta de sua casa, tira os seus próprios sapatos e os doa à criança, fechando a porta depressa para ninguém tomar conhecimento do seu gesto.

“Coisas de santo” – alguém poderá dizer –. Seus biógrafos não escondem, contudo, que ele era brigão, quando adolescente, distribuindo sopapos e ponta-pés. Não obstante, ele soube se controlar, dedicando-se intensamente aos esportes (montanhismo e esqui), tornando-se um atleta. Guardou, entretanto, sua ira para os momentos certos, como quando expulsou, aos murros, os fascistas que invadiam uma casa de família pobre em Turim. Várias vezes apanhou – ou bateu – da polícia fascista.

Pelo conhecimento que temos da hagiografia, sabemos que nem todos os santos se lançaram aos estudos como ele, tendo sido aplicado estudante de Engenharia de Minas e Ciências Políticas. Quis ser engenheiro de minas para poder trabalhar com os mineradores, que ele identificou como os “párias da sociedade” de sua época.

Aos 18 anos, rompendo com as tradições burguesas da sua família, passou a dedicar-se aos pobres, integrando-se nas Conferências de São Vicente de Paulo, cuja experiência assim resumiu: “Em torno do doente, do miserável, do infeliz, eu vejo uma luz que não conheço em qualquer outra parte”.

Ainda aos 18 anos, quando entrou para a universidade, tomou contato com a Ordem dos Pregadores (Dominicanos). Estudou o seu carisma e pediu para dela participar como leigo. Decidiu ser leigo para poder estar mais eficazmente junto aos trabalhadores, já que a vida religiosa do início do século XX não lhe facultava esta alternativa. No dia 28 de maio de 1922 Pier recebeu o hábito branco e a capa preta de São Domingos de Gusmão, no Convento de Turim, fazendo profissão religiosa um ano depois. Pediu e recebeu o nome de Frei Jerônimo, em lembrança e imitação do grande Frei Jerônimo Savonarola, cujas obras ele estudou, bem como as de Santa Catarina de Sena e de Santo Tomás de Aquino. Segundo a tradição da espiritualidade dominicana, dedicava especial atenção à reflexão bíblica, à piedade mariana e à recitação do rosário. O Pe. Francesco Robotti, Prior do Convento Dominicano de Turim, assim se expressou sobre o jovem noviço: “Ele me pediu para receber o nome de Frei Jerônimo, porque via no ardente Savonarola um modelo de austera pureza, de busca cristã da democracia e de profundo apostolado religioso e social. Vivendo no mundo, ele queria imitar essas qualidades, especialmente participando das associações católicas da juventude, que, se bem que sob outras formas, certamente seriam apreciadas pelo grande reformador florentino.”

Embora tão jovem, manifestou interesse incomum pelos problemas da paz na Europa; foi atento observador político, e ao mesmo tempo dedicava espaço sempre maior à oração, a ponto de fundar uma associação de ajuda mútua pela oração.

Pier Giorgio Frassati respeitava cada opinião sem jamais impor a sua. Seus colegas universitários o descrevem como justo, reservado, delicado, sabendo em todas as circunstâncias ser um excelente amigo, sereno e objetivo em seus julgamentos, com imensa indulgência para com os outros e grande rigor para consigo mesmo.

Atingido pela doença, nem por isso diminuiu seus esforços em favor dos pobres, especialmente entre os mais miseráveis de Turim. Fragilizado, muito magro, seu corpo não resistiu a uma poliomielite fulminante que o levou à paralisia e à morte em uma semana.

A imensa presença dos pobres em seu funeral constituiu para todos um evidente reconhecimento de sua santidade. Com efeito, no dia 20 de maio de 1990 Pier-Frei Jerônimo foi beatificado pelo Papa João Paulo II.

A herança espiritual da luminosa presença desse jovem universitário pode ser apreciada por esta sua frase, que o coloca ao lado dos grandes místicos do Cristianismo:

“Jesus, tornai-me semelhante ao cristal,

para que vossa luz brilhe através de mim !”

* Domingos Zamagna é jornalista e professor da Escola Dominicana de Teologia-SP

Pier Giorgio e Carlo Acutis,dois jovens que se deixaram amar por Jesus.

 

Eduardo Henrique Da Silva*

Carlo Acutis,um modelo para nossos adolescentes.

Cada vez que fico a meditar sobre Pier Giorgio e Carlo Acutis sinto-me fascinado por Jesus.Vejo que os dois se deixaram contemplar pelo olhar de Jesus que passa no meio de nós,que nos chama pelo nome mas nem sempre temos coragem de responder e de olhar nos olhos do Senhor. Jesus que se faz presente no testemunho de seus santo.

 

Em meus encontros diários com jovens sinto neles a angústia em serem felizes, a desejarem vivenciar a experiência do amor em nossas vidas de encontros e desencontros

Que nos levam a ter chagas profundas. Chagas essas devido a desilusões e tristezas de projetos de vida sonhados e que perderam-se nas ilusões da vida.Amores não correspondidos, vejo a necessidade que cada um tem de querer ser amado porém muitos não fazem idéia do que seja o Amor.

Parece que tudo perdeu o sentido e que a vida se tornou um eterno Outono.

 

Pier Giorgio e Carlo Acutis nos dão a resposta de quem vivenciaram em suas curtas vidas, porém exemplos que nos falam alto hoje, souberam responder ao “vem e segue-me”, permitiram olhar nos olhos de Jesus e por Ele sentirem-se amados.

Essa fé madura e autentica foi alimentada cotidianamente na Eucaristia, ambos participaram ativamente do Grande Encontro com o Senhor Ressuscitado. Diante da Eucaristia deixaram–se envolver pelo olhar de Jesus que nos ama profundamente.

È preciso que saibamos nos colocarmos diante do Senhor em silêncio e permitir a Ele que encha o nosso coração de Amor.Como disse uma monja domenicana, Madre Carmem Dulce Marcondes Machado, que” o Amor é uma força soberana e que a partir do momento em que esse amor preenche o meu coração me leva a ir ao encontro do outro”.

 

Pier Giorgio e Carlo Acutis,dois apaixonados por Jesus vivenciaram esse Amor socorrendo aos pobres,cuidando dos doentes,levando a palavra que conforta e abrindo os braços para quem deles precisassem.

Muitas vezes nos colocamos diante de Jesus com nossas preocupações e angústias e não deixamos Jesus nos falar, não nos permitimos ser amados. È preciso diante de Jesus nos colocarmos como uma tela diante de um pintor para que Ele faça em nós o que ainda falta. É preciso ser simples como as crianças .

O segredo espiritual de Pier Giorgio e Carlo Acutis foi o de deixarem–se amar pelo Senhor. Amor renovado a cada dia pela Eucaristia.

 

Quando aprendermos a nos deixar amar por Ele teremos  a certeza de que as nuvens passam assim como nossas preocupações,angústias e medo.E será Primavera.Na redescoberta da alegria de viver poderemos ter sempre a certeza de que “ Cristo é a nossa Paz!”

* Meditações.

Pier Giorgio Frassati,adorador.

Eduardo Henrique Da Silva*

Relata um padre sacramentino; “Era no ano de 1920, numa noite de adoração noturna, na nossa Igreja de Santa Maria de Piazza, na cidade de Turim, eram já passadas as 23h. Pier Giorgio devia ter uns 23 anos.  Eu apenas tinha entrado no coro para minha hora de adoração quando, repentinamente, ouvi a campainha e fui abrir a porta para ver do que se tratava. Qual não foi minha consoladora surpresa quando me vi diante de um belo jovem, que eu não conhecia, que me disse que viera para fazer a sua adoração… Fiz observar ao meu gentil interlocutor que naquela noite não havia adoração para os jovens, mas somente para os religiosos. Eu o exortei para que retornasse à sua casa antes que a hora ficasse ainda mais tarde do que estava. O  meu conselho não deteve o generoso jovem mas, com voz suplicante, insistiu que eu o deixasse entrar, pois ele faria sua adoração por si mesmo sem atrapalhar os nossos religiosos. Minhas justas observações de nada valeram, e suas doces insistências foram tais que acabei por contentá-lo. Feliz pela vitória alcançada, se dirigiu para a igreja”.

“Entrou no presbitério e fazendo uma profunda prostração, ajoelhou-se em um dos genuflexórios do coro da Igreja. Durante a hora que eu passei em sua companhia, fui grandemente edificado pelo seu exemplar comportamento, e pude notar todas as santas maneiras que ele usava para se manter acordado, apesar das insistências do sono e do cansaço: às vezes se levantava, às vezes lia, às vezes recitava o rosário e assim passou toda a noite, até às 4h da manhã, hora em que pediu e recebeu a santa Comunhão. Ainda depois disso, ficou uma hora em Ação de Graças. Às 5h, quando a igreja se abriu para o público, ele saiu tranqüilamente”.

* Tradução da Positio super virtutibus,cit,vol I,pag   82

Relíquia de Pier Giorgio-1932

A atualidade de Pier Giorgio

Amigos de Pier Giorgio -Londrina- Pr

 

O segredo da atualidade de Pier Giorgio? Ele é o amigo que você gostaria de ter, aquele com algunas dificuldades  nos  estudos  e que sofre por amor. Frassati é um rapaz normal, do qual você se sente próximo, ainda que ele tenha se destacado por seu amor a Deus e ao próximo por meio de seu empenho, por estar sempre ao lado dos doentes e dos últimos, enfim, do seu serviço pelas ruas da cidade de Turim. Após vinte anos da beatificação de Frassati, hoje, Clara Finocchietti testemunha que, para ela – vice-presidente nacional do Setor dos jovens da Ação Católica –, assim como para toda a Associação, o beato é uma figura viva, mas sobretudo próxima. Esse é o rapaz das “oito bem aventuranças”, conforme descreveu João Paulo II no dia 20 de maio de 1990: “Mediante um olhar superficial, o estilo de Pier Giorgio não apresenta nada de muito extraordinário… Nele, a fé e os acontecimentos quotidianos se fundem harmonicamente, de tal modo que a adesão ao Evangelho se traduzem na atenção aos pobres e necessitados”. No ano anterior à beatificação, quando da peregrinação à casa de Frassati em Pollone, na região de Biela (no norte da Itália), o papa Woytjla confidenciou que, quando estudante, “impressionou-se com a força do testemunho cristão” daquele jovem de breve existência: nascido em Turim em 1901, morreu em 1925 de poliomielite fulminante. Mas sua vida é intensa, desde a paixão pelas montanhas à sua rica participação em inúmeras associações: membro da Ação Católica e da Federação de Universitários Católicos, se inscreveu, também, no Partido Popular Italiano, fundado pelo padre Sturzo. Tinha tantos amigos e empregava seu tempo livre no voluntariado.

Pier Giorgio Frassati, um jovem incomum

Diego G Silva*

Quando uma coisa nos impressiona ou ficamos admirados ela sempre nos vem à mente, mesmo com o passar de dias, meses e até anos. A imagem de algo que nos agrada e nos traz boas lembranças é como um despertar que nos motiva a continuar com alegria a vida. Traz-nos uma sensação de bem estar, ânimo e alegria.

Quando pensamos nos santos e em seus feitos, vemos a força, grandeza, heroísmo e amor que eles tinham para o com próximo e para Cristo. Não se pode dizer que um santo seja melhor ou maior que outro. Todos possuem sua grandeza e são dignos de admiração. No entanto, assim como existem santos que são conhecidos por suas habilidades intelectuais, como Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino, outros são pela sua dedicação à política como Thomas Morus, a ajuda aos mais necessitados como São Francisco, por dedicar ao amor ao sacerdócio como são João Maria Vianney e até por lutar em uma guerra, como Santa Joana d’Arc. São numerosos os santos e cada um possui dons e carismas particulares.

Chesterton, um dos maiores escritores católicos, escreveu certa vez que o “que separa um santo dos homens ordinários é sua disposição habitual de se confundir com os homens ordinários.” Pier Giorgio Frassati é um evidente exemplo de jovem que se santificou nas coisas ordinárias, ou seja, do dia-a-dia, transformando-as em coisas extraordinárias. Sua dedicação aos mais necessitados, sua alegria contagiante (até em suas fotos nos transmite isso), sua paixão pelos esportes e amor ardente a Cristo Eucarístico, o levou a ter uma vida extraordinária.

Se pensarmos em um exemplo e modelo para os jovens não podemos de forma alguma esquecer a figura de Pier Giorgio. Este jovem que nasceu na cidade de Turim, Itália, no dia 06 de abril de 1901, e que neste ano de 2011, completará 110 anos de nascimento, é um exemplo evidente de que a santidade pode ser alcançada sem limite de idade.

De família com posses, Pier Giorgio sempre teve consciência de que o que possuía deveria ser colocado à disposição dos mais necessitados. Todo dinheiro que seu pai lhe dava, generosamente doava aos pobres. “Ajudar os necessitados, disse a sua irmã Luciana, é ajudar a Jesus”. Seu testemunho impactava e assustava seus amigos, que não entendiam como ele podia fazer aquilo. Certa vez, um amigo lhe questionou como ele podia agüentar aquele odor das casas e dos doentes, ao que ele respondeu “Nunca esqueça que mesmo sendo a casa miserável, você está se aproximando de Cristo. Em meio aos doentes e desafortunados, vejo uma luz peculiar, uma luz que não temos”. Com toda caridade, visitava os doentes que moravam aos arredores de Turim e lhes prestava ajuda no que necessitassem. Era capaz de parar o trajeto que fazia para ajudar algum pobre a carregar seu carrinho com sucata para vender.

Desportista nato, apaixonado por escalar montanhas, Pier Giorgio utilizava disso para convidar seus amigos e com isso os evangelizava. Escreveu certa vez ao escalar uma montanha: “Quanto mais alto formos, melhor nós ouviremos a voz de Cristo.” Tinha consciência dos riscos que corria ao escalar: “quando se vai a escalar, é necessário ter limpa a consciência, porque não se sabe nunca se há volta.” Seu lema era “Verso l’alto” (Em direção ao alto).

Morreu em no dia 30 de junho de 1925, de poliomielite fulminante, que muito provavelmente pegou em uma de suas visitas aos doentes. “O melhor homem do mundo está morto”, escreveu o Deputado italiano Alberto Falchetti em seu diário. Este foi o sentimento com que milhares de pessoas foram ao seu velório e enterro. O fato surpreendeu seus pais que não tinham dimensão de quão amado era seu filho. Por sua vez, os pobres e doentes, que foram lhe prestar os últimos agradecimentos, ficaram perplexos ao saberem que aquele que lhes ajudava era de família tão rica.

Não me estenderei mais nos dados biográficos, faço o convite para que leiam a biografia de Pier Giorgio Frassati e confiram os seus grandes feitos. Este jovem foi chamado por João Paulo II, ao celebrar a missa de sua beatificação, no dia 20 de maio de 1990, de “O Homem das oito Bem-Aventuranças”. Não bastasse isso, seu corpo está incorrupto e com um radiante sorriso. Somente Deus poderia deixar intocável até mesmo pelos menores dos seres vivos aquele que ama.

Frassati tinha consciência, como o mártir e Beato Anacleto González Flores, um dos mais incansáveis defensores dos jovens e da juventude, que somente o contato e a amizade com aqueles que partilham da mesma fé poderia ajudá-lo a vivenciar a sua. Anacleto González escreveu certa vez que: “Os jovens devem sair de seu isolamento, devem buscar o contato com outros jovens que trabalham e lutam por reivindicar os direitos de Deus e do homem. Não devem permanecer indiferentes diante das distintas agrupações formadas com o fim de dar ao bem uma alma de caráter social, já que o mal a tem como muito poderosa. Agrupai-vos, jovens católicos! Afastai-vos do isolamento que degrada, que envelhece que mata, que leva indefectivelmente à derrota. Ide prontamente à organização [católica], pois assim vossos brilhos e vossas energias cresceram titanicamente e Cristo reinará apesar dos tiranos.”

Pier Giorgio, não por menos, também escreveu um dos mais belos textos de motivação aos jovens. Devemos ter em mente estas palavras que milimetricamente refletem o que os jovem devem ser e pensar. Assim escreveu em uma de suas cartas: “Nós – que, por graça de Deus, somos católicos – não devemos gastar os anos mais belos da nossa vida como desgraçadamente fazem tantos jovens infelizes que se preocupam em gozar os bens terrenos e não produzem nada de bom, mas que apenas fazem frutificar a imoralidade da nossa sociedade moderna. Devemos treinar-nos, a fim de estarmos prontos para travar as lutas que, seguramente, teremos de combater pela realização do nosso programa e para, assim darmos à nossa Pátria, num futuro não muito longínquo, dias mais alegres e uma sociedade moralmente sã. Mas para tudo isto, é preciso: a oração contínua para obter de Deus a graça sem a qual as nossas forças são vãs; organização e disciplina para estarmos prontos para a ação no momento oportuno e, finalmente, o sacrifício das nossas paixões e de nós mesmos, porque sem isso não se pode atingir o objetivo.” (Das cartas de Pier Giorgio)

Jovens, se querem ser santos, não vivam na mediocridade com que tantos jovens vivem  hoje. Nossa sociedade tende a nos oferecer o que há de pior. Não aceitem o que lhe é mostrado como bom e certo. Conheçam a vida de outros jovens que foram modelos de santidade, como Marcelo Callo, Alberto Marvelli, Albertina Berckenbrok (Brasil), Egidio Bullesi, Isabel Cristina Mrad Campos (Brasil), Isidoro Bakanja, Carlo Acutis, entre numerosos outros que devem ser seguidos pelo seu heroísmo na pureza da castidade, no amor a Cristo Eucarístico e por terem se destacado em uma coisa fundamental e que fez e faz toda a diferença: Queriam ser santos!

*Leitor do nosso site.

Pier Giorgio Frassati,meu amigo.

Pier Giorgio de chapéu com seus amigos.

 

Rafael Taniguchi*

Peço perdão à Tradição Apostólica e que me corrija o Sagrado Magistério se o que disser estiver eivado de erro, mas sempre considerei, pelo nada que sei do Tudo, que uma das características mais fascinantes do Bom Deus é Seu exagero. Penso, por simples questão de experiência, que a Divina Pessoa do Senhor é exagerada… Que tal asserção, pelo Amor dEle, jamais possa soar como blasfêmia, mas como pura declaração do meu claudicante amor de filho perdulário. É que enxergo, com bastante clareza, esse exagero na criação. O sol, por exemplo, não precisava ser tão brilhante nem tão quente; o mar não precisava de tanta água nem a terra, de tantas montanhas. Não há necessidade alguma de tantos desertos e tantos grãos de areia neles. Qual a razão de tantas florestas, tantas árvores, tantas folhas nas árvores? Precisava haver um bendito pôr-do-sol totalmente único todo santo dia? E o universo!? Que excesso de grandeza! Tantas estrelas, tantas galáxias, tanta distância!

Vejo, igualmente, os exageros da atuação do Bom Deus na história dos seus eleitos: Abraão não precisava de tantos filhos; Isaac e Jacó, de tantos bens. E aquele exagero todo que o Senhor fez com Moisés? Para que abrir o mar daquele jeito exorbitante? Bem que o povo podia fazer a travessia em embarcações ou, sei lá, por outra opção mais viável. E que história excêntrica é esta do Josué parar o sol? Davi, também, não precisava de tanto poder militar nem Salomão, de tanta prosperidade! Nossa Mãe Maria Santíssima precisava ter o coração tão humilde, tão sábio, tão prudente, tão clemente? Ela bem que poderia ao menos responder um “oi” diante da saudação angelical, já que se tratava de anjo e não de serpente, mas a prudência foi mais que absoluta. Ela poderia ter ficado descansando em casa, como Eva estava à sombra da árvore da vida, ao invés de sair correndo para ajudar a prima idosa – um gesto de insuperável humildade para alguém que acabou de ficar sabendo que é Rainha. Porque ela pediu para o Seu Filho antecipar a hora do próprio Bom Deus se os noivos das Bodas de Caná nem reclamaram com ela da falta de vinho? Com razão o Senhor indagou: “Mulher, porque te intrometes?”. Intrometeu-se porque é observadora silenciosa e há tanta clemência na Nova Mulher, que ela se antecipa à falta de vinho de que padecem nossas vidas e intercede antes mesmo de sabermos de nossas necessidades. Que exagero de Mãe o Bom Deus escolheu para Si e para nós!

Tal Pai, tal Filho, não diz o ditado? O Senhor Jesus patenteia muito dessas demasias tão divinas. Já conheci muita gente pobre, mas nunca um pobre que tenha nascido em um estábulo. Francamente, que pobreza exacerbada! E a adúltera? Na minha opinião, ela merecia, ao menos, uma bronca do tipo:  “olha, fulana, eu aliviei a tua, mas qual é, né? Cria vergonha nesta tua cara!”. Que Misericórdia transbordante aquele “Nem eu te condeno”! Que doçura aquele silêncio não inquisitório, mas revestidor – não quebra uma cana rachada, não apaga uma lâmpada que ainda fumega! Outra coisa: é tarefa difícil entender o Deus onipotente se encerrar em um Homem, submetido à matéria e ao tempo, mas me é impossível sequer intuir a beleza da atitude desse Deus encarnado que se torna amigo íntimo dos homens – lembro-me de João reclinado em Jesus na última ceia. E para que uma morte daquela? O Seu Amor já não seria inconteste apenas pelo fato de ter vivido conosco? O sacrifício de Alguém de natureza tão excelsa ter que se rebaixar tanto para viver com gente do nosso naipe já me parece suficiente para retificar todos os erros da humanidade inteira, mas o Bom Deus preferiu se submeter, Ele mesmo, à nossa morte – o mesmo Bom Deus que se comoveu diante da viúva de Naim! E que morte é essa, a da Cruz? Porque não escolher enforcamento? Envenenamento seria mais fácil, não? (Olha a elegância do Sócrates!) Que exagero de morte, que exagero de feridas, que exagero de dores, que exagero de humilhação…  Há tanta abundância nessas demonstrações que a eternidade não parece ser um “tempo” razoável para que os eleitos da Santa Igreja discriminem e assimilem tamanhas dádivas, de um Deus intangivelmente generoso, que dá muito além do que podemos pedir e imaginar.

A Luz desses exageros magnânimos é mais que suficiente para preencher cada fresta da História, pretérita e futura, e solucionar todos os desentendimentos, toda injustiça, todo desmando. Chove, sobre cada homem deste mundo, mais graças do que ele pode aproveitar. Mas como se não bastassem tantas riquezas e prodigalidades, o Bom Deus ainda insistiu em dar à criatura amada todos os meios de salvação, de elevação, de dignificação de modo que, diante da Justiça, ninguém possa comparecer e dizer: sou ruim porque não conheci a bondade na minha vida. De fato, ao dar As Chaves ao Sumo Pontífice Pedro e instituir Sua Igreja, o Senhor Deus, mais que a faculdade de reabrir as portas do paraíso fechadas a todos por Adão e Eva, entregou-se a Si mesmo: o Seu Corpo, a Sua Misericórdia, a Sua Justiça, os Seus Dons, a Sua Santidade, o Seu Sacerdócio, a fim de que os homens fossem, mais uma vez, uma só coisa nEle, como Ele o é no Pai. E é apenas disso que trata a imensa loucura do cristianismo: sermos transformados, pela Graça gratuita, no Cristo – e o próprio Deus por tabela!

Por isso, com muita razão, os santos dizem crer na Santa Igreja Católica Apostólica Romana, a Nova Jerusalém, a antecipação do Reino dos Céus! Mas dir-nos-iam os experts em história dos clichês: ó, católicos obtusos, vocês não enxergam os erros institucionais! Dir-nos-iam, igualmente, as ressentidas e sempre invejosas viuvonas do comunismo: ó católicos burgueses, vocês são viciados em ópio, incapazes de enfrentar a realidade (detestável auto-projeção). Dir-nos-iam, ainda, os ímpios que se modificam caoticamente como células cancerígenas: católicos idólatras, babilônia, adoradores da besta, vocês deveriam orar e conhecer o jesus-instant-delivery-boy, entregador de bens terrenos e mestre das sensações teofânicas. Mas mesmo os ataques desferidos contra a Santa Igreja Católica servem à pródiga Providência: estimulam o crescimento, aprofundam a consolidação dos Fiéis e, deste modo, apesar de serem detestáveis, as perseguições devem ser vistas não como mera circunstância passageira, mas como prerrogativa basilar do verdadeiro discípulo do único Senhor. Até mesmo os anjos caídos, embora não o queiram, se rendem instrumentos utilíssimos do Bom Deus e nos mostram com grande clareza que nosso único mérito é a Misericórdia Divina. Portanto, não há na alma católica a pretensão de ser imaculável. Nunca cremos que o fossemos (como a mídia, quando nos acusa, acha que ela mesma o é), mas nossos terríveis erros não nos espantam nem um pouco. Nossa liberdade é ferida pelo pecado e nosso único mérito é a Misericórdia!

Esse Mérito da Misericórdia, e só Ele, sustenta a proficuidade misteriosa dos Sacramentos. Desse mérito os doutores haurem o sumo dos dogmas, os luzeiros que iluminam os passos da Divina Esposa. Por esse Mérito se tornam válidos os sacrifícios dos mártires e inocentes e é nele onde a Igreja Militante bebe a saciedade. Pela força desse Mérito, os piores pecados simplesmente deixam de existir quando os réus se proclamam culpados diante do divino Tribunal da Igreja, o Confessionário.  É o fogo desse Mérito que dá vida aos santos e os orna dos dons que atraem nossa veneração. Só esse Mérito repara a verdadeira liberdade do homem e o acorda da anestesia mórbida causada pelo pecado.

Bem, e o que fazem estas minhas divagações no site de P. G. Frassati? Ora, ele me foi instrumento dessa Misericórdia tão larga! Foi por ele que passei a me incomodar com meu comodismo. Frassati foi, para mim, o rosto alegre e jovem dessa Igreja que acabo de mencionar, mas que antes eu julgava ser enfadonha e anacrônica. Ao contrário, ele me inspira a defender corajosamente essa Igreja, a despeito da minha pusilanimidade… Frassati me importunou com a Verdade certeira, com a Meta, com a Direção, apesar dos meus pobres relativismos e contemporizações – quem é amigo de Frassati sabe quão intransigente ele sabe ser. É esse amigo que me ensina a apreciar a verdadeira beleza da criação: ele via, com clareza, o reflexo do Criador nas criaturas e, não servindo a elas, se servia delas para chegar a Ele. Sinto aquele apaixonado “Montagne, montagne, montagne! Io vi amo!” dentro de mim.

Quem, ao conhecer Pier Giorgio Frassati, não se sentiria intimado a lutar até o fim pela verdadeira Vida? Quem permaneceria ileso ao entrar em contato com a vitalidade de sua caridade, de sua ternura, da sua estrondosa jocosidade? Parece-me impossível que alguém não se emocione ao ler determinados episódios da vida de Frassati: suas lutas, seus empenhos, suas renúncias, sua grandeza, sua morte. É claro que ele é uma “baita” inspiração! Para mim, entretanto, ele é muito mais que um exemplo: ele é amigo mesmo, pra valer, daqueles que estão presentes sempre que você precisa ou mesmo quando acha que a presença deles é impertinente. O Frassati esteve presente comigo nas melhores amizades que tive na vida, nos meus momentos mais divertidos… Ele estava lá, também, nas perdas… Está presente nos meus planos e, talvez, se não o tivesse conhecido, jamais saberia o verdadeiro significado da palavra “apostolado”. Nem sei contar quantos amigos ele me apresentou – e olha que ainda não fiz trinta anos…

Pier Giorgio me chama continuamente Para o Alto, mas, além disso, a sua presença amável evoca a intuição daquela Magnanimidade que tentei descrever puerilmente acima… Eu e ele vivemos em uma sociedade agnóstica, em tempos que, ser verdadeiro católico, é tarefa solitária. Como agradeço a esse Bom Deus por ter escolhido Frassati, este sinal exuberante de santidade, para me fazer descobrir o desejo doloroso que tenho do Céu! Que saudades tenho deste Patrimônio que nunca tive, mas irei possuir! Bendita seja, ó Comunhão dos Santos, ó Corpo Uno do Nosso Senhor! Que instrumento salvífico fantástico o de irmãos, o de amigos que se amam! Nem a morte nem o tempo podem destruir esse vínculo! As virtudes dos fortes indulgenciam o vício dos fracos! Mais uma vez, o Senhor nos dá mais do que podemos lhe pedir.

Ó, meu tão querido amigo do Céu, Pier Giorgio Frassati! Perdoe-me pelos excessos e se mudei mil vezes de estilo ao tentar escrever sobre você, mas trata-se apenas da tentativa pífia de responder a tanta Bondade! Como nosso Senhor é Bom! Como é Grande!!! Brado contigo e com Santa Catarina: Jesus Doce, Jesus Amor! Essa maravilha que eu sinto não é ainda o Céu? Não consigo imaginar, então, o que seja! Pier Giorgio, amigo daqueles que não tem amigos, obrigado pela força da tua vida! A vida que não é tua, mas dEle! É Ele mesmo quem vive em você agora e, por essa razão, você está tão vivo quanto estava nas excursões às montanhas! Meu querido amigo, ajuda-me a alcançar o arrependimento verdadeiro! Auxilia-me a subir esta montanha tão difícil e a lutar incansavelmente pela Verdade de Cristo! Meu virtuoso Amigo dos pobres! Atleta do Reino de Deus! Anima-se muito o fato de que, quando chegar ao Alto, estaremos juntos a contemplar, naquele ar puro da Glória a que fomos destinados, a Grandeza do Criador! Obrigado, meu amigo Pier Giorgio!

Bendito seja o Senhor nos seus anjos e nos seus santos!

*Psicologo e grande entusiasta de Pier Giorgio.

 

Copy Protected by Tech Tips's CopyProtect Wordpress Blogs.