Pier Giorgio Frassati,adorador.

Eduardo Henrique Da Silva*

Relata um padre sacramentino; “Era no ano de 1920, numa noite de adoração noturna, na nossa Igreja de Santa Maria de Piazza, na cidade de Turim, eram já passadas as 23h. Pier Giorgio devia ter uns 23 anos.  Eu apenas tinha entrado no coro para minha hora de adoração quando, repentinamente, ouvi a campainha e fui abrir a porta para ver do que se tratava. Qual não foi minha consoladora surpresa quando me vi diante de um belo jovem, que eu não conhecia, que me disse que viera para fazer a sua adoração… Fiz observar ao meu gentil interlocutor que naquela noite não havia adoração para os jovens, mas somente para os religiosos. Eu o exortei para que retornasse à sua casa antes que a hora ficasse ainda mais tarde do que estava. O  meu conselho não deteve o generoso jovem mas, com voz suplicante, insistiu que eu o deixasse entrar, pois ele faria sua adoração por si mesmo sem atrapalhar os nossos religiosos. Minhas justas observações de nada valeram, e suas doces insistências foram tais que acabei por contentá-lo. Feliz pela vitória alcançada, se dirigiu para a igreja”.

“Entrou no presbitério e fazendo uma profunda prostração, ajoelhou-se em um dos genuflexórios do coro da Igreja. Durante a hora que eu passei em sua companhia, fui grandemente edificado pelo seu exemplar comportamento, e pude notar todas as santas maneiras que ele usava para se manter acordado, apesar das insistências do sono e do cansaço: às vezes se levantava, às vezes lia, às vezes recitava o rosário e assim passou toda a noite, até às 4h da manhã, hora em que pediu e recebeu a santa Comunhão. Ainda depois disso, ficou uma hora em Ação de Graças. Às 5h, quando a igreja se abriu para o público, ele saiu tranqüilamente”.

* Tradução da Positio super virtutibus,cit,vol I,pag   82

Relíquia de Pier Giorgio-1932

A atualidade de Pier Giorgio

Amigos de Pier Giorgio -Londrina- Pr

 

O segredo da atualidade de Pier Giorgio? Ele é o amigo que você gostaria de ter, aquele com algunas dificuldades  nos  estudos  e que sofre por amor. Frassati é um rapaz normal, do qual você se sente próximo, ainda que ele tenha se destacado por seu amor a Deus e ao próximo por meio de seu empenho, por estar sempre ao lado dos doentes e dos últimos, enfim, do seu serviço pelas ruas da cidade de Turim. Após vinte anos da beatificação de Frassati, hoje, Clara Finocchietti testemunha que, para ela – vice-presidente nacional do Setor dos jovens da Ação Católica –, assim como para toda a Associação, o beato é uma figura viva, mas sobretudo próxima. Esse é o rapaz das “oito bem aventuranças”, conforme descreveu João Paulo II no dia 20 de maio de 1990: “Mediante um olhar superficial, o estilo de Pier Giorgio não apresenta nada de muito extraordinário… Nele, a fé e os acontecimentos quotidianos se fundem harmonicamente, de tal modo que a adesão ao Evangelho se traduzem na atenção aos pobres e necessitados”. No ano anterior à beatificação, quando da peregrinação à casa de Frassati em Pollone, na região de Biela (no norte da Itália), o papa Woytjla confidenciou que, quando estudante, “impressionou-se com a força do testemunho cristão” daquele jovem de breve existência: nascido em Turim em 1901, morreu em 1925 de poliomielite fulminante. Mas sua vida é intensa, desde a paixão pelas montanhas à sua rica participação em inúmeras associações: membro da Ação Católica e da Federação de Universitários Católicos, se inscreveu, também, no Partido Popular Italiano, fundado pelo padre Sturzo. Tinha tantos amigos e empregava seu tempo livre no voluntariado.

25 anos da JMJ: mensagem do Papa

Relíquias de Pier Giorgio na Austrália

Vaticano,27 de março de 2010

Bom Mestre, que devo fazer
para alcançar a vida eterna?
» (Mc 10, 17)

Queridos amigos,

Celebra-se este ano o vigésimo quinto aniversário de instituição da Jornada Mundial da Juventude, desejada pelo Venerável João Paulo II como encontro anual dos jovens crentes do mundo inteiro. Foi uma iniciativa profética que deu frutos abundantes, permitindo às novas gerações cristãs encontrar-se, pôr-se à escuta da Palavra de Deus, descobrir a beleza da Igreja e viver experiências fortes de fé que levaram muitos à decisão de doar-se totalmente a Cristo.

Esta XXV Jornada representa uma etapa rumo ao próximo Encontro Mundial dos Jovens, que terá lugar no mês de agosto de 2011 em Madri, onde espero sejais numerosos a viver este evento de graça.

Para nos prepararmos para tal celebração, gostaria de vos propor algumas reflexões sobre o tema deste ano: «Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?» (Mc 10, 17), tirado do episódio evangélico do encontro de Jesus com o jovem rico; um tema abordado já em 1985 pelo Papa João Paulo II numa belíssima Carta, a primeira dirigida aos jovens.

1. Jesus encontra um jovem

«Quando saía [Jesus], para se pôr a caminho – narra o Evangelho de São Marcos – aproximou-se dele um homem a correr e, ajoelhando-se, perguntou: “Bom mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?”. Jesus disse-lhe: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão só Deus. Sabes os mandamentos: não matarás, não adulterarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho, não defraudarás, honrarás teu pai e tua mãe”. Ele respondeu-lhe: “Mestre, tenho guardado tudo isto desde a minha juventude”. Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele, e respondeu-lhe: “Falta-te apenas uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me!”. Mas, ao ouvir tais palavras, anuviou-se-lhe o semblante e retirou-se pesaroso, pois tinha grande fortuna» (Mc 10, 17-22).

Esta narração exprime de maneira eficaz a grande atenção de Jesus pelos jovens, por vós, pelas vossas expectativas, pelas vossas esperanças, e mostra como é grande o seu desejo de vos encontrar pessoalmente e entrar em diálogo com cada um de vós. De fato, Cristo interrompe o seu caminho para responder ao pedido do seu interlocutor, manifestando plena disponibilidade àquele jovem, que é impelido por um ardente desejo de falar com o «Bom Mestre», para aprender dele a percorrer o caminho da vida. Com este trecho evangélico, o meu Predecessor queria exortar cada um de vós a «desenvolver o próprio diálogo com Cristo – um diálogo que é de importância fundamental e essencial para um jovem» (Carta aos jovens, n. 2).

“O cristianismo não é primariamente uma moral, mas experiência de Jesus Cristo, que nos ama pessoalmente, jovens ou idosos, pobres ou ricos; ama-nos mesmo quando lhe voltamos as costas”.

2. Jesus fitou-o e sentiu afeição por ele

Na narração evangélica, São Marcos sublinha como «Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele» (Mc 10, 21). No olhar do Senhor, está o coração deste encontro muito especial e de toda a experiência cristã. De fato, o cristianismo não é primariamente uma moral, mas experiência de Jesus Cristo, que nos ama pessoalmente, jovens ou idosos, pobres ou ricos; ama-nos mesmo quando lhe voltamos às costas.

Comentando a cena, o Papa João Paulo II acrescentava, dirigindo-se a vós, jovens: «Faço votos por que experimenteis um olhar assim! Faço votos por que experimenteis a verdade de que Ele, Cristo, vos fixa com amor» (Carta aos jovens, n. 7). Um amor, que se manifestou na Cruz de maneira tão plena e total, que São Paulo escreve maravilhado: «Amou-me e entregou-se por mim» (Gl 2, 20). «A consciência de que o Pai nos amou desde sempre no seu Filho, de que Cristo ama cada um e sempre – escreve ainda o Papa João Paulo II – torna-se um ponto de apoio firme para toda a nossa existência humana» (Carta aos jovens, n. 7) e permite-nos superar todas as provas: a descoberta dos nossos pecados, o sofrimento, o desânimo.

Neste amor, encontra-se a fonte de toda a vida cristã e a razão fundamental da evangelização: se verdadeiramente encontramos Jesus, não podemos deixar de o testemunhar àqueles que ainda não se cruzaram com o seu olhar.

3. A descoberta do projeto de vida

No jovem do Evangelho, podemos vislumbrar uma condição muito semelhante à de cada um de vós. Também vós sois ricos de qualidades, energias, sonhos, esperanças: recursos que possuís em abundância! A vossa própria idade constitui uma grande riqueza não apenas para vós, mas também para os outros, para a Igreja e para o mundo.

O jovem rico pergunta a Jesus: «Que devo fazer?» A estação da vida em que vos encontrais é tempo de descoberta: dos dons que Deus vos concedeu e das vossas responsabilidades. É, igualmente, tempo de opções fundamentais para construir o vosso projeto de vida. Por outras palavras, é o momento de vos interrogardes sobre o sentido autêntico da existência, perguntando a vós mesmos: «Estou satisfeito com a minha vida? Ou falta-me ainda qualquer coisa»?

Como o jovem do Evangelho, talvez vós vivais também situações de instabilidade, de perturbação ou de sofrimento, que vos levam a aspirar a uma vida não medíocre e a perguntar-vos: em que consiste uma vida bem sucedida? Que devo fazer? Qual poderia ser o meu projeto de vida? «Que devo fazer a fim de que a minha vida tenha pleno valor e pleno sentido?» (Ibid., n. 3).

Não tenhais medo de enfrentar estas perguntas! Longe de vos acabrunhar, elas exprimem as grandes aspirações, que estão presentes no vosso coração. Portanto, devem ser ouvidas. Esperam respostas não superficiais, mas capazes de satisfazer as vossas autênticas expectativas de vida e felicidade.

Para descobrir o projeto de vida que vos pode tornar plenamente felizes, colocai-vos à escuta de Deus, que tem um desígnio de amor sobre cada um de vós. Com confiança, perguntai-lhe: «Senhor, qual é o teu desígnio de Criador e Pai sobre a minha vida? Qual é a tua vontade? Desejo cumpri-la». Estai certos de que vos responderá. Não tenhais medo da sua resposta! «Deus é maior que os nossos corações e conhece tudo» (1 Jo 3, 20)!

4. Vem e segue-me!

Jesus convida o jovem rico a ir mais além da satisfação das suas aspirações e dos seus projetos pessoais, dizendo-lhe: «Vem e segue-me!». A vocação cristã deriva de uma proposta de amor do Senhor.

Jesus convida o jovem rico a ir mais além da satisfação das suas aspirações e dos seus projetos pessoais, dizendo-lhe: «Vem e segue-me!». A vocação cristã deriva de uma proposta de amor do Senhor e só pode realizar-se graças a uma resposta de amor: «Jesus convida os seus discípulos ao dom total da sua vida, sem cálculos nem vantagens humanas, com uma confiança sem reservas em Deus. Os santos acolhem este convite exigente e, com docilidade humilde, põe-se a seguir Cristo crucificado e ressuscitado. A sua perfeição na lógica da fé, às vezes humanamente incompreensível, consiste em nunca se colocarem a si mesmos no centro, mas decidirem ir contra a corrente, vivendo segundo o Evangelho» (Bento XVI, «Homilia por ocasião das canonizações», in L’Osservatore Romano, 12-13/10/2009, pág. 6).

A exemplo de muitos discípulos de Cristo, acolhei também vós, queridos amigos, com alegria o convite a seguir Jesus, para viverdes intensa e fecundamente neste mundo. Com efeito, mediante o Batismo, Ele chama cada um a segui-lo com ações concretas, a amá-lo sobre todas as coisas e a servi-lo nos irmãos. Infelizmente, o jovem rico não acolheu o convite de Jesus e retirou-se pesaroso. Não encontrara coragem para se desapegar dos bens materiais a fim de possuir o bem maior proposto por Jesus.

A tristeza do jovem rico do Evangelho é aquela que nasce no coração de cada um, quando não tem a coragem de seguir Cristo, de fazer a escolha justa. Mas nunca é tarde demais para lhe responder!

Jesus nunca se cansa de estender o seu olhar de amor sobre nós, chamando-nos a ser seus discípulos; a alguns, porém, Ele propõe uma opção mais radical. Neste Ano Sacerdotal, gostaria de exortar os jovens e adolescentes a estarem atentos para ver se o Senhor os convida a um dom maior, no caminho do sacerdócio ministerial, e a tornarem-se disponíveis para acolher com generosidade e entusiasmo este sinal de predileção especial, empreendendo, com a ajuda de um sacerdote, do diretor espiritual, o necessário caminho de discernimento. Depois, não tenhais medo, queridos jovens e queridas jovens, se o Senhor vos chamar à vida religiosa, monástica, missionária ou de especial consagração: Ele sabe dar alegria profunda a quem responde com coragem.

E, a quantos sentem a vocação ao matrimônio, convido a acolhê-la com fé, comprometendo-se a lançar bases sólidas para viver um amor grande, fiel e aberto ao dom da vida, que é riqueza e graça para a sociedade e para a Igreja.

5. Orientados para a vida eterna

«Que devo fazer para alcançar a vida eterna?»: esta pergunta do jovem do Evangelho parece distante das preocupações de muitos jovens contemporâneos; porventura, como observava o meu Predecessor, «não somos nós a geração cujo horizonte da existência está completamente preenchido pelo mundo e pelo progresso temporal?» (Carta aos jovens, n. 5). Mas a questão acerca da «vida eterna» impõe-se em momentos particularmente dolorosos da existência, como quando sofremos a perda de uma pessoa querida ou experimentamos o insucesso.

Mas o que é a «vida eterna», de que fala o jovem rico? Jesus no-lo explica quando, dirigindo-se aos seus discípulos, afirma: «Hei-de ver-vos de novo; e o vosso coração alegrar-se-á e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria» (Jo 16, 22). São palavras que indicam uma proposta sublime de felicidade sem fim: a alegria de sermos cumulados pelo amor divino para sempre.

O interrogar-se sobre o futuro definitivo que nos espera dá sentido pleno à existência, porque orienta o projeto de vida não para horizontes limitados e passageiros mas amplos e profundos, que levam a amar o mundo, tão amado pelo próprio Deus, a dedicar-se ao seu desenvolvimento, mas sempre com a liberdade e a alegria que nascem da fé e da esperança. São horizontes que nos ajudam a não absolutizar as realidades terrenas, sentindo que Deus nos prepara um bem maior, e a repetir com Santo Agostinho: «Desejemos juntos a pátria celeste, suspiremos pela pátria celeste, sintamo-nos peregrinos aqui na terra» (Comentário ao Evangelho de São João, Homilia 35, 9). Com o olhar fixo na vida eterna, o Beato Pier Giorgio Frassati – falecido em 1925, com a idade de 24 anos – dizia: «Quero viver; não ir vivendo!» e, numa fotografia a escalar uma montanha que enviou a um amigo, escrevera: «Rumo ao alto!», aludindo à perfeição cristã mas também à vida eterna.

Queridos jovens, exorto-vos a não esquecer esta perspectiva no vosso projeto de vida: somos chamados à eternidade. Deus criou-nos para estar com Ele, para sempre. Aquela ajudar-vos-á a dar um sentido pleno às vossas decisões e a dar qualidade à vossa existência.

6. Os mandamentos, caminho do amor autêntico

Jesus recorda ao jovem rico os dez mandamentos como condições necessárias para «alcançar a vida eterna». Constituem pontos de referência essenciais para viver no amor, para distinguir claramente o bem do mal e construir um projeto de vida sólido e duradouro. Também a vós, Jesus pergunta se conheceis os mandamentos, preocupando-vos em formar a vossa consciência segundo a lei divina, e se os pondes em prática.

Sem dúvida, trata-se de perguntas contra a corrente em relação à mentalidade contemporânea, que propõe uma liberdade desligada de valores, de regras, de normas objetivas, e convida a não colocar limites aos desejos do momento. Mas este tipo de proposta, em vez de conduzir à verdadeira liberdade, leva o homem a tornar-se escravo de si mesmo, dos seus desejos imediatos, de ídolos como o poder, o dinheiro, o prazer desenfreado e as seduções do mundo, tornando-o incapaz de seguir a sua vocação natural ao amor.

Deus dá-nos os mandamentos, porque nos quer educar para a verdadeira liberdade, porque quer construir conosco um Reino de amor, de justiça e de paz. Ouvi-los e pô-los em prática não significa alienar-se, mas encontrar o caminho da liberdade e do amor autênticos, porque os mandamentos não limitam a felicidade, mas indicam o modo como encontrá-la. No início do diálogo com o jovem rico, Jesus recorda que a lei dada por Deus é boa, porque «Deus é bom».

7. Temos necessidade de vós

Quem vive hoje a condição juvenil encontra-se a enfrentar muitos problemas resultantes do desemprego, da falta de referências ideais certas e de perspectivas concretas para o futuro. Às vezes pode-se ficar com a impressão de impotência diante das crises e derivas actuais. Apesar das dificuldades, não vos deixeis desencorajar nem renuncieis aos vossos sonhos! Pelo contrário, cultivai no coração desejos grandes de fraternidade, de justiça e de paz. O futuro está nas mãos de quem souber procurar e encontrar razões fortes de vida e de esperança. Se quiserdes, o futuro está nas vossas mãos, porque os dons e as riquezas que o Senhor guardou no coração de cada um de vós, plasmados pelo encontro com Cristo, podem dar esperança autêntica ao mundo! É a fé no seu amor que, tornando-vos fortes e generosos, vos dará a coragem de enfrentar com serenidade o caminho da vida e assumir as responsabilidades familiares e profissionais. Comprometei-vos a construir o vosso futuro através de percursos sérios de formação pessoal e de estudo, para servir o bem comum de maneira competente e generosa.

Na recente Carta Encíclica sobre o desenvolvimento humano integral, Caritas in veritate, enumerei alguns dos grandes desafios atuais que são urgentes e essenciais para a vida deste mundo: a utilização dos recursos da terra e o respeito pela ecologia, a justa repartição dos bens e o controle dos mecanismos financeiros, a solidariedade com os países pobres no âmbito da família humana, a luta contra a fome no mundo, a promoção da dignidade do trabalho humano, o serviço à cultura da vida, a construção da paz entre os povos, o diálogo inter-religioso, o bom uso dos meios de comunicação social.

São desafios a que sois chamados a responder para construir um mundo mais justo e fraterno. São desafios que requerem um projeto de vida exigente e apaixonante, no qual investir toda a vossa riqueza, segundo o desígnio que Deus tem para cada um de vós. Não se trata de realizar gestos heróicos ou extraordinários, mas de agir fazendo frutificar os próprios talentos e possibilidades, comprometendo-se a progredir constantemente na fé e no amor.

Neste Ano Sacerdotal, convido-vos a conhecer a vida dos santos, em particular a dos santos sacerdotes. Vereis que Deus os guiou, tendo encontrado o seu caminho dia após dia precisamente na fé, na esperança e no amor. Cristo chama cada um de vós a comprometer-se com Ele e a assumir as próprias responsabilidades para construir a civilização do amor. Se seguirdes a sua Palavra, também o vosso caminho se iluminará e vos conduzirá rumo a metas elevadas, que dão alegria e sentido pleno à vida.

Que a Virgem Maria, Mãe da Igreja, vos acompanhe com a sua proteção. Asseguro-vos uma lembrança particular na minha oração e, com grande afeto, vos abençoo.

ENCONTRO COM OS JOVENS

Praça São Carlos
Domingo, 2 de Maio de 2010

Estimados jovens de Turim
Queridos jovens que vindes
do Piemonte e das Regiões vizinhas!

Sinto-me verdadeiramente feliz por me encontrar convosco, nesta minha visita a Turim, para venerar o santo Sudário. Saúdo todos vós com grande afecto e agradeço-vos o acolhimento e o entusiasmo da vossa fé. Através de vós, saúdo toda a juventude de Turim e das Dioceses do Piemonte, com uma oração especial pelos jovens que vivem situações de sofrimento, de dificuldade e de confusão. Dirijo um pensamento especial e um forte encorajamento a quantos, no meio de vós, estão a percorrer o caminho rumo ao sacerdócio, à vida consagrada, assim como rumo a generosas escolhas de serviço aos últimos. Estou grato ao vosso Pastor, Cardeal Severino Poletto, pelas cordiais expressões que me dirigiu e agradeço aos vossos representantes que me manifestaram os propósitos, as problemáticas e as expectativas da juventude desta cidade e região.

Há vinte e cinco anos, por ocasião do Ano Internacional da Juventude, o venerável e amado João Paulo II dirigiu uma Carta Apostólica aos jovens e às jovens do mundo, centrada no encontro de Jesus com o jovem rico de que nos fala o Evangelho (cf. Carta aos Jovens, 31 de Março de 1985). Precisamente a partir desta página (cf. Mc 10, 17-22; Mt 19, 16-22), que foi objecto também na minha Mensagem do corrente ano para a Jornada Mundial da Juventude, gostaria de vos transmitir alguns pensamentos que vos possam ajudar no vosso crescimento espiritual e na vossa missão no interior da Igreja e no mundo.

O jovem do Evangelho sabemo-lo pergunta a Jesus: “Que devo fazer para alcançar a vida eterna?”. Hoje, não é fácil falar de vida eterna e de realidades eternas, porque a mentalidade do nosso tempo nos diz que nada existe de definitivo: tudo muda e muito rapidamente. “Mudar” tornou-se, em muitos casos, a palavra de ordem, o exercício mais exaltante da liberdade, e deste modo também vós jovens sois levados muitas vezes a pensar que seja impossível realizar opções definitivas, que comprometam para a vida inteira. Mas este é o modo correcto de utilizar a liberdade? É realmente verdade que para sermos felizes temos que contentar-nos com alegrias momentâneas, pequenas e fugazes que, quando terminam, deixam a amargura no coração? Caros jovens, não é esta a verdadeira liberdade, a felicidade não se alcança assim. Cada um de nós é criado não para realizar certas opções provisórias e revogáveis, mas escolhas definitivas e irrevogáveis, que dão sentido pleno à existência. Vemos isto na nossa vida: cada experiência bonita, que nos enche de felicidade, gostaríamos que nunca mais terminasse. Deus criou-nos em vista do “para sempre”, colocou no coração de cada um de nós a semente para uma vida que realize algo de bonito e de grande. Tende a coragem das escolhas definitivas e vivei-as com fidelidade! O Senhor poderá chamar-vos ao matrimónio, ao sacerdócio, à vida consagrada, a um dom particular de vós mesmos: respondei-lhe com generosidade!

No diálogo com o jovem que possuía muitos bens, Jesus indica qual é a riqueza maior e mais importante da vida: o amor. Amar a Deus e amar aos outros com todo o nosso ser. A palavra amar sabemo-lo presta-se a várias interpretações e tem diversos significados: temos necessidade de um Mestre, Cristo, que nos indique o seu sentido mais autêntico e profundo, que nos oriente para a fonte do amor e da vida. Amor é o nome próprio de Deus. O Apóstolo João no-lo recorda: “Deus é amor”, e acrescenta que “não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele quem nos amou e nos mandou o seu Filho”. E “se Deus nos amou deste modo, também nós devemos amar-nos uns aos outros” (1 Jo 4, 8.10-11). No encontro com Cristo e no amor recíproco experimentamos em nós a própria vida de Deus, que permanece em nós com o seu amor perfeito, total e eterno (cf. 1 Jo 4, 12). Portanto, não existe nada maior para o homem, um ser mortal e limitado, do que participar na vida de amor de Deus. Hoje vivemos num contexto cultural que não favorece relacionamentos humanos profundos e abnegados mas, ao contrário, induz com frequência a fechar-se em si mesmo, ao individualismo, a deixar prevalecer o egoísmo que existe no homem. Mas o coração de um jovem é por natureza sensível ao amor verdadeiro. Por isso, dirijo-me com grande confiança a cada um de vós e digo-vos: não é fácil fazer da vossa vida algo de bonito e de grande, é algo exigente, mas com Cristo tudo é possível!

No olhar de Jesus como diz o Evangelho que olha com amor para o jovem, sentimos todo o desejo que Deus tem de permanecer connosco, de estar próximo de nós; existe um desejo de Deus, do nosso sim, do nosso amor. Sim, dilectos jovens, Jesus quer ser vosso amigo, vosso irmão na vida, o Mestre que vos indica o caminho a percorrer para alcançar a felicidade. Ele ama-vos por aquilo que sois, na vossa fragilidade e debilidade, para que, tocados pelo seu amor, possais ser transformados. Vivei este encontro com o amor de Cristo numa relação forte com Ele; vivei-o na Igreja, principalmente nos Sacramentos. Vivei-o na Eucaristia, em que se torna presente o seu Sacrifício: Ele realmente doa o seu Corpo e o seu Sangue por nós, para redimir os pecados da humanidade, para que nos tornemos um só com Ele, para que aprendamos também nós a lógica do doar-se. Vivei-o na Confissão onde, oferecendo-nos o seu perdão, Jesus acolhe-nos com todos os nossos limites para nos dar um coração novo, capaz de amar como Ele. Aprendei a ter familiaridade com a palavra de Deus, a meditá-la, de maneira especial na lectio divina, a leitura espiritual da Bíblia. Finalmente, sabei encontrar o amor de Cristo no testemunho de caridade da Igreja. Turim oferece-vos, na sua história, exemplos maravilhosos: segui-os, vivendo concretamente a gratuidade do serviço. Tudo, na comunidade eclesial, deve ser finalizado para fazer com que os homens sintam concretamente a caridade infinita de Deus.

Estimados amigos, o amor de Cristo pelo jovem do Evangelho é o mesmo que Ele tem por cada um de vós. Não é um amor confinado no passado, não é uma ilusão e não é reservado a poucos. Vós encontrareis este amor e experimentareis toda a sua fecundidade, se procurardes o Senhor com sinceridade e se viverdes com empenhamento a vossa participação na vida da comunidade cristã. Cada um se sinta “parte viva” da Igreja, comprometido na obra de evangelização, sem medo, num espírito de harmonia sincera com os irmãos na fé e em comunhão com os Pastores, saindo de uma tendência individualista também na vivência da fé, para respirar a plenos pulmões a beleza de fazer parte do grande mosaico da Igreja de Cristo.

Nesta tarde não posso deixar de vos indicar como modelo um jovem da vossa Cidade: o Beato Piergiorgio Frassati, cujo vigésimo aniversário de beatificação se celebra este ano. A sua existência foi inteiramente envolvida pela graça e pelo amor de Deus e foi consumida, com serenidade e alegria, no serviço apaixonado a Cristo e aos irmãos. Jovem como vós, viveu com grande dedicação a sua formação cristã e deu o seu testemunho de fé, simples e eficaz. Um jovem fascinado pela beleza do Evangelho das Bem-Aventuranças, que experimentou toda a alegria de ser amigo de Cristo, de O seguir, de se sentir de forma viva parte da Igreja. Prezados jovens, tende a coragem de escolher aquilo que é essencial na vida! “Viver e não simplesmente ir vivendo”, repetia o Beato Piergiorgio Frassati. Como Ele, descobri que vale a pena comprometer-se por Deus e com Deus, responder à sua chamada nas escolhas fundamentais e nas opções quotidianas, mesmo quando custa!

O percurso espiritual do Beato Piergiorgio Frassati recorda que o caminho dos discípulos de Cristo exige a coragem de sair de si mesmo, para seguir a estrada do Evangelho. Vós viveis nas paróquias e nas outras realidades eclesiais este caminho exigente do espírito; vivei-lo também na peregrinação das Jornadas Mundiais da Juventude, encontro sempre esperado. Sei que estais a preparar-vos para o próximo grande encontro, programado em Madrid em Agosto de 2011. Faço votos de coração a fim de que este acontecimento extraordinário, no qual espero que possais participar em grande número, contribua para fazer crescer em cada um o entusiasmo e a fidelidade no seguimento de Cristo e no acolhimento jubiloso da sua mensagem, fonte de vida nova.

Jovens de Turim e do Piemonte, sede testemunhas de Cristo neste nosso tempo! O santo Sudário seja para vós de maneira totalmente particular um convite a imprimir no vosso espírito o rosto do amor de Deus, para serdes vós mesmos, nos vossos ambientes, com os vossos coetâneos, uma expressão credível do rosto de Cristo. Maria, que venerais nos vossos Santuários marianos, e São João Bosco, Padroeiro da juventude, vos ajudem a seguir Cristo, sem jamais vos cansardes. E vos acompanhem sempre a minha oração e a minha Bênção, que vos concedo com grande carinho.

Obrigado pela vossa atenção!

Comece por dentro…

Pe. Reinaldo Ap. Bento*

É interessante como muitos iniciam sua vida espiritual pelo exterior, até mesmo diretores e guias de alma muitas vezes começam por esse caminho …e como é desastroso. Aos nossos amigos que por um motivo ou outro querem seguir os passos do Beato Pier Giorgio em sua espiritualidade devem saber que, ele começou do interior. JESUS mostrou que a maldade do homem está no coração “é de dentro, do coração do homem que saem os pensamentos perversos…” (Mc 7, 21). Não sãos os programas, horários espirituais que reformam o homem,de fora para dentro, mas o que sai do coração. A vida de Frassati revela esse caminho, suas práticas de piedade, sua devoção não se centralizam na aparência ou em programa, é uma necessidade interna que o impele. É o desejo de se encontrar com JESUS e MARIA que o faz buscar o terço e a SANTA MISSA. Certa vez ele vai para a Adoração Noturna, um religioso o observa, primeiro ele consegue ludibria-lo para poder ficar na Adoração fora a sua hora que já havia terminado. Frassati se ajoelha, senta , fica em pé, não se importa com posturas, se importa em ficar com o SENHOR, é seu coração que deseja JESUS. Ele fica até amanhecer, e sua alegria é imensa por poder ter ficado com JESUS. Ele é movido em suas ações por aquilo que ele realmente ama, não são meras obrigações impostas ou aconselhadas, ele quer, ele deseja, ele busca e ele encontra o que busca. O sucesso espiritual desse jovem está nesse detalhe, tudo ele construiu do interior e dessa vida interior. O efeito exterior é então eficaz, seu apostolado, sua caridade não é então uma busca por algo….. é uma resposta : ” JESUS me visita cada dia e eu o retribuo visitando os pobres” nos fala Pier Giorgio seguramente. Nos diz São Paulo: ” Ainda que o homem exterior em nós esteja em ruínas, o homem interior se renova dia a dia… Não olhamos para as coisas visíveis mas para as invisíveis; as coisas visíveis, com efeito, não tem senão um tempo, as invisíveis são eternas” (2 Cor 4, 16,18) Caro Amigo, comece por dentro o teu caminho para DEUS, é pelo interior que começa as Bem Aventuranças, é o “buscar primeiro o Reino dos Céus e sua Justiça” (cf Mt 6, 33), é o primeiro mandamento, é o caminho de nosso querido Frassati.
 
*Sacerdote,grande entusiasta da vida de Pier Giorgio.

Oração a Nossa Senhora.

Divina Comédia –  Paraíso de Dante [do XXXIII, vers. 1-21]. Pier Giorgio a recitava de cor e a mantinha fixada na porta de seu quarto.

Nossa Senhora de Oropa

Virgem Mãe, filha do teu Filho,

a criatura mais alta e mais humilde

objecto fixo do desígnio eterno,

és aquela que nobilitou a criatura humana,

que o seu fazedor não desdenhou

tornar-se obra sua.

No teu ventre reacendeu-se o amor

por aquele cujo calor na eterna paz

assim germinou esta flor.

Aqui, és para nós uma face meridiana

de caridade, e és, entre os mortais,

uma fonte viva de esperança.

Senhora, és tão grande e vales tanto,

que, querer uma graça e não recorrer a ti

é como desejar voar sem asas.

A tua benignidade não socorre

quem pede, mas muitas vezes

livremente se antecipa ao pedido

Em ti a misericórdia, em ti a piedade,

em ti a magnificência, em ti se reúne

tudo o que há de bondade na criatura.

Pier Giorgio Frassati, um jovem incomum

Diego G Silva*

Quando uma coisa nos impressiona ou ficamos admirados ela sempre nos vem à mente, mesmo com o passar de dias, meses e até anos. A imagem de algo que nos agrada e nos traz boas lembranças é como um despertar que nos motiva a continuar com alegria a vida. Traz-nos uma sensação de bem estar, ânimo e alegria.

Quando pensamos nos santos e em seus feitos, vemos a força, grandeza, heroísmo e amor que eles tinham para o com próximo e para Cristo. Não se pode dizer que um santo seja melhor ou maior que outro. Todos possuem sua grandeza e são dignos de admiração. No entanto, assim como existem santos que são conhecidos por suas habilidades intelectuais, como Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino, outros são pela sua dedicação à política como Thomas Morus, a ajuda aos mais necessitados como São Francisco, por dedicar ao amor ao sacerdócio como são João Maria Vianney e até por lutar em uma guerra, como Santa Joana d’Arc. São numerosos os santos e cada um possui dons e carismas particulares.

Chesterton, um dos maiores escritores católicos, escreveu certa vez que o “que separa um santo dos homens ordinários é sua disposição habitual de se confundir com os homens ordinários.” Pier Giorgio Frassati é um evidente exemplo de jovem que se santificou nas coisas ordinárias, ou seja, do dia-a-dia, transformando-as em coisas extraordinárias. Sua dedicação aos mais necessitados, sua alegria contagiante (até em suas fotos nos transmite isso), sua paixão pelos esportes e amor ardente a Cristo Eucarístico, o levou a ter uma vida extraordinária.

Se pensarmos em um exemplo e modelo para os jovens não podemos de forma alguma esquecer a figura de Pier Giorgio. Este jovem que nasceu na cidade de Turim, Itália, no dia 06 de abril de 1901, e que neste ano de 2011, completará 110 anos de nascimento, é um exemplo evidente de que a santidade pode ser alcançada sem limite de idade.

De família com posses, Pier Giorgio sempre teve consciência de que o que possuía deveria ser colocado à disposição dos mais necessitados. Todo dinheiro que seu pai lhe dava, generosamente doava aos pobres. “Ajudar os necessitados, disse a sua irmã Luciana, é ajudar a Jesus”. Seu testemunho impactava e assustava seus amigos, que não entendiam como ele podia fazer aquilo. Certa vez, um amigo lhe questionou como ele podia agüentar aquele odor das casas e dos doentes, ao que ele respondeu “Nunca esqueça que mesmo sendo a casa miserável, você está se aproximando de Cristo. Em meio aos doentes e desafortunados, vejo uma luz peculiar, uma luz que não temos”. Com toda caridade, visitava os doentes que moravam aos arredores de Turim e lhes prestava ajuda no que necessitassem. Era capaz de parar o trajeto que fazia para ajudar algum pobre a carregar seu carrinho com sucata para vender.

Desportista nato, apaixonado por escalar montanhas, Pier Giorgio utilizava disso para convidar seus amigos e com isso os evangelizava. Escreveu certa vez ao escalar uma montanha: “Quanto mais alto formos, melhor nós ouviremos a voz de Cristo.” Tinha consciência dos riscos que corria ao escalar: “quando se vai a escalar, é necessário ter limpa a consciência, porque não se sabe nunca se há volta.” Seu lema era “Verso l’alto” (Em direção ao alto).

Morreu em no dia 30 de junho de 1925, de poliomielite fulminante, que muito provavelmente pegou em uma de suas visitas aos doentes. “O melhor homem do mundo está morto”, escreveu o Deputado italiano Alberto Falchetti em seu diário. Este foi o sentimento com que milhares de pessoas foram ao seu velório e enterro. O fato surpreendeu seus pais que não tinham dimensão de quão amado era seu filho. Por sua vez, os pobres e doentes, que foram lhe prestar os últimos agradecimentos, ficaram perplexos ao saberem que aquele que lhes ajudava era de família tão rica.

Não me estenderei mais nos dados biográficos, faço o convite para que leiam a biografia de Pier Giorgio Frassati e confiram os seus grandes feitos. Este jovem foi chamado por João Paulo II, ao celebrar a missa de sua beatificação, no dia 20 de maio de 1990, de “O Homem das oito Bem-Aventuranças”. Não bastasse isso, seu corpo está incorrupto e com um radiante sorriso. Somente Deus poderia deixar intocável até mesmo pelos menores dos seres vivos aquele que ama.

Frassati tinha consciência, como o mártir e Beato Anacleto González Flores, um dos mais incansáveis defensores dos jovens e da juventude, que somente o contato e a amizade com aqueles que partilham da mesma fé poderia ajudá-lo a vivenciar a sua. Anacleto González escreveu certa vez que: “Os jovens devem sair de seu isolamento, devem buscar o contato com outros jovens que trabalham e lutam por reivindicar os direitos de Deus e do homem. Não devem permanecer indiferentes diante das distintas agrupações formadas com o fim de dar ao bem uma alma de caráter social, já que o mal a tem como muito poderosa. Agrupai-vos, jovens católicos! Afastai-vos do isolamento que degrada, que envelhece que mata, que leva indefectivelmente à derrota. Ide prontamente à organização [católica], pois assim vossos brilhos e vossas energias cresceram titanicamente e Cristo reinará apesar dos tiranos.”

Pier Giorgio, não por menos, também escreveu um dos mais belos textos de motivação aos jovens. Devemos ter em mente estas palavras que milimetricamente refletem o que os jovem devem ser e pensar. Assim escreveu em uma de suas cartas: “Nós – que, por graça de Deus, somos católicos – não devemos gastar os anos mais belos da nossa vida como desgraçadamente fazem tantos jovens infelizes que se preocupam em gozar os bens terrenos e não produzem nada de bom, mas que apenas fazem frutificar a imoralidade da nossa sociedade moderna. Devemos treinar-nos, a fim de estarmos prontos para travar as lutas que, seguramente, teremos de combater pela realização do nosso programa e para, assim darmos à nossa Pátria, num futuro não muito longínquo, dias mais alegres e uma sociedade moralmente sã. Mas para tudo isto, é preciso: a oração contínua para obter de Deus a graça sem a qual as nossas forças são vãs; organização e disciplina para estarmos prontos para a ação no momento oportuno e, finalmente, o sacrifício das nossas paixões e de nós mesmos, porque sem isso não se pode atingir o objetivo.” (Das cartas de Pier Giorgio)

Jovens, se querem ser santos, não vivam na mediocridade com que tantos jovens vivem  hoje. Nossa sociedade tende a nos oferecer o que há de pior. Não aceitem o que lhe é mostrado como bom e certo. Conheçam a vida de outros jovens que foram modelos de santidade, como Marcelo Callo, Alberto Marvelli, Albertina Berckenbrok (Brasil), Egidio Bullesi, Isabel Cristina Mrad Campos (Brasil), Isidoro Bakanja, Carlo Acutis, entre numerosos outros que devem ser seguidos pelo seu heroísmo na pureza da castidade, no amor a Cristo Eucarístico e por terem se destacado em uma coisa fundamental e que fez e faz toda a diferença: Queriam ser santos!

*Leitor do nosso site.

Inscreva-se na Associação “Amigos de Carlo Acutis”

Você conhece a “Associação Amigos de Carlo Acutis”?

A “Associação Amigos de Carlo Acutis” tem como objetivo fazer avançar a causa de beatificação desse adolescente italiano e dar a conhecer a sua espiritualidade.

A associação também conta com várias obras sociais, incluindo a construção de um orfanato em colaboração com o Bispo da Tanzânia e a “Associação Cristãos no Mundo”, voltada para as crianças vítimas da AIDS.

A “Associação Amigos de Carlo Acutis” é uma organização sem fins lucrativos e é financiada diretamente pelos seus sócios fundadores.

Algo importante: afiliação é gratuita.

Todos os membros, ou associados, receberão um boletim informativo gratuito. Para aqueles que desejarem, poderão receber, como presente, material promocional de Carlo, prospectos que regularmente são publicados sobre a figura de Carlo Acutis.

Será necessário especificar esse desejo no campo adequado para isso, indicando também o endereço completo (com CEP), para resposta, ou seja, para onde deverá ser remetido o material.

Para saber mais, acesse o link:

http://www.carloacutis.com/pages/modulo.asp

Pede-se a todos que se inscreverem que se unam em orações, pedindo a Jesus Eucarístico e a Nossa Senhora, a quem Carlo tanto amava, a breve beatificação, pelo Papa Bento XVI, desse jovem que tantos bons exemplos deu em vida e que, mesmo após sua morte, continua proporcionando alegrias e bênçãos a todos que o procuram.


Pier Giorgio Frassati,meu amigo.

Pier Giorgio de chapéu com seus amigos.

 

Rafael Taniguchi*

Peço perdão à Tradição Apostólica e que me corrija o Sagrado Magistério se o que disser estiver eivado de erro, mas sempre considerei, pelo nada que sei do Tudo, que uma das características mais fascinantes do Bom Deus é Seu exagero. Penso, por simples questão de experiência, que a Divina Pessoa do Senhor é exagerada… Que tal asserção, pelo Amor dEle, jamais possa soar como blasfêmia, mas como pura declaração do meu claudicante amor de filho perdulário. É que enxergo, com bastante clareza, esse exagero na criação. O sol, por exemplo, não precisava ser tão brilhante nem tão quente; o mar não precisava de tanta água nem a terra, de tantas montanhas. Não há necessidade alguma de tantos desertos e tantos grãos de areia neles. Qual a razão de tantas florestas, tantas árvores, tantas folhas nas árvores? Precisava haver um bendito pôr-do-sol totalmente único todo santo dia? E o universo!? Que excesso de grandeza! Tantas estrelas, tantas galáxias, tanta distância!

Vejo, igualmente, os exageros da atuação do Bom Deus na história dos seus eleitos: Abraão não precisava de tantos filhos; Isaac e Jacó, de tantos bens. E aquele exagero todo que o Senhor fez com Moisés? Para que abrir o mar daquele jeito exorbitante? Bem que o povo podia fazer a travessia em embarcações ou, sei lá, por outra opção mais viável. E que história excêntrica é esta do Josué parar o sol? Davi, também, não precisava de tanto poder militar nem Salomão, de tanta prosperidade! Nossa Mãe Maria Santíssima precisava ter o coração tão humilde, tão sábio, tão prudente, tão clemente? Ela bem que poderia ao menos responder um “oi” diante da saudação angelical, já que se tratava de anjo e não de serpente, mas a prudência foi mais que absoluta. Ela poderia ter ficado descansando em casa, como Eva estava à sombra da árvore da vida, ao invés de sair correndo para ajudar a prima idosa – um gesto de insuperável humildade para alguém que acabou de ficar sabendo que é Rainha. Porque ela pediu para o Seu Filho antecipar a hora do próprio Bom Deus se os noivos das Bodas de Caná nem reclamaram com ela da falta de vinho? Com razão o Senhor indagou: “Mulher, porque te intrometes?”. Intrometeu-se porque é observadora silenciosa e há tanta clemência na Nova Mulher, que ela se antecipa à falta de vinho de que padecem nossas vidas e intercede antes mesmo de sabermos de nossas necessidades. Que exagero de Mãe o Bom Deus escolheu para Si e para nós!

Tal Pai, tal Filho, não diz o ditado? O Senhor Jesus patenteia muito dessas demasias tão divinas. Já conheci muita gente pobre, mas nunca um pobre que tenha nascido em um estábulo. Francamente, que pobreza exacerbada! E a adúltera? Na minha opinião, ela merecia, ao menos, uma bronca do tipo:  “olha, fulana, eu aliviei a tua, mas qual é, né? Cria vergonha nesta tua cara!”. Que Misericórdia transbordante aquele “Nem eu te condeno”! Que doçura aquele silêncio não inquisitório, mas revestidor – não quebra uma cana rachada, não apaga uma lâmpada que ainda fumega! Outra coisa: é tarefa difícil entender o Deus onipotente se encerrar em um Homem, submetido à matéria e ao tempo, mas me é impossível sequer intuir a beleza da atitude desse Deus encarnado que se torna amigo íntimo dos homens – lembro-me de João reclinado em Jesus na última ceia. E para que uma morte daquela? O Seu Amor já não seria inconteste apenas pelo fato de ter vivido conosco? O sacrifício de Alguém de natureza tão excelsa ter que se rebaixar tanto para viver com gente do nosso naipe já me parece suficiente para retificar todos os erros da humanidade inteira, mas o Bom Deus preferiu se submeter, Ele mesmo, à nossa morte – o mesmo Bom Deus que se comoveu diante da viúva de Naim! E que morte é essa, a da Cruz? Porque não escolher enforcamento? Envenenamento seria mais fácil, não? (Olha a elegância do Sócrates!) Que exagero de morte, que exagero de feridas, que exagero de dores, que exagero de humilhação…  Há tanta abundância nessas demonstrações que a eternidade não parece ser um “tempo” razoável para que os eleitos da Santa Igreja discriminem e assimilem tamanhas dádivas, de um Deus intangivelmente generoso, que dá muito além do que podemos pedir e imaginar.

A Luz desses exageros magnânimos é mais que suficiente para preencher cada fresta da História, pretérita e futura, e solucionar todos os desentendimentos, toda injustiça, todo desmando. Chove, sobre cada homem deste mundo, mais graças do que ele pode aproveitar. Mas como se não bastassem tantas riquezas e prodigalidades, o Bom Deus ainda insistiu em dar à criatura amada todos os meios de salvação, de elevação, de dignificação de modo que, diante da Justiça, ninguém possa comparecer e dizer: sou ruim porque não conheci a bondade na minha vida. De fato, ao dar As Chaves ao Sumo Pontífice Pedro e instituir Sua Igreja, o Senhor Deus, mais que a faculdade de reabrir as portas do paraíso fechadas a todos por Adão e Eva, entregou-se a Si mesmo: o Seu Corpo, a Sua Misericórdia, a Sua Justiça, os Seus Dons, a Sua Santidade, o Seu Sacerdócio, a fim de que os homens fossem, mais uma vez, uma só coisa nEle, como Ele o é no Pai. E é apenas disso que trata a imensa loucura do cristianismo: sermos transformados, pela Graça gratuita, no Cristo – e o próprio Deus por tabela!

Por isso, com muita razão, os santos dizem crer na Santa Igreja Católica Apostólica Romana, a Nova Jerusalém, a antecipação do Reino dos Céus! Mas dir-nos-iam os experts em história dos clichês: ó, católicos obtusos, vocês não enxergam os erros institucionais! Dir-nos-iam, igualmente, as ressentidas e sempre invejosas viuvonas do comunismo: ó católicos burgueses, vocês são viciados em ópio, incapazes de enfrentar a realidade (detestável auto-projeção). Dir-nos-iam, ainda, os ímpios que se modificam caoticamente como células cancerígenas: católicos idólatras, babilônia, adoradores da besta, vocês deveriam orar e conhecer o jesus-instant-delivery-boy, entregador de bens terrenos e mestre das sensações teofânicas. Mas mesmo os ataques desferidos contra a Santa Igreja Católica servem à pródiga Providência: estimulam o crescimento, aprofundam a consolidação dos Fiéis e, deste modo, apesar de serem detestáveis, as perseguições devem ser vistas não como mera circunstância passageira, mas como prerrogativa basilar do verdadeiro discípulo do único Senhor. Até mesmo os anjos caídos, embora não o queiram, se rendem instrumentos utilíssimos do Bom Deus e nos mostram com grande clareza que nosso único mérito é a Misericórdia Divina. Portanto, não há na alma católica a pretensão de ser imaculável. Nunca cremos que o fossemos (como a mídia, quando nos acusa, acha que ela mesma o é), mas nossos terríveis erros não nos espantam nem um pouco. Nossa liberdade é ferida pelo pecado e nosso único mérito é a Misericórdia!

Esse Mérito da Misericórdia, e só Ele, sustenta a proficuidade misteriosa dos Sacramentos. Desse mérito os doutores haurem o sumo dos dogmas, os luzeiros que iluminam os passos da Divina Esposa. Por esse Mérito se tornam válidos os sacrifícios dos mártires e inocentes e é nele onde a Igreja Militante bebe a saciedade. Pela força desse Mérito, os piores pecados simplesmente deixam de existir quando os réus se proclamam culpados diante do divino Tribunal da Igreja, o Confessionário.  É o fogo desse Mérito que dá vida aos santos e os orna dos dons que atraem nossa veneração. Só esse Mérito repara a verdadeira liberdade do homem e o acorda da anestesia mórbida causada pelo pecado.

Bem, e o que fazem estas minhas divagações no site de P. G. Frassati? Ora, ele me foi instrumento dessa Misericórdia tão larga! Foi por ele que passei a me incomodar com meu comodismo. Frassati foi, para mim, o rosto alegre e jovem dessa Igreja que acabo de mencionar, mas que antes eu julgava ser enfadonha e anacrônica. Ao contrário, ele me inspira a defender corajosamente essa Igreja, a despeito da minha pusilanimidade… Frassati me importunou com a Verdade certeira, com a Meta, com a Direção, apesar dos meus pobres relativismos e contemporizações – quem é amigo de Frassati sabe quão intransigente ele sabe ser. É esse amigo que me ensina a apreciar a verdadeira beleza da criação: ele via, com clareza, o reflexo do Criador nas criaturas e, não servindo a elas, se servia delas para chegar a Ele. Sinto aquele apaixonado “Montagne, montagne, montagne! Io vi amo!” dentro de mim.

Quem, ao conhecer Pier Giorgio Frassati, não se sentiria intimado a lutar até o fim pela verdadeira Vida? Quem permaneceria ileso ao entrar em contato com a vitalidade de sua caridade, de sua ternura, da sua estrondosa jocosidade? Parece-me impossível que alguém não se emocione ao ler determinados episódios da vida de Frassati: suas lutas, seus empenhos, suas renúncias, sua grandeza, sua morte. É claro que ele é uma “baita” inspiração! Para mim, entretanto, ele é muito mais que um exemplo: ele é amigo mesmo, pra valer, daqueles que estão presentes sempre que você precisa ou mesmo quando acha que a presença deles é impertinente. O Frassati esteve presente comigo nas melhores amizades que tive na vida, nos meus momentos mais divertidos… Ele estava lá, também, nas perdas… Está presente nos meus planos e, talvez, se não o tivesse conhecido, jamais saberia o verdadeiro significado da palavra “apostolado”. Nem sei contar quantos amigos ele me apresentou – e olha que ainda não fiz trinta anos…

Pier Giorgio me chama continuamente Para o Alto, mas, além disso, a sua presença amável evoca a intuição daquela Magnanimidade que tentei descrever puerilmente acima… Eu e ele vivemos em uma sociedade agnóstica, em tempos que, ser verdadeiro católico, é tarefa solitária. Como agradeço a esse Bom Deus por ter escolhido Frassati, este sinal exuberante de santidade, para me fazer descobrir o desejo doloroso que tenho do Céu! Que saudades tenho deste Patrimônio que nunca tive, mas irei possuir! Bendita seja, ó Comunhão dos Santos, ó Corpo Uno do Nosso Senhor! Que instrumento salvífico fantástico o de irmãos, o de amigos que se amam! Nem a morte nem o tempo podem destruir esse vínculo! As virtudes dos fortes indulgenciam o vício dos fracos! Mais uma vez, o Senhor nos dá mais do que podemos lhe pedir.

Ó, meu tão querido amigo do Céu, Pier Giorgio Frassati! Perdoe-me pelos excessos e se mudei mil vezes de estilo ao tentar escrever sobre você, mas trata-se apenas da tentativa pífia de responder a tanta Bondade! Como nosso Senhor é Bom! Como é Grande!!! Brado contigo e com Santa Catarina: Jesus Doce, Jesus Amor! Essa maravilha que eu sinto não é ainda o Céu? Não consigo imaginar, então, o que seja! Pier Giorgio, amigo daqueles que não tem amigos, obrigado pela força da tua vida! A vida que não é tua, mas dEle! É Ele mesmo quem vive em você agora e, por essa razão, você está tão vivo quanto estava nas excursões às montanhas! Meu querido amigo, ajuda-me a alcançar o arrependimento verdadeiro! Auxilia-me a subir esta montanha tão difícil e a lutar incansavelmente pela Verdade de Cristo! Meu virtuoso Amigo dos pobres! Atleta do Reino de Deus! Anima-se muito o fato de que, quando chegar ao Alto, estaremos juntos a contemplar, naquele ar puro da Glória a que fomos destinados, a Grandeza do Criador! Obrigado, meu amigo Pier Giorgio!

Bendito seja o Senhor nos seus anjos e nos seus santos!

*Psicologo e grande entusiasta de Pier Giorgio.

 

Canadá, “a castidade é um projeto de vida”.

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Sobre a relação consigo mesmo e com os outros, a nova carta pastoral dos bispos americanos aos jovens. Os exemplos de Frassati e Tetakwhitha.

Canadá. A castidade é um “projeto de vida” que pode se realizar nos diversos momentos da existência, quando se está sozinho, mas também no matrimonio, em uma atitude de profundo respeito a si mesmo e aos outros. Os bispos canadenses escreveram uma carta pastoral aos jovens intitulada como “Castidade”, onde afirmam que, “em uma cultura que busca a satisfação imediata, a castidade ensina a esperar”. Hoje, revela o texto, é vigente uma definição de vida que vê a castidade com “preconceito” e a pressão social ensina princípios da satisfação imediata e do “consumo do corpo”, que são “contrárias à dignidade da pessoa”. A “castidade é um desafio, mas não impossível”, se for acompanhada de oração e de direção espiritual. Também deve ser vivida no interior do matrimonio, numa atitude de respeito recíproco que os cônjuges devem ter para com as expectativas e as necessidades um do outro. O texto indica aos jovens “uma estrada viável”, propondo “não proibições, mas uma visão positiva de relacionamento consigo mesmo e com os outros”, sublinhou Michael Miller, arcebispo de Vancover, responsável pela Comissão que preparou a carta, aprovada e publicada dois dias após a Conferência Episcopal. “Estou seguro – acrescentou o Arcebispo – que os nossos jovens serão capazes de receber os conteúdos deste texto e fazerem-se porta-vozes entre eles e os de sua geração”. O texto da carta também é acompanhado de listas que apresentam alguns santos, exemplos de vida cristã, para torná-los mais conhecidos aos jovens. O primeiro da galeria é Santo Agostinho, acompanhado da beata de origem indiana Kateri Tetakwitha, que viveu no século XVII e dois italianos: o beato Pier Giorgio Frassati e santa Gianna Beretta Molla. Pela primeira vez foi colocada uma dedicação particular na apresentação, realizando também um vídeo explicativo, preparado do canal televisivo católico “Salt+Light” (sal+luz), com a proposta dos exemplos positivos de vida cristã. Fabrizio Mastrofini